O Crescer e o CRESCER

Quer um aumento? Mude de emprego. Essa é uma expressão que tenho visto ser utilizada de forma frequente por alguns consultores de gestão de pessoas.

Internacional

Minha geração é a mais Colorada de todas. E sempre será!

É Hora de Abandonar o "Complexo de Vira-Lata" e Arregaçar as Mangas

Certos acontecimentos são cíclicos. Não importa a época, de tempos em tempos eles se repetem. Mudam um pouquinho aqui ou ali, mas preservam a mesma essência...

A Legião Urbana Vence Tudo. Até o Tempo.

A eternidade é o prêmio concedido àqueles que realizam feitos notáveis, únicos ou não, mas que são capazes de perdurar a ponto de serem lembrados por diversas gerações subsequentes...

"Cer" ou "Não Cer"

- Como esse pessoal da TI gosta de falar em certificações - disse um amigo que é consultor de RH. Tem lógica..

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Os Nerds não Saem Mais de Férias. Eles Agora Aprendem Gestão!

O Johnny era um nerd daqueles de carteirinha. Embora fosse um cara muito bom para se bater um papo sobre qualquer coisa, ele acabava sempre falando de computador, Linux, Redes, etc. Sabe como é, né? O cara respirava a tal da informática, a ponto de ter engordado uns 15 quilos depois de ter mudado o plano de banda-larga que tinha em casa, entende?

Pois bem. Certo dia, a empresa resolveu, numa daquelas febres de final de ano, que iria mudar completamente sua estrutura de TI. Toda a área de desenvolvimento de sistemas iria mudar radicalmente. A empresa precisava se reorganizar de alguma forma, pois estava crescendo e sua estrutura física de média empresa já não comportava mais o seu tamanho em termos de trabalho e produção.

Eis que o gerente de TI chega pro coitado do
Johnny, que era, até então, um "simples programador", e fala: - Cara, com essa nova estrutura, tu vais ser gerente da área de sistemas de Automação Comercial. O Johnny fez uma cara de apavorado e disse, com voz de menosprezo a ele mesmo: - Mas não é o meu perfil, eu nunca gerenciei nada antes! - Ah, pois é, mas agora tu tens uma nova oportunidade, disse, com aquela cara e sorriso daqueles vendedores que aparecem na TV, o gerente de TI.

Um tempo depois o
Johnny descobriu que tinha habilidades que nem ele sabia. Ele conseguiu ser um bom gerente de área, mesmo não tendo formação administrativa. Se não me engano, até hoje ele está nessa empresa como gerente e não escreve mais uma linha de código sequer.

Com as novas dinâmicas de trabalho nas empresas, os nerds que possuíam formação meramente técnica começam a ter de abraçar gerências de áreas ou de projetos. Isso, muitas vezes, para quem não tem preparo, pode ser desastroso. Nem todos têm o jogo de cintura que o
Johnny tinha e, muitas vezes, não dão certo no novo posto. Mas o que dá pra notar é que, cada vez mais, o pessoal técnico está se vendo diante de um dilema: Quem diria que um dia teriam de estudar administração? Pois é, os tempos mudam.

Tenho notado que muitos gerentes nerds estão entrando em MBA's de gestão empresarial, gestão de TI, gestão disso, gestão daquilo. Em SP, por exemplo, você encontra MBA's cujos preços variam de R$ 10 mil a R$ 60 mil. Tem pra todos os gostos e para todos os bolsos. É lógico que essa variação de preços tem lá suas justificativas, afinal, alguns cursos oferecem até mesmo módulos de estudo no exterior incluídos no pacote. Tem também a questão de estudar em escolas renomadas, de status, etc. Algumas empresas pagam os cursos mais caros para seus executivos, porque acham importante a qualificação, ou para manterem esses caras motivados e sem pensar em trocar de emprego, afinal, são um capital intelectual estratégico para a empresa. Tem muito engenheiro, analista de sistemas e outros mais procurando preencher uma lacuna de habilidades que lhes faltam. Falando francamente, muitos deles estão procurando, na verdade, conhecimento em uma área que achavam superficial e sem tanta importância, comparada às habilidades técnicas.

Particularmente, sempre achei que faltava administração na informática. Eu presenciei muita burrada sendo feita e muita decisão sendo tomada por falta de conhecimento ou mesmo por falta de vivência administrativa. Por mais embasamento técnico que um sujeito tenha, ser um gestor requer o desenvolvimento de várias outras habilidades que eles nunca iriam conseguir em um tutorial na internet. E o mais interessante é que, com todo esse conhecimento técnico, eles têm um grande potencial para tornarem-se bons gestores. Os bem preparados, inclusive, tomam lugares dos bacharéis em administração em muitas empresas.

Lógico que, para tanto, precisam vencer uma série de barreiras. Uma delas é deixarem de ser "bichos-do-mato", precisam parar de serem nerds introvertidos e se relacionarem mais e melhor com as pessoas. Afinal, uma das gestões a que precisarão ter ciência é a gestão de pessoas, que hoje em dia deixou de ser tarefa exclusiva do RH nas empresas e passou a ser incumbência de cada gerente, líder, gestor ou coisa que o valha.

De experiência própria, eu digo que vale muito a pena. Eu continuo sendo um nerd (tá bom, pseudo-nerd), mas hoje em dia sou bem menos. Quem não é nerd e conversa comigo quase nem nota que sou um. Aprendi, de certo modo, a ter habilidade de conversar com vários tipos de pessoas diferentes. Isso vem com o tempo. Mas o ato de deixar de ver o próprio umbigo e passar a olhar as coisas de forma sistêmica me ajudou muito a entender melhor o mundo. E aqui, a ciência da administração, tão criticada por muitos técnicos, ajuda pra caramba. Mais que isso, ela (quem diria) está se tornando a grande salvação para as carreiras desse pessoal que achou que ia ficar "escovando bit" para o resto da vida e que agora se vê liderando uma equipe. O
Johnny que o diga...



