Certos acontecimentos são cíclicos. Não importa a época, de tempos em tempos eles se repetem. Mudam um pouquinho aqui ou ali, mas preservam a mesma essência...
A eternidade é o prêmio concedido àqueles que realizam feitos notáveis, únicos ou não, mas que são capazes de perdurar a ponto de serem lembrados por diversas gerações subsequentes...
Não costumo fazer auto-promoção no blog, mas este é um caso especial. Depois de alguns meses entre planejamento e execução, está disponível a coletânea "Colorados - Nada Vai nos Separar". Trata-se de uma obra no formato pocket com histórias que tem como protagonista o glorioso Sport Club Internacional. Os textos são todos de autoria de torcedores apaixonados pelo clube. Eu falei de auto-promoção justamente porque um destes torcedores sou eu! Muito me orgulha ter um texto publicado nesta obra.
A coletânea foi organizada por Jana Lauxen, e o texto da release de divulgação, assim como os dados da obra seguem a seguir.
Espero que gostem!
A partir da segunda quinzena do mês de dezembro de 2012 estará disponível
para venda a coletânea Colorados – Nada
Vai Nos Separar, o mais recente lançamento da Editora Multifoco. O livro
reúne 19 textos de torcedores do Sport Club Internacional, cada qual contando
suas histórias de amor e fidelidade pelo colorado.
A ideia surgiu da cabeça – e, segundo a própria, principalmente do
coração – de Jana Lauxen, escritora, editora e, sobretudo, colorada, que
decidiu homenagear seu time fazendo aquilo que gosta de fazer: escrevendo.
- Não é de hoje que escrevo sobre o Inter e, na internet, tive a
oportunidade de conhecer outros autores colorados e blogs, alguns inclusive
especializados no Internacional, e achei que, assim como eu, haviam outros
torcedores com muitas aventuras e desventuras para contar sobre o Inter.
Segundo a organizadora da obra, o livro relata um pouco sobre a história
do clube, fundado em 1909, a
partir da visão e da vivência de sua torcida:
- A história do Inter é incrível. Trata-se de um clube criado justamente
por que o povo (negros, estrangeiros, pobres e renegados em geral) não
encontrava espaço nem para torcer, nem para jogar no coirmão Grêmio, que era,
na época, um clube de elite. Logo, a história do Inter é também a história de
seus torcedores, pois os colorados sempre participaram como protagonistas na biografia
de seu time. Não somente viram a história acontecer, mas fizeram esta história acontecer.
O título da obra reproduz um dos cânticos mais populares da torcida do Internacional,
que diz ‘colorado, colorado, nada vai nos
separar, somos todos teus seguidores, para sempre eu vou te amar’.
Mas por que colorados, no plural, e não colorado, no singular, como é no
original da canção?
- É uma alusão, uma homenagem ao torcedor colorado. Costumo dizer que,
por trás de um grande time, sempre há uma grande torcida. Se o torcedor é o
décimo segundo jogador, é fundamental que ele honre esta condição, vista de
fato a camiseta e colabore para levar seu time para frente, para cima; nunca
para baixo.
Os textos reunidos na obra vão desde a gloriosa conquista do Campeonato
Brasileiro em 1976, passando pelo Mundial de Clubes FIFA em 2006 e da
Libertadores em 2010, até os tragicômicos anos 90, sempre sob a ótica do
torcedor.
O que termina por aproximar o leitor dos autores, pois todas as histórias
narradas no livro poderiam ter sido contadas em uma roda de amigos, em uma mesa
de bar.
- O mais legal é esta justaposição, esta identificação. Enquanto recebia
os textos, na fase seletiva da coletânea, ia lendo e me divertindo, pois também
vivi aquelas emoções; logo, entendia as histórias de maneira muito peculiar.
Você se identifica, se aproxima do autor, e é como se, enquanto colorados,
tivéssemos vivido juntos aquelas histórias. E vivemos. Agora elas ficarão
registradas em livro, para que colorados de gerações futuras possam ler e
conhecer seu time sob a visão de sua torcida.
Jana Lauxen ainda sublinha o fato de o livro reunir textos de colorados
de 60, e de 15 anos também, o que torna a obra ainda mais especial, já que tem
histórias de todas as fases do clube.
Todas as estantes coloradas deste Brasil merecem guardar este registro
extraoficial e cheio de dedicação, feito pelos grandes torcedores, deste grande
time que é o Sport Club Internacional.
Participam da coletânea Colorados
– Nada Vai nos Separar os seguintes autores:
Beto Canales * Caroline de Souza Matos * Cícero Pereira da Silva * Clayton Reis Rodrigues * EduardoSauner * Eliane Becker * FábioAraujo * Jana Lauxen * Jeremias Soares * Jorge Dimas Carlet * José
Paulo Pinto * Luciana Lima da Silva * Lulu Penteado * MárcioMórGiongo * MaxPeixoto * Natalia Hoffmann
* Poliana Patricia Glienke * Rosália
Speck * Sinara Foss
Bem, ainda não é dessa vez que eu vou me atrever a escrever um livro inteiro, mas já é um começo...
Informo aos amigos leitores, especialmente os Colorados, que um dos textos deste humilde blog foi selecionado para fazer parte de um livro-coletânea com histórias sobre o Sport Club Internacional, contadas por torcedores.
