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Quer um aumento? Mude de emprego. Essa é uma expressão que tenho visto ser utilizada de forma frequente por alguns consultores de gestão de pessoas.

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"Cer" ou "Não Cer"

- Como esse pessoal da TI gosta de falar em certificações - disse um amigo que é consultor de RH. Tem lógica..

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Se Meu Fusca Falasse - Capítulo 25: Restauração "Concluída"


30/08/2014

Depois de 7 meses de trabalho, a restauração do Fuscão está "concluída". Sim, o termo está entre aspas porque, de fato, uma restauração nunca termina. Ainda faltam uns míseros detalhes para fazer, como o polimento final, colocar as molduras de placa, ajustes finos, etc. Como não há mais espaço na oficina, devido à grande demanda por restaurações, o Fuscão veio pra casa. Está funcionando muito bem, tem alguns pequenos ajustes a fazer, mas retornarei à oficina para terminá-los. O mais importante é que ele está de volta.

Foi um trabalho bastante detalhado, custou uma boa grana, mas valeu a pena. Agradeço a todos que me apoiaram, aos que me conseguiram peças, e, claro, à Cia do Fusca, responsável pela restauração do carro. O resultado final é muito bom, como vocês podem ver.

O curioso foi que, no caminho da oficina para a minha casa, recebi duas propostas de compra quando parei nos semáforos. Aquela coisa: "Tá pra negócio?", "E aí, quanto quer pelo carro?". Mas, sinceramente, não foi nada difícil recusar ou sequer parar para dar atenção, pois 1) não fiquei 7 meses restaurando um carro pra vender ele e tirar qualquer lucro em cima, mesmo porque, normalmente, os valores gastos numa restauração nunca são recuperados, a não ser em termos de satisfação pessoal e felicidade do proprietário; 2) Nem tinha dado tempo de curtir o carro, afinal, era a primeira volta que eu dava nele em mais de 7 meses. Mas foi até engraçado. Com a dificuldade, cada dia maior, de se ver um Fusca original e em bom estado nas ruas, é natural que chame a atenção de quem gosta.

Agora, vou começar outra empreitada: a busca pela placa preta. Espero conseguir em breve. Não creio que este seja o último post da série, mas, por hora, era isso. Obrigado a todos que acompanharam a saga do Woodstock (sim, o Fuscão agora tem nome, escolhido por ser Verde Hippie, saca, bicho?) durante todo esse tempo. 

Deixando a oficina, com muito sol, depois de 7 meses:






Em casa:



 Cor original Verde Hippie L1313. Calotas de época:




Estribos com latas, borrachas e frisos originais:




Parachoque original novo e Faróis Cibié:




Parachoque original traseiro novo e Lanternas Polimatic:





Carrapatinho do extintor (essa parte não existia antes):




 Tanque na cor original e já com verniz:



Estepe datado, assim como todas as rodas:



Ferramentas restauradas e originais. Triângulo Polimatic com estojo: 




Devidamente Identificado:



Tanque na cor original e caixa de estepe com os devidos adesivos e plaquetas:




Adesivos Blindex nos vidros originais da mesma marca:






Limpadores na cor original alumínio/prata opalescente:



Interior queimado pelo tempo, mas ainda original, no tom "Castor":






Tapete de borracha original VW.




Painel de Jacarandá original, com rádio novo Bosch Blaupunkt de época e volante restaurado:

 




Carrapatinho, pedais, alavancas, tapete e manivelas originais:




Decidi manter as forrações originais de porta, mesmo com efeitos do tempo, porque as reproduções vendidas atualmente são muito inferiores em qualidade: 





Forração do teto nova e no padrão original:

 

Motor (preservei a pintura original do filtro de ar):



Mangueiras e braçadeiras originais VW:





Pneus Firestone Campeão Supremo, novos e na medida correta para o carro:










Espero que esses relatos sirvam de inspiração ou mesmo como ajuda para quem, assim como eu, gosta muito de carros antigos e pretende se aventurar nesse mundo da restauração. A esses, por fim, gostaria de deixar 10 dicas importantes para facilitar o seu trabalho. São pontos baseados na minha experiência pessoal e podem não se aplicar a todo mundo, mas que podem ajudar. Eu listei os 10 principais, mas há muitos outros fatores que podem mudar dependendo do caso:

 
1) Estude bastante sobre o modelo que pretende restaurar. Partindo do princípio que o objetivo é originalidade, cada detalhe é importante. Procure saber tudo e mais um pouco a respeito do carro, pois isso pode fazer toda a diferença no nível de exigência com que o trabalho será executado;