* Adaptação do texto publicado em 19/11/2007


segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

D'Alessandro Fica. O Futebol Agradece.

A situação é a seguinte: você trabalha em um lugar. Gosta desse lugar. Ali você realizou suas maiores conquistas profissionais. E este lugar ainda lhe oferece ótimas condições de trabalho, um salário bem acima da média e muitas possibilidades de crescimento e conquistas futuras. Mais importante: você foi uma peça chave nas últimas conquistas e as pessoas gostam de você. Até os concorrentes te admiram.
Mas aí surge uma proposta irrecusável de uma multinacional chinesa, que oferece o dobro do que você ganha. Você naturalmente fica balançado. Vê ali uma oportunidade de garantir financeiramente o seu futuro e o da sua família. Não que isso já não seja possível hoje, mas ver a possibilidade de dobrar um salário que já é altíssimo certamente põe qualquer um a pensar.
Parecia inevitável a sua saída. Os concorrentes também estavam angustiados. Afinal, por muitas vezes você teve ajudou a obter êxitos sobre eles. Tornou-se um verdadeiro algoz, um carrasco. Não seria de se admirar estes concorrentes respirarem aliviados e até darem pulos de alegria com a sua saída. Afinal, não aguentavam mais perder pra você.
Mas eis que, surpreendentemente, você resolve ficar. Óbvio, pede uma compensação salarial para tanto, mas que ainda não chega aos valores oferecidos pelos chineses. Mas fica.
Por quê?
O episódio recente da possível ida de Andrés D'Alessandro do Internacional para o futebol chinês teve grande repercussão no futebol gaúcho e, por que não dizer, no futebol brasileiro. Sua saída era dada como certa, os 40% azul do RS estavam felizes com  o seu adeus. Mas ele disse ao povo Colorado que fica.  Fazendo isso, ele não somente deixa feliz uma nação inteira, mas faz um grande bem ao futebol.
Digo isso porque não há hoje, no RS, um jogador que jogue como ele. E, na sua função, talvez não haja nem no Brasil. Uns vão dizer que isso é exagero, etc. Mas eu me arrisco a manter minha posição, baseado não apenas na visível qualidade técnica de D'Ale, mas também por tudo o que ele já conquistou aqui. Desde 2008, quando desembarcou no Beira-Rio, D'Alessandro ganhou uma Copa Sul-Americana, uma Libertadores, uma Copa Suruga, uma Recopa e dois Campeonatos Gaúchos. Isso sem falar em outras campanhas boas, que terminaram com o segundo ou terceiro lugar. Aí eu pergunto: tem algum jogador na sua posição em atividade no Brasil hoje que, ao mesmo tempo, seja querido pela torcida e identificado com o clube, esteja jogando em alto nível e que tenha tantas conquistas? Por essas e outras, eu digo que não há.
D'Alessandro criou raízes profundas no Beira-Rio. Virou ídolo da torcida. E isso não é algo que acontece todos os dias. Alguém lembra qual o último ídolo que veio lá dos lados do coirmão da Azenha/Humaitá? Faz tempo que não aparece um. É bem verdade que o bom momento do clube e os títulos ajudam a formarem novos ídolos. Mas isso é natural. Se do outro lado nada aparece, nem títulos nem ídolos, não é problema dos Colorados. O fato é que tivemos vários ídolos nos últimos anos, muito por causa dos títulos, é verdade. Mas D’Alessandro é um dos maiores desses ídolos recentes porque, além de vencedor, joga muita bola. É o maestro do time. Tem momentos ruins, mas sempre está lá nas decisões, seja pra pressionar o juiz, seja pra fazer um gol em grenal, ou para dar um passe milimétrico que termine em  gol.
A decisão de ficar no Inter passa muito por isso. Aqui ele ganhou tudo o que nunca havia ganhado em qualquer outro clube. Aqui ele está há mais tempo do que já ficou em qualquer outro clube. Aqui ele é decisivo e importante como jamais foi em qualquer outro clube. Estar perto da Argentina, sua terra natal, certamente contribui. Mas ser ídolo é mais importante do que apenas o retorno financeiro. Mesmo que não vá ganhar o mesmo que na China, não dá pra dizer que ele já não tenha a vida ganha, financeiramente. É um absurdo o que se paga para um jogador de futebol, mas, no caso de D'Ale, ao menos o aumento está sendo feito para alguém que já deu e ainda pode dar retorno ao clube. Ou será que os títulos acima mencionados não valem o esforço? Mesmo que ele não ganhe mais nenhum, já terá dado ao clube muito mais do que o investido nele.
Essa é a diferença. Muitos tricolores reclamam que a imprensa falava mal em pagar tanto para as novas contratações azuis e pouco sobre o aumento que D’Alessandro receberá. Mas nem teria por que falar. Simplesmente não dá pra comparar. Uma coisa é pagar “X” para quem já deu tantas glórias ao clube e ainda tem potencial para dar mais. Outra é pagar esse mesmo “X” para quem ainda é uma aposta, que poder dar certo, mas que também pode fracassar. D'Alessandro deu muito certo!
Não é só a identificação com o clube, o folclore do "La Boba", as jogadas decisivas, a raça em campo. A questão é que os Colorados olham para D'ale e veem ali outro Colorado, seja em momentos bons, seja em ruins. Esse talvez seja o maior motivo do clamor pela sua permanência. Sabem que ele ainda irá decidir muitos grenais, disputar muitos títulos e talvez ganhar alguns.
É também importante sua permanência para que tenhamos uma redução na exportação de bons jogadores para os grandes centros de maior poderio financeiro. Ganham o clube, a torcida e o futebol em si. Sonho um dia ainda ver os clubes brasileiros serem tão grandes quanto os Europeus, que o Brasil seja o lugar onde todo mundo quer jogar. Já fomos referência, hoje estamos muito atrás. Recuperar isso é fundamental e podemos começar mantendo os bons jogadores em nossos clubes, mesmo os estrangeiros, como D'Alessandro.
Tenho para mim que, mais que simplesmente dinheiro, ser ídolo é para sempre. Perguntem a Larry, Falcão, Valdomiro, Figueroa, Fernandão e Cia. o que eles sentem até hoje em serem lembrados por seus feitos e como eles ainda são ovacionados pelos torcedores nas ruas. Se os citei aqui, é justamente porque seus nomes tem peso na história do Internacional, oras. E perguntem se eles acham que isso tem preço, que dinheiro algum no mundo é capaz de comprar esse tipo de coisa. Amigos gremistas, perguntem o mesmo a seus ídolos do passado. É nisso que D'Alessandro provavelmente pensou e colocou do lado Colorado da balança, juntamente com tantos outros fatores, claro.
Afinal, vale mais encher os bolsos, ir para a China e ser esquecido, ou encher um pouco menos os bolsos, ficar onde terás outras tantas oportunidades e consolidar seu nome na história? Andrés D’Alessandro, com certeza, será lembrado daqui a muitos anos, como foram seus antecessores, igualmente ídolos, hoje lembrados com carinho pela torcida do futebol bem jogado, não somente a do Internacional.
Obrigado por ficar, D'Ale. O futebol agradece!



sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Dica de Leitura: Livro "Meus Anos com a General Motors"


Bill Gates disse uma vez que se você quiser ler um livro sobre negócios, o livro é este aqui. Quase que todas as teorias que se estuda nos bancos das universidades a respeito de gerenciamento e administração são relatadas neste livro de forma prática, vividas mesmo. Basicamente, é a autobiografia de Alfred Sloan, que comandou a General Motors no período pós-fordismo e transformou a montadora na maior de todo o mundo (hoje briga com a Toyota ano a ano por esse posto).

Podemos tirar dali ótimas lições, especialmente a respeito de marketing e de processos produtivos, os grandes fatores que contribuíram para que a GM batesse o então imbatível sucesso da Ford e seu Modelo T. A sensibilidade de Sloan fez com que a empresa percebesse que apenas o baixo preço e um produto padronizado já não eram suficientes para o mercado, que queria inovação e produtos diferenciados. A GM apostou nisso e o velho Henry Ford, resistente excessivamente a mudanças, acabou ficando para trás. Basta observarmos que,
em dez anos (1927 a 1937), a GM lucrou cerca de de US$ 2 bilhões de dólares e a Ford teve prejuízo de US$ 100 milhões. 

Os primeiros capítulos são um pouco massantes e a leitura é um pouco pesada, pois conta toda a história de como Sloan começou sua carreira até parar na presidência da GM. Mas eles são necessários para embasar a história dali para a frente e nos fazer entender o estilo de Sloan, e muitas das atitudes dele à frente da empresa. A partir desse ponto, a leitura se torna extremamente útil, uma verdadeira lição, pois trata-se contar como o autor "profissionalizou" o papel do gerente e como um modelo novo de gestão tornou-se extremamente vencedor.


Dados do Livro:
Título: Meus Anos com a General Motors
Autor: Alfred P. Sloan Jr.
Editora: Negócio
Páginas: 408



Vou tentar publicar uma dica de leitura aqui no blog a cada sexta-feira. Tentarei seguir como base alguns livros que li e que acho úteis e/ou divertidos. Essa é a primeira delas. Escolhi começar por este livro por ser um dos meus favoritos sobre o tema. Espero que gostem.


quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Ser ou Parecer Inovador? Eis a SUA Questão!

Pra nós, que trabalhamos na área de TI, ouvir falar em inovação é algo quase que corriqueiro. Não tem um dia que não se houve um gerente ou líder de equipe falar em inovação ou em ser inovador. É inovação pra cá, inovação pra lá... Essa gente que mexe com computador é meio obcecada por isso, não é verdade? Talvez até seja. 

Porém, dá pra contar nos dedos aqueles que realmente entendem o que é inovação. Provavelmente a maior parte das pessoas confunde inovação com invenção. O problema, na verdade, é que muita gente "materializa" a inovação em forma de um produto, quando, na verdade, ela pode vir na forma de um processo melhor, na forma de um novo modelo de gestão, de um novo conceito de logística, etc. Enfim, há várias ramificações por onde a inovação pode caminhar.

O que parece não estar claro para muitos gerentes de TI é que a inovação diferencia-se da invenção por um motivo bem peculiar às empresas: geração de resultado. Isso mesmo. É pra isso que uma empresa existe, não é? O que caracteriza uma inovação é justamente a sua capacidade de transformar-se em resultado, ou, em outras palavras, dinheiro. 

Aquele seu vizinho maluco que vive inventando coisas diferentes não é, necessariamente, um inovador. Ele o será se conseguir ganhar dinheiro com esses inventos. E ganhar dinheiro não significa simplesmente vender o invento. Nesse caso, ele seria apenas um inventor com skill de vendas!