Dentre os vários textos recebidos, em uma promoção que começou lá em maio, se não me engano, apenas alguns foram selecionados pelos editores para fazerem parte da obra. Para a minha alegria, um destes textos é uma versão adaptada do post "A Minha Geração é a Mais Colorada de Todas. E Sempre Será", que escrevi aqui há algum tempo.
O nome da coletânea é "Colorados - Nada Vai nos Separar" e deverá sair até o final de Novembro de 2012, pela Editora Multifoco, do Rio de Janeiro. Ainda não sei informar o valor e o tamanho exato do livro em páginas, mas tenho uma estimativa. Sei que são entre 15 e 20 histórias escolhidas e o preço deve ficar em torno de R$ 30,00 a R$ 35,00. É um livro pequeno, mas será uma leitura bem interessante, tenho certeza.
Ainda estou bem longe de ser um escritor com alguma relevância, mas acho que essas pequenas conquistas devem ser valorizadas e, porque não, compartilhadas. Espero poder ter mais textos desse tipo publicados um dia. De qualquer forma, fico feliz por ter essa oportunidade de expressar minhas ideias, ainda que em uma obra simples, porém importante. Mais que isso, saber que alguém lê e considera o que escrevo interessante para si e para outras pessoas é sempre um incentivo a mais.
Assim que eu tiver maiores informações a respeito do lançamento, eu publico aqui na seção de Dicas de Leitura. Para quem já leu o texto e, mesmo assim, quiser comprar o livro, agradeço. Também fica como dica para presentear quem não tem acesso ao blog. Além disso, servirá como um meio a mais de divulgar e perpetuar o nome do Inter. Vale lembrar que não receberei um centavo sequer por isso, apenas um desconto para a comprar alguns exemplares. É um trabalho sem remuneração, feito com o coração mesmo. Então, é só aguardar mais uns meses. Espero que gostem.
Uma parte da história do Beira-Rio vai ser retirada no fim de semana entre os dias 17 e 19 de Agosto de 2012.
O famoso "Boné", como ficou conhecida a cobertura parcial, ao lado da Av. Padre Cacique, deixará de existir. Será retirada pela contrutora Andrade Gutierrez para dar lugar à nova e moderna
cobertura do estádio da Copa de 2014, que começará a ser construída ainda em 2012. Para quem não conhece ou não é torcedor do Inter, aquele pedaço de marquise isolado (do lado oposto, a arquibancada superior é toda coberta) pode não ter muito valor, mas, ao menos para mim, aquele setor do
Gigante tem um significado todo especial.
Maquete do Projeto Original do Beira-Rio
A história do "boné" data da construção do estádio, que começou a ser erguido em meados dos anos de 1960. Muita gente nem desconfia, mas o plano original era que o Beira-Rio tivesse três anéis de arquibancadas no lado onde o "boné" foi construído, como mostra a maquete ao lado.
Este plano foi logo descartado por falta de recursos financeiros. Vale lembrar que o clube não tinha o patrimônio e o tamanho que tem hoje e que boa parte do estádio foi contruído com doações dos torcedores. Pois bem, havia outra questão: a chacota por parte da torcida adversária em relação ao fato de o Beira-Rio ser construído sobre um aterro. Onde antes só havia água, agora havia terra e o maior estádio de futebol particular do mundo até então seria erguido ali em cima. Obviamente, muitos duvidaram que isso fosse possível, ainda mais para os padrões e para a engenharia da época. Gremistas riam e diziam que os sócios do Inter teriam direito a uma "bóia cativa", em vez de uma cadeira cativa no novo estádio. Perto de sua inauguração, era possível descer de barco ao lado do estádio.
Muitos chegavam de barco ao estádio, literalmente
Mas, contra tudo e contra todos, o Gigante começou a tomar forma. Para mostrar que não havia mais volta e que o estádio era uma realidade, o Inter decidiu dar uma "amostra" de como pretendia deixar a arquibancada superior no futuro. O "boné" foi uma das primeiras estruturas a ficarem prontas, antes mesmo da arquibancada inferior, contrariando a lógica. Era uma forma de dizer que, mesmo não tendo recursos no momento para cobrir todo o estádio, se pretendia fazê-lo no futuro, e aquele pedaço de cobertura seria o "modelo" a ser seguido. Digamos que foi uma espécie de "jogada de marketing" que não deu muito certo, mas que acabou ficando na história. Curiosamente, depois dele, todo o lado da social foi coberto, conforme planejado inicialmente, seguindo o mesmo padrão. Mas o "boné" permaneceu lá, solitário, ao lado da Av. Padre Cacique, servindo de abrigo para cadeiras centrais, pouco tempo depois.
O "boné" foi uma das primeiras estruturas do Gigante a ficarem prontas
Antes das arquibancadas, lá estava o "boné"
Décadas se passaram, até, finalmente, o "boné" deixar de existir. Pode parecer estranho dar tanta importância a um pedaço tão pequeno do estádio, um atestado da falta de dinheiro para terminar o que se começou. Mas acreditem, esse pedaço, além de se confundir com a própria história do Beira-Rio, tem uma importância enorme e sempre terá um lugar guardado no coração dos Colorados. Muitos jogos assisti ali. O último foi Inter 2 x 1 Atlético-MG, pelo Campeonato Brasileiro de 2011 (meu pai disse que o gol do Bolatti valeu o ingresso). De lá para cá, só frequentei as sociais. Bem, ao menos enquanto as arquibancadas antigas ainda existiam. Particularmente, tenho muitas lembranças daquele lugar. Não era um dos que eu mais frequentava, mas gostava de lá. Vi muita coisa boa e outras nem tanto acontecerem dentro de campo estando sentado ali naquela região.
