quarta-feira, 21 de março de 2012

Grande ou Pequena? É Tudo Questão de Atitude!


Embora eu me considere um guri, já estou no mercado de TI há uns bons anos. Já vi muita coisa nessa minha “breve” carreira, que ainda tem muita estrada pela frente, mas da qual tenho orgulho de, ao menos até hoje, só ter evoluído profissionalmente. Nessa minha vivência, eu já trabalhei tanto para empresas pequenas quanto para multinacionais do setor. E é aí que eu vejo que tem coisas que acontecem no dia-a-dia e que destoam da imagem que a empresa tem (ou que quer que todos pensem que tem).

Quando você trabalha para uma empresa pequena, tudo parece estar mais próximo de você. Precisa de alguma coisa? Falar com alguém? É só andar alguns metros ou ir à sala ao lado. Quando muito se vai a outro prédio. Isso quando existe outro prédio (empresas pequenas, na sua maioria, não têm mais do que um prédio, se você não sabe). A comunicação então... Essa sim, mais objetiva impossível. Mesmo que ainda existam muitos ruídos, parece ser mais fácil de se resolver os problemas.

Numa empresa pequena, as discussões sobre os projetos também são diferentes. Cada centavo economizado ou cada ação possível para contentar o cliente é muito importante, não apenas institucionalmente, mas é uma questão de sobrevivência. Divergências sobre o projeto? Bah, isso então pode chegar, às vezes, a gritos e "dedo na cara". Tudo para garantir que o trabalho seja bem feito, que o cliente esteja satisfeito e que isso valha para a empresa uma boa reputação, o que fecharia o ciclo com a atração de mais clientes.

Pois bem. E o que muda em relação a uma empresa grande? Em uma grande corporação as distâncias podem ser bem maiores. Muitas vezes, de dimensões continentais. É de praxe ter um pedaço da equipe no Brasil, outra nos EUA e outra na Índia, etc. Hoje em dia, o intercâmbio entre essas nações em termos de tecnologia é algo muito comum. O problema é que há muita gente envolvida, muitos níveis hierárquicos para que a informação consiga chegar ao seu destino. Por diversas vezes me senti de "mãos amarradas" por causa da dificuldade em fazer um desenvolvedor entender um requisito sem estar ao lado dele para apontar a tela ou fazer gestos. A demora com que as coisas acontecem nesse contexto pode ser muito maior do que numa pequena empresa.

Uma coisa que pude perceber é que quanto mais gente se tem, mais há incompetentes “camuflados”. É mais fácil encontrar pessoas que não querem "colocar o seu na reta". Parece que têm medo de falar algo por receio de serem prejudicadas. Falta coragem mesmo. Ainda mais num ambiente onde é comum encontrar indivíduos que já passaram dos 30 ou estão quase lá e que nunca trabalharam em outro lugar antes. Caramba, esses são os mais difíceis de lidar: os mimados. Como é complicado exigir deles uma tarefa que requeira atitude ou que exija que eles se imponham. Eles estão, como diz um amigo meu, sempre com o "[save ass mode]" ligado. Provavelmente nunca vão sair do lugar onde estão, pois não arriscam nada, nunca. Do jeito que está, tá bom. E num ambiente com milhares de pessoas, é bem mais fácil se esconder atrás do “sistema”. Numa empresa com menor número de pessoas, é bem mais complicado, pois você está mais exposto. E nem vou entrar no mérito das questões políticas, que podem, por si só, desvirtuar qualquer padrão mencionado aqui.

Acredito que ser grande é uma questão que está relacionada também à atitude e à cultura organizacional, não apenas ao tamanho da empresa em si. Quer um exemplo? O compromisso com as entregas. Se a empresa usa a TI para atender apenas as suas necessidades internas, temos algo parecido com o estereótipo do serviço público. Só falta uns e outros deixarem o paletó na cadeira para fingirem que vieram trabalhar. Aliás, acho que nem isso falta, porque eu já vi umas dessas... No caso dos recursos, geralmente os atrasos são mais tolerados, pois a demanda é meramente interna. E se você quer melhorar alguma coisa, normalmente é um parto. Se a TI não for a razão de ser da empresa, então, sai de baixo... Eu já tive de ouvir uma vez algo do tipo: - Mas o nosso negócio nem é software, porque essa loucura toda com a qualidade do projeto? Sinceramente, essa foi uma das colocações mais infelizes que eu já vi... Mas, quem era eu para querer salvar alguns milhares de dólares? Esse sim é um ponto que tem relação direta com o tamanho/faturamento da empresa. Ele pode ter ou não um peso maior, dependendo de quanto a empresa se permite “queimar dinheiro” durante um projeto.
Quando a empresa foca a TI para atender os clientes, principalmente aquelas que desenvolvem soluções, aí a coisa muda de figura. O ambiente é, normalmente, mais "profissional" (odeio ter de escrever essa palavra entre aspas), as pessoas precisam cumprir prazos e os projetos precisam ser entregues com qualidade respeitável. Orientação para o cliente é algo que muda completamente a cultura de uma organização. Cada projeto é algo totalmente novo, desenhado para um cliente diferente. O aprendizado é muito grande e o comprometimento das pessoas também. E os custos são mais dimensionados e cobrados. Nesse tipo de ambiente, as distâncias geográficas parecem não atrapalhar tanto, pois cada um faz o seu melhor. Lógico que em todo lugar tem um ou outro sanguessuga. Há de se ter de conviver com eles. Só que eles felizmente sucumbem num ambiente mais profissionalizado.
O que eu percebo é que, quando quem te cobra é o cliente, aquele que realmente paga o seu salário, a tendência é a empresa passar a se comportar como “grande” em termos de atitude. E qualquer que seja o seu tamanho atual, é por essa atitude que, mais adiante, ela poderá se transformar em maior ou menor do que é hoje. 
* Adaptação do texto escrito em 16/11/2007
 

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