As empresas inovadoras assim o são justamente pela sua capacidade de transformar ideias em geração de resultado. Quem não conhece os famosos casos a respeito da 3M, da Google, Apple, entre outras, de criações que viraram verdadeiras minas de ouro? Essas empresas produziram ideias que não só venderam, mas que criaram um mercado novo a partir delas, ditaram a forma de como todo o resto do mercado deveria se comportar. Algumas até influenciaram culturalmente gerações, mudando sua forma de trabalhar, de se comunicar e até mesmo de se relacionar. Isso é inovação.

Agora, vamos ao ponto. Será que você trabalha em uma empresa inovadora? O quão satisfeito profissionalmente você é por isso? Há diferenças em se trabalhar numa empresa dessas em relação às outras? As respostas para essas questões dependem da percepção de cada um de nós. Excluindo-se aquelas velhas histórias de empresas onde os funcionários jogam futebol durante o expediente, trabalham de bermuda com estampas coloridas todos os dias, têm dias da semana só para ficar em casa tendo ideias e fazem viagens a lugares bonitos com tudo pago apenas para buscarem inspiração, nem sempre as coisas são tão bonitas assim, principalmente no mercado de TI "real". Existem alguns casos como esses, claro, mas, normalmente as empresas da área não são tão "boazinhas" assim, pois trabalham sob uma perspectiva de estrutura enxuta e funcional. E não há nada de errado nisso.

Vamos analisar os casos fictícios (mas nem tanto) do Bruce e do Billy. Eles trabalham em duas grandes empresas multinacionais. A empresa onde o Bruce trabalha é uma gigante na produção de televisores de alta definição. São milhares e milhares deles por dia, sendo produzidos em fábricas de diversas partes do mundo. Na verdade, a empresa em si não fabrica nenhum componente das TVs. Ela apenas compra as partes de outros fornecedores e monta diferentes modelos para vender. O famoso OEM. A empresa tem um processo de produção, distribuição e logística que é considerado modelo e, portanto, inovador. Mas, para que tudo isso funcione, é preciso uma forte estrutura de TI. O Bruce trabalha nessa área. Ele é analista de sistemas e recebe um salário muito acima da média do mercado. Ele vive brigando com os gerentes, que parecem estar no século passado, com conceitos absurdos e com uma visão de processos completamente ultrapassada. Ele, que não é nenhum especialista em mercado, mas sabe como ninguém sobre o funcionamento da sua área, consegue ver os absurdos que são solicitados nos sistemas pelos gerentes de negócios e que ele, sem muita influência política, tem de encaminhar para o desenvolvimento. A empresa tem uma estrutura enorme, porém inchada, muito porque há bastante gente gerenciando e pouca gente fazendo. Em outras palavras, muito cacique para pouco índio. Além disso, ele enxerga que as cobranças, especialmente por prazos, parecem não ser tão fortes, pois sempre tem muito dinheiro para os projetos e, se algum problema ocorre, aparentemente é algo simples de se contornar, ao menos financeiramente. Isso tudo o frustra de certa forma, pois sabe que muito mais poderia ser feito com os recursos financeiros de que a empresa dispõe.

Já o Billy trabalha, também como analista de sistemas, em uma empresa concorrente da empresa em que o Bruce atua. A diferença é que essa empresa desenvolve e fabrica seus principais televisores, terceirizando uma ou outra produção de menor escala. Esse tipo de escolha de atuação de mercado faz com que a essa empresa tenha a obrigação de possuir uma área de Pesquisa e Desenvolvimento, aquela mesma área que a gente tende a achar que é a "salvação da pátria" das empresas, a responsável por gerar as ideias geniais, que se transformam nos produtos que o Michael Porter chama de "Estrelas", que já nascem dando altos lucros. Da área de P&D já saíram muitos produtos que se tornaram sucesso de vendas. Nessa empresa, inovar é algo que está intrínseco na cultura organizacional, todo mundo é estimulado a ter ideias. Billy convive com pessoas de pensamento muito mais aberto, visões mais modernas de mercado e que parecem respirar inovação. Seu salário não é tão alto quanto o de Bruce, mas é considerado compatível com o mercado. Mesmo com uma grande market share, a empresa cobra muito os seus colaboradores, que têm metas de desempenho claras a serem cumpridas. Monotonia é algo que não se vê nessa empresa e as metas atingidas são recompensadas com prêmios que estão de acordo com o que foi conseguido.

Temos aqui dois exemplos diferentes de inovação, No primeiro, a inovação está nos processos de produção e logística, e aparentemente não se reflete no restante da empresa, que parece comportar-se como a maioria das autarquias em termos de atitude. No segundo caso, a inovação está nos produtos, em como fazer TVs melhores. E essa cultura é passada para as outras áreas. 

A moral da história é simples: dependendo do seu perfil, um ou outro trabalho pode ser o mais adequado pra você. Pessoas que gostam de ter ideias e sempre estão buscando o novo poderiam incomodar-se, caso estivessem no lugar do Bruce. Do mesmo modo, pessoas extremamente racionais e binárias provavelmente não se encaixariam no emprego do Billy

Mas acreditem, parecer inovador e ser inovador são duas coisas bem diferentes. E trabalhar em um lugar realmente inovador também é bem diferente do que trabalhar em um lugar onde existe a "inovação de fachada". Podemos optar em ganhar mais e estamos sujeitos a coisas com as quais não concordamos, ou ganhar um pouco menos e trabalhar com mais estímulo e qualidade de vida. Pense nisso quando estiver fazendo sua próxima entrevista de trabalho. Você gostaria de ser o Bruce ou o Billy?


* Adaptação do texto publicado originalmente em 21/11/2007

 

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

A Minha Geração é a Mais Colorada de Todas. E Sempre Será.