Em 2008, mudança na inscrição do topo
Hoje em dia, com a proporção e visibilidade mundial que o Inter alcançou, talvez o "boné" não tenha uma grande relevância para as novas gerações. Mas, na
época das "vacas magras", nos anos 1980 e 1990, era o símbolo de uma das únicas coisas que
ainda fazia a torcida creditar no Inter: a inscrição "A Maior Torcida do Rio
Grande" (em 2008 trocaram para "A Maior e Melhor"). Mais do que a polêmica e ira que despertava nos tricolores, o
"boné" era um símbolo. Além de proteger os torcedores das intempéries,
dali se tinha uma visão privilegiada do campo e do pôr-do-sol do Guaiba.
Bela vista do pôr-do-sol do Guaíba
Jogo da Seleção Brasileira, em 2005
Mas o maior valor dele era para quem não ficava abrigado sob
sua "aba". Tu entravas no estádio pelo outro lado e, das sociais, vias de frente aquela
inscrição imponente. Aquilo te dava uma força inimaginável, não
importava o resultado da partida ou contra quem o Inter estava jogando.
Das sociais, era essa a imagem que se via
Ao ler aquelas palavras, parece que elas te faziam acreditar que era sempre possível ganhar. Quando decidiu escrever aquilo, além de criar uma marca registrada que identificava o estádio, o clube dava a noção exata de quem eram os protagonistas do
espetáculo: os Torcedores Colorados. Era a certeza de que sempre
seríamos grandes, não importava o que acontecesse.
O velho "boné" com certeza vai deixar
saudades, boas lembranças. Mas o novo sempre vem, precisa vir. Teremos um remodelado, confortável e moderno estádio, padrão FIFA, que, se não terá mais o "boné", ao menos conservará consigo todo o seu valor histórico. O único do RS que viu três Campeonatos Brasileiros, uma Copa do Brasil, duas Libertadores da América, duas Recopas e uma Copa Sulamericana serem erguidas. Pelo menos, até agora. Não é pouca coisa. E sei que iremos
escrever novos capítulos de sucesso da centenária história do clube do
povo. Que venha o futuro, e que a história seja tão gloriosa quanto foi até agora!
Novo Beira-Rio, Estádio Oficial da Copa do Mundo de 2014
Quando você
pensa em um grande zagueiro da história do Internacional, que nome lhe vem à
cabeça? O grande Dom Elias Ricardo Figueroa
Brander, campeão brasileiro de 1975, autor do "gol iluminado" na
final daquele ano contra o Cruzeiro e referência técnica para muitos até
hoje? Ou quem sabe Carlos Alberto Gamarra
Pavón, que já foi considerado o melhor zagueiro do mundo, dono de uma incrível
habilidade de roubar a bola sem fazer falta (chegou a jogar uma Copa do Mundo
inteira sem fazer uma falta sequer)?
Para mim,
nenhum dos dois. Que me perdoem os saudosistas, mas o maior zagueiro da
história do Sport Club Internacional não fala castelhano. Ele atende pelo nome
de Marcos Antônio de Lima, ou, simplesmente, Índio.
Não há como
questionar os seus números. Além se ser um dos zagueiros que mais vezes vestiu
a camisa Colorada, é o que mais gols marcou, inclusive em Grenais. Um
verdadeiro terror para os lados da Azenha/Humaitá. Mas é nos títulos
conquistados que Índio comprova, com sobras, a minha tese: desde que chegou ao
Inter, em 2005, foram 4 Campeonatos Gaúchos, 2 Libertadores, 1 Mundial FIFA, 1
Copa Sul-Aamericana, 2 Recopas e 1 Copa Suruga. Isso só para citar torneios
oficiais. Ainda teve a Dubai Cup, que era torneio amistoso, mas que tinha
participação de outros gigantes de futebol mundial. E poderia ter sido ainda
melhor, não fossem os diversos vice-campeonatos que ocorreram durante o
caminho.
Sozinho, ele tem mais títulos que a maioria dos clubes Sul-Americanos.
Isso não é pouca coisa. É provável que até a sua aposentadoria eu tenha de
atualizar os números deste post.
Atualizado em 14/05/2012: Agora são 5 Campeonatos Gaúchos Atualizado em 05/05/2013: Agora são 6 Campeonatos Gaúchos Atualizado em 13/04/2014: Agora são 7 Campeonatos Gaúchos
Com
todo o respeito, Figueroa e Gamarra não ganharam nada, se comparados com Índio.
Todo
colorado se lembra da imagem emblemática de Índio sangrando em campo durante a
final do Mundial de 2006, contra o poderoso Barcelona, após ter sido atingido
pelo colega Fabiano Eller numa disputa de bola pelo alto. Jogou o resto da
partida com o nariz quebrado. Poucos minutos depois, iniciava a jogada que
terminaria com o gol do título.
Mas há ainda
algumas lições pessoais e profissionais que podemos aprender com Índio.