2) Faça um planejamento financeiro que caiba no seu bolso. Economize antes, compre o carro à vista (com um desconto, se possível), fique com ele um tempo, vá comprando peças e, só depois que tiver mais fôlego financeiro, encontre uma oficina séria, negocie a restauração em fases, parcele os pagamentos e nunca gaste mais do que você pode. Organizar os gastos também ajuda. Eu tenho uma planilha onde consta cada centavo que gastei na restauração, seja com peças, serviços, documentação, etc;

3) Compre um carro íntegro de estrutura e o mais original possível, mas por um preço bom. Quando mais itens em ordem ele tiver, menos dor de cabeça você terá com garimpo de peças. Busque um carro com o qual você possa rodar por um tempo, antes de poder mandá-lo efetivamente para a restauração, assim você vai ganhando tempo para comprar peças e fôlego financeiro para as próximas etapas;

4) No caso do Fusca, o mais importante, dependendo do modelo, é a tapeçaria. Nos modelos 1500 pré-1974, então, nem se fala. Comece encontrando um carro que tenha esse item íntegro, pois é o mais difícil de se conseguir. Em outras palavras, compre o carro pelo lado de dentro, não pelo lado de fora. O de fora e a mecânica sempre se dá um jeito (desde que seja respeitado o item 3), mas a tapeçaria é mais difícil de se resolver no caso de você querer a original;

5) Aprenda a pesquisar e garimpar peças. Dá trabalho, mas vale a pena. Quem busca originalidade e alto grau de detalhes, não pode se preocupar em abraçar uma oportunidade quando ela aparece. O mercado de peças antiga anda inflacionado, mas, às vezes, vale a pena pagar mais caro para ter um item que você não sabe se vai encontrar novamente. Se você tem tempo para ir garimpar em ferros-velhos, vá sem medo. Senão, a internet sempre oferece boas oportunidades, se você procurar bem. A menos que seja algo extremamente raro, não caia sempre na primeira oferta, pesquise para conseguir pagar menos. Ao final, você vai perceber o quanto isso vai ser útil;

6) Procure se informar e trabalhar com oficinas sérias. Isso será crucial para o sucesso do projeto. Lembre-se de que trabalho bem feito não é barato e, portanto, não entregue uma restauração que pretende ser séria para o "senhor da esquina que mexe com Fusca e cobra baratinho". Nesses casos, o barato quase sempre sai mais caro do que se você fizer o serviço com quem entende. Procure referências de boas oficinas com o pessoal do antigomobilismo para poder ter uma chance maior de o seu carro ser bem feito.


7) A pressa é inimiga da restauração. Imprevistos sempre vão acontecer. Não deixe que eles te deixem impaciente e não culpe sempre a oficina por isso. E não fique preocupado com a previsão inicial de entrega. Ela certamente não vai se concretizar. Alguns problemas realmente só começam a ficar visíveis à medida em que o carro vai sendo desmontado ou até mesmo na fase de montagem. Então tenha em mente que isso faz parte do processo e planeje seu orçamento para ter uma reserva que cubra essas exceções;

8) Procure acompanhar sempre de perto a restauração. Sempre tem aqueles detalhes que só você se lembra. Mesmo as melhores oficinas precisam trabalhar com diversos modelos ao mesmo tempo e nem sempre sabem todas as particularidades de cada um deles. Eu visitava a oficina duas vezes por semana. Se puder ir todos os dias, vá. Seja chato, mas não precisa ser um mala, claro;

9) Aprenda que uma restauração nunca termina. Lembre-se de ter um pequeno estoque de peças sobressalentes. Mesmo após a restauração, você nunca sabe quando pode precisar de uma lanterna, farol ou acessório. Com o passar do tempo, encontrar essas peças originais vai ficando cada dia mais complicado (já deve ter sido na primeira vez). Sendo assim, Reserve uma graninha para ir adquirindo essas peças quando você as vir à venda. Se puder comprar mais de uma cópia de cada, melhor ainda.

10) Não esqueça que, mesmo sendo recém restaurado, um carro antigo requer manutenção constante. Os veículos feitos há 30, 40 anos ou mais, ao contrário do que muitos pensam, tem durabilidade menor do que os carros atuais, especialmente na parte mecânica. Portanto, eles requerem manutenção mais frequente do que um carro moderno. Não deixe essa parte em segundo plano.


Mais umas fotos bônus:

















Bem, depois de tudo isso, de ter sido recuperado no interior de São Paulo, sem saber que fim ele teria, e ver no estado em que ele ficou depois de pronto, se o meu Fusca falasse, ele certamente diria "Obrigado"!