Nasci em 1979. Entrei na pré-escola em 1985. Formei-me na faculdade de Administração em 2005.

Se você, caro leitor, é um Colorado de verdade e pertence à minha geração, o parágrafo acima é autoexplicativo. Por si só ele já justifica o título deste post.  Se você preferir, nem precisa continuar lendo, uma vez que nada do que vier na sequência lhe representa algo que já não seja sabido.

Mas, no caso de você ou não ser Colorado, ou nem gaúcho, ou nem gostar de futebol, tenho certeza de que, ao final deste artigo, entenderá o que quero dizer.  O mesmo pode ser dito aos Colorados de gerações anteriores ou posteriores à minha. Para estes, o texto que, devido ao título, pode inicialmente parecer ter ares pretenciosos ou até mesmo de arrogância, ficará claro e plenamente compreensível ao seu final. Não se trata de uma afronta, mas de licença poética.

Antes de tudo, é bom esclarecer que sou um cara que gosta muito de futebol. Não acompanho apenas jogos do Inter, vejo praticamente tudo o que passa na TV a respeito. Quanto ao meu time do coração, me considero exatamente isso: um Colorado de coração, mas sem ser fanático ao extremo.  Sempre torço até um limite que eu considere saudável, afinal, a vida tem outras coisas a serem priorizadas. Sou sócio em dia, só compro produtos licenciados, compro o uniforme oficial todo ano, vou ao estádio de vez em quando e tenho as minhas “mandingas” e superstições, como todo torcedor. Jamais briguei por causa de futebol. Guardo as frustrações para mim e sempre respeito os outros. Até acho que sou comedido demais em flautear os adversários (em especial, o coirmão tricolor) justamente por ter amigos gremistas que prezo muito mais do que a rivalidade, esta muitas vezes desvirtuada por pessoas (ou seriam bárbaros?) que não conseguem desassociar a palavra “adversário” da palavra “inimigo”.

Dito isso, vamos analisar a argumentação em favor da minha geração.

Meu pai é Colorado. Veio do interior de Santo Antônio da Patrulha (parte onde hoje é o município de Caraá) e chegou a Porto Alegre em 1972. Viveu todo aquele período de conquistas do Inter da década de 1970, com seus grandes times. Esteve no Beira-Rio nas finais daqueles campeonatos. Viu de perto jogadores como Falcão, Manga, Carpegiani, Valdomiro e Cia passearem soberanos pelos gramados daquela época.  Eu nasci em 1979, ano do tri nacional, conquistado de forma invicta, feito até hoje inigualado no campeonato brasileiro. Fato de tamanha relevância que acabou por criar uma das expressões pela qual nós gaúchos somos conhecidos mundo afora: o “tri legal”. Não é todo dia que se vê um título passar a fazer parte de toda uma cultura, mesmo que involuntariamente.

Não lembro de quando nem por que me tornei Colorado. Quando vi, já tinha escolhido torcer pelo Inter.  Talvez por ver meu pai torcendo. Mas, parafraseando um dos filmes-documentários do Inter, acho que é por causa do vermelho. Como é bonito o vermelho!

Ter nascido num ano tão especial certamente seria o prenúncio de que mais feitos relevantes viriam em seguida. Mas não foi bem assim que aconteceu. E o que aconteceu não poderia ter sido pior. Pensem numa criança de 4 anos, recém começando a entender como funcionam as coisas da vida,  iniciando sua “formação futebolística”, amparada por campeonatos nacionais jamais sonhados pelos rivais até então. De repente, ela vê esses rivais ganharem o Brasil, a América e, segundo eles, o Mundo, tudo em poucos meses.  Sem nem sequer saber direito o que é torcer, ela já tem que se esforçar para aguentar as piadas dos tios gremistas (e não eram poucos) e encontrar alguma razão para não torcer pelo tal “Campeão do Mundo”. O que essa criança podia fazer era esperar para que o seu time fizesse o mesmo.  Será que faria?

Veio 1985 e, juntamente com a vida escolar que se iniciava, eu descobria aquela que seria a pior de todas as mazelas em termos de flautas: a que vinha dos colegas de aula. Era a pior porque nunca vinha de apenas uma pessoa. E, muitas vezes, vinha de várias ao mesmo tempo. Era quase insuportável. E ficou ainda mais angustiante. Em 1995 ainda viria outra conquista da América pelo rival, sem falar de outro brasileiro em 1996 e das Copas do Brasil nos anos que se seguiram.

Terminei o segundo grau (hoje ensino médio) técnico em 1997. Dá pra imaginar o que é passar 13 anos da sua vida até então, 13 anos inteiros tendo de conviver sempre com as mesmas flautas e sempre tentando se justificar tendo apenas alguns grenais e uma Copa do Brasil como paliativo, em doses homeopáticas, para comemorar perante os amigos torcedores do rival? Talvez para um adulto, com maturidade suficiente, isso nem seria assim tão complicado, embora não menos doloroso. Mas passar toda a infância e adolescência convivendo com isso era dose. Quase um castigo. Era de chorar em certas ocasiões. Perdi as contas das vezes em que ouvi chamarem meu Inter de “Inter-Regional” ou de entrar em estabelecimentos comerciais que tinham aquela famigerada plaquinha escrito “Fiado só quando o Inter for campeão do mundo”.