Analisando a sua carreira até aqui, eu percebi algumas características que poderiam
até servir de exemplo para executivos, gerentes, líderes ou demais cargos
estratégicos que compõem uma empresa. Figuras como a do executivo são frequentemente
associadas às tomadas de decisões. Por eles passa o futuro das organizações.
Essas decisões são embasadas por diversos fatores, mas nem sempre explicada
pelos mesmos. Em muitos casos, é possível perceber e entender claramente as
decisões apenas analisando o perfil daqueles que as tomaram.
Deixo claro
é que apenas um exercício de percepção, sem nenhum comprometimento direto com
teorias acadêmicas, mas que, nem por isso, as deixam totalmente de lado. Listo
algumas das características mencionadas a seguir:
Resiliência e Perseverança: Já perto dos
40 anos, mas ainda em atividade, não são poucas as críticas que recebeu. Todos
os anos ele é apontado como sendo velho para o futebol. E todos os anos ele
levanta uma taça, sempre jogando bem. Tem períodos de baixa, como todo atleta
profissional, mas sempre dá a volta por cima. Não desanima com as dificuldades
e com as pancadas que recebe. Se ele passa um tempo no banco de reservas,
trabalha para voltar ao time. E sempre volta, sempre consegue se superar.
É comum
encontrarmos dificuldades e tomarmos pancadas durante a vida profissional. O
que vai fazer você se diferenciar é justamente a capacidade de reação a essas
adversidades. Esse detalhe pode significar um sucesso futuro ou um fracasso
imediato, dependendo da sua escolha. Insistir naquilo que você acredita nem
sempre é sinal de teimosia. Pode fazer muitas pessoas se surpreenderem com seus
resultados, especialmente quando quase ninguém mais acreditava em você.
Capacidade de Adaptação: Depois de
certa idade, se um jogador pretende continuar apresentando um futebol de alto
nível, tem de aprender a mudar seus hábitos e, principalmente, redobrar os
cuidados com sua forma. Índio aprendeu. Não por acaso é um dos mais elogiados
pelos preparadores físicos a cada começo de temporada. Recebeu o apelido de
“interminável” porque, mesmo com a idade, parece continuar correndo como um
guri. Sabe que não pode ter mais o mesmo vigor de um jovem, então procura
compensar isso tendo mais disciplina e cuidados extracampo.
Talvez a
questão de manter-se atualizado sempre seja um dos maiores clichês do mercado
de trabalho moderno. Porém, para uma posição de liderança, especialmente
aquelas que lidam com grandes responsabilidades, isso se faz necessário. Saber
“ler” o mercado, estar atento ao que acontece à concorrência e mudar os planos
ou definir novos projetos é parte do jogo. Aprender um novo idioma para
negociar com outros países ou lidar com uma nova tecnologia são fundamentais
para manter você, ao menos, competitivo, mesmo depois de uma carreira já
consolidada. Se a idade chegou, não deixe que ela limite sua capacidade ou
reduza sua vontade de aprender. Deve-se utilizar a experiência adquirida para
encontrar os “atalhos do campo”.
Foco: Não existe jogador de futebol santo.
Todos aprontam alguma coisa na sua vida pessoal. Índio nunca foi conhecido como
boêmio (baladeiro, pra usar uma expressão mais atual), mas já protagonizou
episódios polêmicos fora das quatro linhas. Certa vez, foi muito criticado por
chegar a um treino com um corte na mão, fato que o deixou alguns dias sem poder
jogar. Se o corte foi feito durante os excessos de uma festa ou se foi um
acidente doméstico, não importa. Ao contrário de tantos outros jogadores que
vemos por aí, cuja vida pessoal aparece mais do que o futebol mostrado em campo,
ele evitou polêmicas, seguiu calado, baixou a cabeça e continuou trabalhando
duro, intensamente. O assunto se encerrou em poucos dias. E os bons resultados
continuaram a vir mais tarde.
Saber
realmente o que se quer, onde se pretende chegar e o que é preciso fazer para
conseguir isso é o que diferencia as pessoas de sucesso das demais. Não dá pra
ignorar os erros e fatores externos que se apresentam no caminho, há de se
saber conviver com eles. Mais do que isso: deve-se aprender a minimizar
possíveis impactos negativos trazidos por eles e que tendam a desviar você dos
seus objetivos. Estratégias de Marketing tem mais sucesso quando estão
segmentadas corretamente; objetivos empresariais são mais facilmente atingidos
quando se tem um rumo a seguir. Defina o seu foco e trabalhe duro nele.
Dificuldades fazem parte do caminho, mas não podem ser o fator determinante.
Humildade: Antes de ser
jogador de futebol, Índio era cortador de cana, homem humilde. Não passou por
categorias de base. Foi direto da várzea ao profissional. Mas sua humildade não
ficou restrita às suas origens. Quando marcou seu 27º gol pelo Inter (hoje já
são mais de 30), ultrapassando a marca do lendário Figueroa, Índio, sem querer,
acabou fornecendo uma das explicações do seu sucesso no clube. Ao final do
jogo, um repórter veio ao seu encontro e lhe perguntou como era a sensação de
entrar para a história, ultrapassando justamente um ídolo da torcida. Ele respondeu
dizendo: "Eu sou um mero coadjuvante, um simples trabalhador. Ultrapassar
em gols o Figueroa me enche de alegria". Ainda viria mais. Como já disse,
Índio tornou-se o zagueiro que mais marcou gols na história do Inter. Mesmo com
toda a carga histórica do feito, com todas as conquistas que teve, ele ainda se
considerava coadjuvante. Sempre foi jogador de exaltar o grupo. Sabe que nada
se consegue sozinho. Mesmo estando no topo, ainda quer mais. Acha que pode
mais. Quer aprender mais.
