quinta-feira, 29 de março de 2012

A Liderança Tem Lá Seus "Vazios". Será Mesmo?


Suponha que você seja um daqueles profissionais de TI bem conceituados, que vive se atualizando, que tem uma experiência considerável naquilo que faz e que vem conseguindo levar sua carreira com seriedade e sempre tentando, de maneira honesta, subir degraus de forma gradual e consistente até que... Você vira líder de uma equipe!

Tudo parece acontecer naturalmente, afinal você trabalhou duro e estava preparado para esta oportunidade. Você então faz milhares de planos e tenta ressuscitar em sua mente todos aqueles conhecimentos acadêmicos sobre gestão de pessoas, liderança, gestão de equipes, etc.

Logicamente, depois de certo tempo, você começa a perceber que a atividade de líder possui atributos diferentes daqueles aos quais você estava acostumado na época em que trabalhava com atividades meramente técnicas. Toda aquela conversa que você sempre ouvia sobre a responsabilidade maior e a cobrança que aumenta na mesma proporção, começa a fazer sentido. Aliás, você passa a ver que muitos daqueles clichês de liderança que você muitas vezes desdenhou agora não são mais apenas "conversa pra boi dormir". Você passa a ter outras preocupações e outras entregas para fazer, em níveis distintos daqueles de antes.

Em alguns momentos, você não sabe por que, mas sente-se meio sozinho. E essa sensação aumenta à medida que você não é mais executor direto de algumas das tarefas do projeto, mas agora é quem as coordena e as delega. Se você começou a trabalhar num cargo de liderança ou já trabalha em um, certamente essa sensação já passou por pela sua frente alguma ou algumas vezes. Mas, por que será que esse tipo de coisa acontece?

Eu acho que isso é devido ao fato de que, muitas vezes, os bons profissionais são extremamente apegados ao seu trabalho. Gostam muito daquilo que fazem. Têm paixão por aquilo que fazem. É como se cada projeto novo colocado em prática fosse uma espécie de “filho”. Talvez isso explique um pouco o "vazio" que um líder de equipe sente em determinados casos. Como agora ele não está tão intimamente ligado à execução das tarefas técnicas e/ou inerentes ao processo produtivo em si, tendo outras pessoas nessa função, há uma sensação de distância ou até de desconfiança em relação ao que precisa ser feito. Ele sabe que tem de delegar, mas sempre fica com o “pé atrás”, pois não tem aquela certeza absoluta de que estão fazendo as coisas tão bem quanto ele fazia. Que líder de equipe nunca sentiu isso, mesmo que momentaneamente?

Esse tipo de posicionamento pode parecer um tanto egoísta, mas acontece. O que o líder precisa ter em mente é que, a partir do momento em que lhe é incumbida uma liderança de equipe, outras atividades e responsabilidades irão preencher com sobras todos os vazios que ele sente em relação ao que fazia antes. Não raro, ele acabará ainda mais atarefado do que antes. Você, como líder, passa a ser verdadeiramente o representante de um grupo, ao qual recaem muitas expectativas. E faz parte da sua função lidar com elas. Pressão também existe, mas é inerente ao processo. Esta é, sem dúvida, uma mudança de paradigma que pode requerer uma adaptação grande, dependendo do seu perfil, mas que também vai proporcionar um amadurecimento profissional incrível.

Se você está hoje em uma posição de liderança, é porque certamente trabalhou e merece estar lá, ou pelo menos consideram você a pessoa certa para estar lá. Portanto, lembre-se de que você terá outras coisas a mostrar, irá aprender coisas novas, sentirá as diferenças em relação à cobrança, terá de administrar conflitos e verá, finalmente, que aqueles ensinamentos sobre liderança da época da faculdade não eram apenas conversa acadêmica. Eles realmente formarão a base de conhecimento necessária para administrar esse novo rumo da sua carreira. E você não vai querer mais voltar atrás, pode ter certeza.



* Adaptação do texto escrito em 15/01/2009



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