Era demais para aguentar. Não tinha como você tentar comparar a grandeza do seu clube apenas baseado no tamanho e amor da torcida perante todas as conquistas internacionais do tradicional adversário, mesmo tendo ciência absoluta e nunca duvidando da tal grandeza. A soberba tomou conta dos tricolores dessa época. Ficaram ainda mais insuportáveis em suas flautas. E com razão, pois nós, Colorados, haja vista o que nossas direções apresentavam em termos de times e gestões, não conseguíamos vislumbrar o dia em que chegaríamos a tais conquistas. Na década de 1970, os gremistas mal sonhavam em ganhar dos times paulistas e cariocas e nós Colorados já éramos campeões brasileiros. Mas o sofrimento dos Colorados das décadas de 80 e 90 era pior, pois as conquistas do arquirrival davam-se em âmbito internacional.

O bom disso tudo era que, mesmo vivendo in loco a época mais difícil para um torcedor do Inter em toda a história, eu jamais, em momento algum, sequer titubeei ou pensei em desistir de ser Colorado. Ao contrário, parecia que a cada título do coirmão eu via aumentar a minha convicção. Eu sabia, tinha certeza de que um dia as coisas iriam mudar. Mas ainda levaria um tempo...

Entrei na faculdade em 1998. Aí eu já era adulto, mas mesmo assim, continuava na mesma situação. E, na faculdade, as flautas vinham mais sofisticadas, em nível universitário, se é que me entende. A era da internet estava recém começando, então a informação era disseminada mais facilmente.  Minha formatura foi em 2005. Isso mesmo, caro leitor. Não bastasse passar os 9 anos do primeiro grau (hoje ensino fundamental) vendo os colegas e amigos gremistas me flautearem dizendo que eram campeões da América e do Mundo (enquanto nós conseguíamos apenas uma Copa do Brasil), não bastasse passar mais 4 anos do segundo grau vendo eles serem campeões brasileiros, da Copa d Brasil e da América mais uma vez, ainda passei mais 7 anos da faculdade ouvindo as mesmas flautas e ainda vendo eles ganharem mais uma Copa do Brasil, em 2001. Resumindo, passei todos os meus 20 anos escolares sem poder comemorar um título relevante e sem poder flautear meus colegas, a não ser por dois rebaixamentos à segunda divisão. E esse tempo não tem mais volta, não terei essa oportunidade novamente.

O ponto chave aqui é: Qualquer outra geração de Colorados anterior à minha não teve de passar por isso.  E as posteriores jamais passarão.

Toda aquela minha “Coloradice” começaria a regozijar-se a partir de 2002. Mesmo sendo um ano difícil, onde o Inter escapara pela segunda vez de um rebaixamento na última rodada do campeonato, este ano marcou o início de uma revolução no clube. Revolução essa que, de lá para cá, fez com que o Inter tenha conquistado uma quantidade de títulos em tão pouco tempo raramente vista no futebol brasileiro. Enquanto os 40% azul do RS levaram 12 anos para ganharem duas Libertadores e um Mundial, o Inter o fez em incríveis 4 anos. E, em 5, já havia acumulado mais duas Recopas, 1 Sulamericana, vários títulos gaúchos e de outros torneios internacionais, ultrapassando o arquirrival neste quesito. Aquilo que era sonho de repente passou a ser realidade. O Inter conseguiu, de 2002 até hoje, janeiro de 2012, ganhar pelo menos um título todo ano. E, desde 2006, pelo menos um título internacional por ano.

Não sei se esse ritmo irá manter-se. É muito difícil. Mas tomara que sim. Também não acredito que o coirmão irá amargar tanto tempo mais sem ganhar nada. Mas tomara que sim. Se bem que 10 anos são nada perto do que nós Colorados passamos. Eles nem têm direito de reclamar. Óbvio que uma criança gremista que hoje tem 10 ou 11 anos não viu seu time ganhar nada de importante, mas tem ao menos o respaldo do que aconteceu no passado. Eu não tinha. Os Colorados das novas gerações terão.

Mas também uma coisa é certa: essa época de vacas magras não mais se repetirá para os lados do Beira-Rio. Primeiro porque agora a conversa é outra. Somos Campeões de Tudo! O único clube do Brasil que detém todos os títulos vigentes possíveis. Segundo porque, com o atual nível de gestão atingido, dificilmente entraremos em uma competição sem termos condições de ganhá-la. O Inter é hoje um clube reconhecido mundialmente, seja pelas conquistas, seja pela referência em gestão. Estamos definitivamente em  um outro patamar. Um que finalmente justifica o nome do clube. Percalços ocorrerão, o que é natural, mas nunca mais seremos os mesmos. Nunca mais Colorado nenhum sofrerá da chaga de não ser campeão do mundo!

Não estou aqui querendo comparar os dois clubes. Trata-se de comparar o Inter com ele mesmo. As menções ao tradicional adversário dão-se porque é preciso, para fins de relatar a história toda e porque a existência e sucesso dos dois estão diretamente interligados, por isso são chamados por muitos de coirmãos.

Quando me refiro à minha geração como sendo a mais Colorada de todas, não pretendo desrespeitar as que passaram ou as que se seguirão. Essa afirmação vem justamente de todas as dificuldades pelas quais ela passou, coisa que nenhuma geração teve de passar. Era preciso ser muito perseverante e corajoso para ser Colorado naquela época e ter orgulho disso. Hoje é muito mais fácil. E continuará sendo mais fácil daqui para adiante, não importa o que aconteça, pois já chegamos lá. Hoje uma criança Colorada pode bater no peito e dizer aos amigos e colegas que seu time já ganhou tudo.

A emoção de poder presenciar tanto aquela época quanto esta que agora passamos também é algo único, um verdadeiro divisor de águas. E isso é que faz a coisa toda ter um sabor ainda mais especial.  Não sei em que época você pode estar lendo esse artigo. Muita coisa pode ter acontecido desde que ele foi escrito, em janeiro de 2012: conquistas, derrotas, ou o que quer que seja. Mas uma coisa é certa: O Inter mudou muito desde a minha época. E para melhor. E assim permanecerá.