Muita gente
confunde humildade com “se fazer de coitado”. Isso é um erro. Ser humilde
consiste, acima de tudo, em saber de suas limitações e ter certeza de que não
se sabe de tudo; de que sempre há o que aprender e que se deve estar disposto a
isso. É também saber respeitar outras pessoas que estão ao seu redor, afinal,
você nunca está sozinho, seja em família, seja no trabalho. Assim como comentei
sobre estar sempre atualizado e preparado, é igualmente importante ter em mente
que você não é perfeito e nem soberano. Trabalhar em equipe requer lidar com
pessoas diferentes, com anseios diferentes e com habilidades diferentes, não
inferiores.
Todas essas
pequenas lições acima são apenas uma forma de demonstrar como sempre é possível
obter bons e úteis exemplos das coisas mais simples e distintas. Quando você
imaginaria que a história de um ídolo do futebol poderia fornecer contribuições
para o uso no dia-a-dia do seu trabalho? Talvez se você olhar apenas com os
olhos de torcedor rival, isso não lhe acrescente muito. Mas olhando com os
olhos de profissional e de ser humano, tenho certeza de que há muita coisa a
ser aproveitada, ou, ao menos, que possa servir como reflexão para a forma como
você está agindo no seu trabalho. Talvez o ponto principal aqui seja: não
importam as dificuldades que possam aparecer, você sempre pode ser um vencedor.
Basta querer e trabalhar muito para isso.
A situação é a seguinte: você trabalha em um lugar. Gosta desse lugar. Ali você realizou suas maiores conquistas profissionais. E este lugar ainda lhe oferece ótimas condições de trabalho, um salário bem acima da média e muitas possibilidades de crescimento e conquistas futuras. Mais importante: você foi uma peça chave nas últimas conquistas e as pessoas gostam de você. Até os concorrentes te admiram.
Mas aí surge uma proposta irrecusável de uma multinacional chinesa, que oferece o dobro do que você ganha. Você naturalmente fica balançado. Vê ali uma oportunidade de garantir financeiramente o seu futuro e o da sua família. Não que isso já não seja possível hoje, mas ver a possibilidade de dobrar um salário que já é altíssimo certamente põe qualquer um a pensar.
Parecia inevitável a sua saída. Os concorrentes também estavam angustiados. Afinal, por muitas vezes você teve ajudou a obter êxitos sobre eles. Tornou-se um verdadeiro algoz, um carrasco. Não seria de se admirar estes concorrentes respirarem aliviados e até darem pulos de alegria com a sua saída. Afinal, não aguentavam mais perder pra você.
Mas eis que, surpreendentemente, você resolve ficar. Óbvio, pede uma compensação salarial para tanto, mas que ainda não chega aos valores oferecidos pelos chineses. Mas fica.
Por quê?
O episódio recente da possível ida de Andrés D'Alessandro do Internacional para o futebol chinês teve grande repercussão no futebol gaúcho e, por que não dizer, no futebol brasileiro. Sua saída era dada como certa, os 40% azul do RS estavam felizes com o seu adeus. Mas ele disse ao povo Colorado que fica. Fazendo isso, ele não somente deixa feliz uma nação inteira, mas faz um grande bem ao futebol.
Digo isso porque não há hoje, no RS, um jogador que jogue como ele. E, na sua função, talvez não haja nem no Brasil. Uns vão dizer que isso é exagero, etc. Mas eu me arrisco a manter minha posição, baseado não apenas na visível qualidade técnica de D'Ale, mas também por tudo o que ele já conquistou aqui. Desde 2008, quando desembarcou no Beira-Rio, D'Alessandro ganhou uma Copa Sul-Americana, uma Libertadores, uma Copa Suruga, uma Recopa e dois Campeonatos Gaúchos. Isso sem falar em outras campanhas boas, que terminaram com o segundo ou terceiro lugar. Aí eu pergunto: tem algum jogador na sua posição em atividade no Brasil hoje que, ao mesmo tempo, seja querido pela torcida e identificado com o clube, esteja jogando em alto nível e que tenha tantas conquistas? Por essas e outras, eu digo que não há.
D'Alessandro criou raízes profundas no Beira-Rio. Virou ídolo da torcida. E isso não é algo que acontece todos os dias. Alguém lembra qual o último ídolo que veio lá dos lados do coirmão da Azenha/Humaitá? Faz tempo que não aparece um. É bem verdade que o bom momento do clube e os títulos ajudam a formarem novos ídolos. Mas isso é natural. Se do outro lado nada aparece, nem títulos nem ídolos, não é problema dos Colorados. O fato é que tivemos vários ídolos nos últimos anos, muito por causa dos títulos, é verdade. Mas D’Alessandro é um dos maiores desses ídolos recentes porque, além de vencedor, joga muita bola. É o maestro do time. Tem momentos ruins, mas sempre está lá nas decisões, seja pra pressionar o juiz, seja pra fazer um gol em grenal, ou para dar um passe milimétrico que termine em gol.
A decisão de ficar no Inter passa muito por isso. Aqui ele ganhou tudo o que nunca havia ganhado em qualquer outro clube. Aqui ele está há mais tempo do que já ficou em qualquer outro clube. Aqui ele é decisivo e importante como jamais foi em qualquer outro clube. Estar perto da Argentina, sua terra natal, certamente contribui. Mas ser ídolo é mais importante do que apenas o retorno financeiro. Mesmo que não vá ganhar o mesmo que na China, não dá pra dizer que ele já não tenha a vida ganha, financeiramente. É um absurdo o que se paga para um jogador de futebol, mas, no caso de D'Ale, ao menos o aumento está sendo feito para alguém que já deu e ainda pode dar retorno ao clube. Ou será que os títulos acima mencionados não valem o esforço? Mesmo que ele não ganhe mais nenhum, já terá dado ao clube muito mais do que o investido nele.
Essa é a diferença. Muitos tricolores reclamam que a imprensa falava mal em pagar tanto para as novas contratações azuis e pouco sobre o aumento que D’Alessandro receberá. Mas nem teria por que falar. Simplesmente não dá pra comparar. Uma coisa é pagar “X” para quem já deu tantas glórias ao clube e ainda tem potencial para dar mais. Outra é pagar esse mesmo “X” para quem ainda é uma aposta, que poder dar certo, mas que também pode fracassar. D'Alessandro deu muito certo!
Não é só a identificação com o clube, o folclore do "La Boba", as jogadas decisivas, a raça em campo. A questão é que os Colorados olham para D'ale e veem ali outro Colorado, seja em momentos bons, seja em ruins. Esse talvez seja o maior motivo do clamor pela sua permanência. Sabem que ele ainda irá decidir muitos grenais, disputar muitos títulos e talvez ganhar alguns.
É também importante sua permanência para que tenhamos uma redução na exportação de bons jogadores para os grandes centros de maior poderio financeiro. Ganham o clube, a torcida e o futebol em si. Sonho um dia ainda ver os clubes brasileiros serem tão grandes quanto os Europeus, que o Brasil seja o lugar onde todo mundo quer jogar. Já fomos referência, hoje estamos muito atrás. Recuperar isso é fundamental e podemos começar mantendo os bons jogadores em nossos clubes, mesmo os estrangeiros, como D'Alessandro.
Tenho para mim que, mais que simplesmente dinheiro, ser ídolo é para sempre. Perguntem a Larry, Falcão, Valdomiro, Figueroa, Fernandão e Cia. o que eles sentem até hoje em serem lembrados por seus feitos e como eles ainda são ovacionados pelos torcedores nas ruas. Se os citei aqui, é justamente porque seus nomes tem peso na história do Internacional, oras. E perguntem se eles acham que isso tem preço, que dinheiro algum no mundo é capaz de comprar esse tipo de coisa. Amigos gremistas, perguntem o mesmo a seus ídolos do passado. É nisso que D'Alessandro provavelmente pensou e colocou do lado Colorado da balança, juntamente com tantos outros fatores, claro.
Afinal, vale mais encher os bolsos, ir para a China e ser esquecido, ou encher um pouco menos os bolsos, ficar onde terás outras tantas oportunidades e consolidar seu nome na história? Andrés D’Alessandro, com certeza, será lembrado daqui a muitos anos, como foram seus antecessores, igualmente ídolos, hoje lembrados com carinho pela torcida do futebol bem jogado, não somente a do Internacional.
Nasci em 1979. Entrei
na pré-escola em 1985. Formei-me na faculdade de Administração em 2005.
Se você, caro leitor, é
um Colorado de verdade e pertence à minha geração, o parágrafo acima é
autoexplicativo. Por si só ele já justifica o título deste post. Se você preferir, nem precisa continuar
lendo, uma vez que nada do que vier na sequência lhe representa algo que já não
seja sabido.
Mas, no caso de você
ou não ser Colorado, ou nem gaúcho, ou nem gostar de futebol, tenho certeza de
que, ao final deste artigo, entenderá o que quero dizer. O mesmo pode ser dito aos Colorados de
gerações anteriores ou posteriores à minha. Para estes, o texto que, devido ao
título, pode inicialmente parecer ter ares pretenciosos ou até mesmo de arrogância, ficará claro e plenamente compreensível ao seu final. Não se trata de uma afronta, mas de licença poética.
Antes de tudo, é bom
esclarecer que sou um cara que gosta muito de futebol. Não acompanho apenas
jogos do Inter, vejo praticamente tudo o que passa na TV a respeito. Quanto ao
meu time do coração, me considero exatamente isso: um Colorado de coração, mas
sem ser fanático ao extremo. Sempre
torço até um limite que eu considere saudável, afinal, a vida tem outras coisas
a serem priorizadas. Sou sócio em dia, só compro produtos licenciados, compro o
uniforme oficial todo ano, vou ao estádio de vez em quando e tenho as minhas
“mandingas” e superstições, como todo torcedor. Jamais briguei por causa de
futebol. Guardo as frustrações para mim e sempre respeito os outros. Até acho
que sou comedido demais em flautear os adversários (em especial, o coirmão
tricolor) justamente por ter amigos gremistas que prezo muito mais do que a
rivalidade, esta muitas vezes desvirtuada por pessoas (ou seriam bárbaros?) que
não conseguem desassociar a palavra “adversário” da palavra “inimigo”.