Digo que tudo começou a mudar daquele dia 17 de Dezembro de 2006, cuja sensação foi brilhantemente relatada pelo grande Colorado Luis Fernando Veríssimo no vídeo intitulado “Não me Acorde”, narrado por Adroaldo Guerra Filho, outro ilustre Colorado. É um relato que jamais sairá da minha memória. É um daqueles momentos únicos!


Desnecessário mencionar todos os protagonistas daquela conquista, seja o "Capitão Planeta" Fernandão, seja o "Gigante" Iarley ou o predestinado e contestado Adriano Gabiru. Uma vitória maiúscula sobre um supertime de futebol, que possuía o melhor jogador do mundo, que, às vésperas da partida final havia aplicado um estrondoso show de bola sobre um adversário mexicano. Poucas vezes se viu tamanho chocolate. Mas o Inter foi lá e provou que a história não está reservada apenas aos que podem, mas aos que, acima de tudo, querem. O resultado, todos nós sabemos. Não é preciso repetir aqui, a história já se encarregará disso por muitos e muitos anos.

O bom de tudo isso é que pude comemorar todas essas conquistas com meu pai! Eu que, naquele mesmo ano de 2006, depois de perder o Gauchão, reclamava para ele, louco de bravo, dizendo que eu achava que iria morrer sem ver meu time ganhar um título de relevância mundial. Logo naquele ano, que marcaria uma virada histórica poucas vezes vista. E meu pai lá, me dizendo que um dia chegaria a nossa vez.  E chegou!  Eu sempre tive para mim que um filho tem a obrigação de torcer pelo mesmo time que o pai. Hoje isso faz mais sentido do que nunca. Como foi bom esperar! Valeu cada ano, cada derrota, cada angústia. Espero que ainda possamos comemorar muitos outros títulos juntos.

Da esquerda para a direita: Ribas, Desconhecido, Bianquine, Santino (meu pai) e Eu - 17/12/2006

 Se você leu até aqui e, ou não é Colorado, ou nem gaúcho, ou nem gosta de futebol, espero que tenha compreendido o porquê do título do post. Provavelmente ele ficou mais claro agora, não é? Obrigado por acompanhar o texto até aqui.

Se você, mesmo tendo entendido o primeiro parágrafo e não tendo a necessidade de ler o resto, o fez, parabéns! Você o fez porque se interessou, porque se identificou, porque sente o mesmo que eu. Você o fez porque certamente é COLORADO!


Saudações Coloradas!


terça-feira, 24 de janeiro de 2012

"Cer" Ou "Não Cer"

- Como esse pessoal da TI gosta de falar em certificações - disse um amigo que é consultor de RH. Tem lógica: as empresas para as quais ele presta serviço pedem sempre que o candidato a uma vaga tenha o máximo de certificações possíveis. É como se isso fosse um atestado unilateral de competência e conhecimento. Interessante, segundo ele, é que, na maioria dos casos, as empresas não conseguem esse profissional "ideal" e acabam optando por outros que não têm tantas certificações ou até que não tenham nenhuma, mas sejam experientes e tenham bom conhecimento das funções a serem realizadas. É aí que mora a questão: Até onde as certificações são realmente necessárias e o quanto elas atestam a respeito da qualidade e capacidade de um profissional?

Bem, como estou no mercado há uns bons anos, acho que posso dar alguns pareceres de experiências e de percepções MINHAS a respeito do assunto. Já vi muitas pessoas extremamente competentes e qualificadas e que nunca fizeram nenhuma certificação, mas desempenham suas tarefas com excelência, são extremamente importantes para as empresas para as quais trabalham e mantêm-se atualizadas com muita leitura e participando de cursos com frequência. Conheci um professor de gestão de projetos que nunca foi certificado PMI, mas sabia na prática toda a metodologia, aplicava no seu trabalho e ainda dava cursos para candidatos à certificação. Ganhava muito bem trabalhando para diversas multinacionais e era referência no tema. Também já vi casos de pessoas que faziam certificações para ganhar aumento ou para melhorar o currículo. Alguns eram realmente bons profissionais, outros nem tanto. Mas tinham a dita certificação em seus currículos. Opostos a esses casos também já vi. Tenho amigos extremamente competentes que tiram todas as certificações que aparecem. Alguns conseguem melhores postos no trabalho, outros não. E, óbvio, tem gente sem certificação que é incompetente e desatualizado. Estes, em geral, são totalmente contra as certificações.

É um assunto realmente complexo. Cada certificação tem características diferentes. Algumas são simples de se obter, têm provas relativamente fáceis. Outras são extremamente complicadas. Em geral, quanto mais difícil, mais é preciso estudar para as provas e mais cara é a certificação. Algumas delas exigem renovação após um determinado prazo, obrigando o indivíduo certificado a fazer novas provas ou comprovar participação em eventos relacionados ao tema. Dificultar as coisas muitas vezes é uma saída para tornar a certificação mais reconhecida e tentar fazer com que os candidatos estudem, aprendam e permaneçam atualizados, o que é válido.

Por outro lado, as certificações são, na sua maioria, de cunho teórico, bastando que se estudem os manuais e livros (com mais ou menos dedicação) para que sejam obtidas. E, nesse sentido, elas pouco contribuem para o trabalho prático ou para comprovar capacidade ou competência profissional de alguém. É como se fosse uma preparação para concurso público: todo mundo estuda muito, decora, etc., mas, na prática do dia a dia, talvez as matérias não sejam ou não tenham sido todas utilizadas. Por outro lado, quem já tem bastante experiência a sabe de cor todos os macetes da sua função, muitas vezes (com certa razão) não dá tanta importância assim para esse tipo de coisa.