Dito isso, vamos
analisar a argumentação em favor da minha geração.
Meu pai é Colorado.
Veio do interior de Santo Antônio da Patrulha (parte onde hoje é o município de
Caraá) e chegou a Porto Alegre em 1972. Viveu todo aquele período de conquistas
do Inter da década de 1970, com seus grandes times. Esteve no Beira-Rio nas
finais daqueles campeonatos. Viu de perto jogadores como Falcão, Manga,
Carpegiani, Valdomiro e Cia passearem soberanos pelos gramados daquela época. Eu nasci em 1979, ano do tri nacional,
conquistado de forma invicta, feito até hoje inigualado no campeonato
brasileiro. Fato de tamanha relevância que acabou por criar uma das expressões
pela qual nós gaúchos somos conhecidos mundo afora: o “tri legal”. Não é todo
dia que se vê um título passar a fazer parte de toda uma cultura, mesmo que
involuntariamente.
Não lembro de quando nem
por que me tornei Colorado. Quando vi, já tinha escolhido torcer pelo
Inter. Talvez por ver meu pai torcendo.
Mas, parafraseando um dos filmes-documentários do Inter, acho que é por causa
do vermelho. Como é bonito o vermelho!
Ter nascido num ano
tão especial certamente seria o prenúncio de que mais feitos relevantes viriam em seguida. Mas não foi bem assim que
aconteceu. E o que aconteceu não poderia ter sido pior. Pensem numa criança de
4 anos, recém começando a entender como funcionam as coisas da vida, iniciando sua “formação futebolística”,
amparada por campeonatos nacionais jamais sonhados pelos rivais até então. De
repente, ela vê esses rivais ganharem o Brasil, a América e, segundo eles, o
Mundo, tudo em poucos meses. Sem nem
sequer saber direito o que é torcer, ela já tem que se esforçar para aguentar
as piadas dos tios gremistas (e não eram poucos) e encontrar alguma razão para
não torcer pelo tal “Campeão do Mundo”. O que essa criança podia fazer era
esperar para que o seu time fizesse o mesmo. Será que faria?
Veio 1985 e,
juntamente com a vida escolar que se iniciava, eu descobria aquela que seria a
pior de todas as mazelas em termos de flautas: a que vinha dos colegas de aula.
Era a pior porque nunca vinha de apenas uma pessoa. E, muitas vezes, vinha de várias
ao mesmo tempo. Era quase insuportável. E ficou ainda mais angustiante. Em 1995
ainda viria outra conquista da América pelo rival, sem falar de outro
brasileiro em 1996 e das Copas do Brasil nos anos que se seguiram.
Terminei o segundo
grau (hoje ensino médio) técnico em 1997. Dá pra imaginar o que é passar 13
anos da sua vida até então, 13 anos inteiros tendo de conviver sempre com as
mesmas flautas e sempre tentando se justificar tendo apenas alguns grenais e
uma Copa do Brasil como paliativo, em doses homeopáticas, para comemorar
perante os amigos torcedores do rival? Talvez para um adulto, com maturidade
suficiente, isso nem seria assim tão complicado, embora não menos doloroso. Mas
passar toda a infância e adolescência convivendo com isso era dose. Quase um
castigo. Era de chorar em certas ocasiões. Perdi as contas das vezes em que
ouvi chamarem meu Inter de “Inter-Regional” ou de entrar em estabelecimentos
comerciais que tinham aquela famigerada plaquinha escrito “Fiado só quando o
Inter for campeão do mundo”.
Era demais para
aguentar. Não tinha como você tentar comparar a grandeza do seu clube apenas
baseado no tamanho e amor da torcida perante todas as conquistas internacionais
do tradicional adversário, mesmo tendo ciência absoluta e nunca duvidando da
tal grandeza. A soberba tomou conta dos tricolores dessa época. Ficaram ainda
mais insuportáveis em suas flautas. E com razão, pois nós, Colorados, haja
vista o que nossas direções apresentavam em termos de times e gestões, não conseguíamos
vislumbrar o dia em que chegaríamos a tais conquistas. Na década de 1970, os
gremistas mal sonhavam em ganhar dos times paulistas e cariocas e nós Colorados
já éramos campeões brasileiros. Mas o sofrimento dos Colorados das décadas de
80 e 90 era pior, pois as conquistas do arquirrival davam-se em âmbito
internacional.
O bom disso tudo
era que, mesmo vivendo in loco a
época mais difícil para um torcedor do Inter em toda a história, eu jamais, em
momento algum, sequer titubeei ou pensei em desistir de ser Colorado. Ao
contrário, parecia que a cada título do coirmão eu via aumentar a minha
convicção. Eu sabia, tinha certeza de que um dia as coisas iriam mudar. Mas
ainda levaria um tempo...