Mas as empresas pedem. E se você não tem, pode estar perdendo uma vaga para alguém que, mesmo sendo menos competente que você, já tenha. Certo? Em termos. Eu parto do princípio que ser competente e manter-se atualizado independe de certificação. Como gerente, não seria o único critério que eu usaria para diferenciar dois profissionais. Saber fazer e querer fazer pode ser mais importante do que simplesmente saber. Então, o que eu recomendaria para alguém que pretende fazer certificações ao longo de sua carreira? Bem, eu diria: - Faça! Mas não fique apenas apegado a isso. Certificações são boas para aprendermos teorias novas que possamos utilizar na prática ou reciclar conhecimentos esquecidos, são boas para nos mantermos atualizados (embora existam outros meios para isso), e são boas para nos ajudar a melhorar nosso trabalho e como fazemos as coisas. Mas as certificações sozinhas não nos dão a real noção que a prática e a experiência oferecem.

Eu acredito que um profissional deve primeiro ser bom no que faz e depois se preocupar em buscar uma certificação. Não interessa o tempo que leve uma coisa ou outra, mas a sequência lógica deveria ser essa, no meu ponto de vista. A certificação deveria ser a ratificação, a confirmação daquilo que um profissional sabe e não uma prova a ser vencida por um estudante para habilitá-lo a um trabalho que ainda não conhece na prática. No mundo corporativo não se deve brincar com coisa séria. Você deve dominar (teórica e praticamente) seu trabalho, aquilo que será o objeto de sua futura certificação. Já existem "incompetentes certificados" demais nas empresas de TI, que adoram posar de superiores, mas que, num momento de aperto, acabam recorrendo aos profissionais mais experientes e hábeis, mesmo que não possuam certificação alguma. Ser uma referência é mais importante, se me fiz entender.

Como dizem no interior, um ovo que só tem casca não sustenta. É preciso ter a gema e a clara. É o conteúdo que nos provê alimento. A forma como vamos utilizá-lo para nos alimentar (cozido, frito ou cru) é uma escolha nossa. Portanto, escolha certo. Se você é gerente, considere "o todo" em um profissional, sua experiência e habilidades, e não apenas seus diplomas. E se você é um profissional, preocupe-se em ter certificações que lhe ajudem em termos profissionais e que lhe sejam realmente úteis, mas não dependa apenas disso. Seja primeiro bom no que faz e, acima de tudo, goste daquilo que faz. Esse certamente é o primeiro passo para garantir que as suas certificações ajudarão a refletir você profissionalmente.




* Adaptação de texto originalmente publicado em 17/07/2008 

 

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Mais do Mesmo?

Tempo é uma das coisas que as pessoas contemporâneas menos têm. Ou, ao menos, dizem que. Para alguns, o tempo é relativo. Para outros, ele não existe. Há ainda aqueles que sempre encontram (ou tentam encontrar) tempo para tudo. Positivismo acadêmico à parte, eu me considero membro deste último grupo. Sou um daqueles que está sempre tentando encontrar tempo para alguma coisa, desde que seja para algo que eu goste (queria ter essa mesma disposição para incluir exercícios físicos na minha agenda...).

O fato é que uma das coisas que sempre me deram prazer foi escrever. Infelizmente, nos últimos anos eu me dediquei pouquíssimo a esse fim, seja por ter (ou achar que tenho) sempre a minha agenda lotada de compromissos pessoais e profissionais, seja por questões inerentes à vida de um homem na faixa dos 30 anos, que tem filho, casa e esposa para dar atenção. Decidi então, depois de um período de férias, que estava na hora de voltar a escrever, mesmo que seja sem compromisso de frequência, apenas para poder expressar minhas ideias, contar histórias ou relatar experiências sempre que tiver vontade.

E é justamente por isso que este espaço não terá um foco, tema ou objetivo específico, como acontece com a maioria dos blogs. Eu já tentei algumas vezes escrever com foco definido, mas, quer saber? Eu sou meio universalista, gosto de conversar sobre muitas coisas e com os mais diversos tipos de pessoas. Cansei de bancar o especialista, mesmo que eu tenha um bom conhecimento em alguns temas. Aqui irão aparecer desde artigos técnicos até "causos" de família. Algumas "nerdices", nostalgia e até mesmo música e coisas que fujam do comum farão parte do repertório (daí o título deste primeiro post). Falarei de política a futebol (especialmente do grande Sport Club Internacional, clube maior, mais vencedor e de maior torcida do RS), sem me preocupar excessivamente com o direcionamento focal do blog. Alguns posts antigos de outros blogs que tive ou de blogs de amigos também aparecerão.

E, sempre é bom lembrar, as opiniões aqui expressas são minhas, e, por mais que possam parecer polêmicas, jamais terão a intenção de ofender qualquer pessoa. Elas serão apenas a expressão de minhas convicções e ideias. Só. Tenho amigos dos mais variados tipos e, convivo com todos muito bem. Por essa razão, saberei respeitar as opiniões de todos, assim como espero que a minha também seja respeitadas. Os comentários do blog serão moderados justamente para evitar excessos, mas jamais para omitir opiniões contrárias, afinal, vivemos em um país que se diz livre.

Outra coisa: este blog está iniciando e, portanto, ainda poderá sofrer alterações de formato e layout. Peço que tenham paciência caso notem mudanças frequentes.

Em breve, começarei a postar. Espero que seja agradável (na medida do possível) aos que acompanharem este espaço.


Sejam todos bem-vindos!


Eduardo Sauner