Entrei na faculdade em
1998. Aí eu já era adulto, mas mesmo assim, continuava na mesma situação. E, na
faculdade, as flautas vinham mais sofisticadas, em nível universitário, se é
que me entende. A era da internet estava recém começando, então a informação
era disseminada mais facilmente. Minha
formatura foi em 2005. Isso mesmo, caro leitor. Não bastasse passar os 9 anos
do primeiro grau (hoje ensino fundamental) vendo os colegas e amigos gremistas
me flautearem dizendo que eram campeões da América e do Mundo (enquanto nós
conseguíamos apenas uma Copa do Brasil), não bastasse passar mais 4 anos do
segundo grau vendo eles serem campeões brasileiros, da Copa d Brasil e da
América mais uma vez, ainda passei mais 7 anos da faculdade ouvindo as mesmas
flautas e ainda vendo eles ganharem mais uma Copa do Brasil, em 2001. Resumindo,
passei todos os meus 20 anos escolares sem poder comemorar um título relevante
e sem poder flautear meus colegas, a não ser por dois rebaixamentos à segunda
divisão. E esse tempo não tem mais volta, não terei essa oportunidade novamente.
O ponto chave aqui é: Qualquer outra geração de Colorados anterior à minha não teve de
passar por isso. E as posteriores jamais
passarão.
Toda aquela minha
“Coloradice” começaria a regozijar-se a partir de 2002. Mesmo sendo um ano
difícil, onde o Inter escapara pela segunda vez de um rebaixamento na última
rodada do campeonato, este ano marcou o início de uma revolução no clube.
Revolução essa que, de lá para cá, fez com que o Inter tenha conquistado uma
quantidade de títulos em tão pouco tempo raramente vista no futebol brasileiro.
Enquanto os 40% azul do RS levaram 12 anos para ganharem duas Libertadores e um
Mundial, o Inter o fez em incríveis 4 anos. E, em 5, já havia acumulado mais
duas Recopas, 1 Sulamericana, vários títulos gaúchos e de outros torneios
internacionais, ultrapassando o arquirrival neste quesito. Aquilo que era sonho
de repente passou a ser realidade. O Inter conseguiu, de 2002 até hoje, janeiro
de 2012, ganhar pelo menos um título todo ano. E, desde 2006, pelo menos um
título internacional por ano.
Não sei se esse ritmo
irá manter-se. É muito difícil. Mas tomara que sim. Também não acredito que o coirmão irá amargar
tanto tempo mais sem ganhar nada. Mas tomara que sim. Se bem que 10 anos são nada perto do que
nós Colorados passamos. Eles nem têm direito de reclamar. Óbvio que uma criança
gremista que hoje tem 10 ou 11 anos não viu seu time ganhar nada de importante,
mas tem ao menos o respaldo do que aconteceu no passado. Eu não tinha. Os
Colorados das novas gerações terão.
Mas também uma coisa é
certa: essa época de vacas magras não mais se repetirá para os lados do
Beira-Rio. Primeiro porque agora a conversa é outra. Somos Campeões de Tudo! O
único clube do Brasil que detém todos os títulos vigentes possíveis. Segundo
porque, com o atual nível de gestão atingido, dificilmente entraremos em uma
competição sem termos condições de ganhá-la. O Inter é hoje um clube
reconhecido mundialmente, seja pelas conquistas, seja pela referência em gestão.
Estamos definitivamente em um outro
patamar. Um que finalmente justifica o nome do clube. Percalços ocorrerão, o
que é natural, mas nunca mais seremos os mesmos. Nunca mais Colorado nenhum
sofrerá da chaga de não ser campeão do mundo!
Não estou aqui
querendo comparar os dois clubes. Trata-se de comparar o Inter com ele mesmo.
As menções ao tradicional adversário dão-se porque é preciso, para fins de
relatar a história toda e porque a existência e sucesso dos dois estão
diretamente interligados, por isso são chamados por muitos de coirmãos.
Quando me refiro à minha geração como sendo a
mais Colorada de todas, não pretendo desrespeitar as que passaram ou as que se seguirão. Essa afirmação vem justamente de todas as dificuldades pelas
quais ela passou, coisa que nenhuma geração teve de passar. Era preciso ser muito perseverante e corajoso para ser
Colorado naquela época e ter orgulho disso. Hoje é muito mais fácil. E
continuará sendo mais fácil daqui para adiante, não importa o que aconteça,
pois já chegamos lá. Hoje uma criança Colorada pode bater no peito e dizer aos amigos e colegas que seu time já ganhou tudo.
A emoção de poder presenciar tanto aquela época quanto
esta que agora passamos também é algo único, um verdadeiro divisor de águas. E
isso é que faz a coisa toda ter um sabor ainda mais especial. Não sei em que época você pode estar lendo
esse artigo. Muita coisa pode ter acontecido desde que ele foi escrito, em
janeiro de 2012: conquistas, derrotas, ou o que quer que seja. Mas uma coisa é
certa: O Inter mudou muito desde a minha época. E para melhor. E assim
permanecerá.
Digo que tudo começou a mudar
daquele dia 17 de Dezembro de 2006, cuja sensação foi brilhantemente relatada
pelo grande Colorado Luis Fernando Veríssimo no vídeo intitulado “Não me Acorde”,
narrado por Adroaldo Guerra Filho, outro ilustre Colorado. É um relato que jamais
sairá da minha memória. É um daqueles momentos únicos!
Desnecessário mencionar todos os protagonistas
daquela conquista, seja o "Capitão Planeta" Fernandão, seja o "Gigante"
Iarley ou o predestinado e contestado Adriano Gabiru. Uma vitória maiúscula sobre um supertime de futebol, que possuía o melhor jogador do mundo, que, às vésperas da partida final havia aplicado um estrondoso show de bola sobre um adversário mexicano. Poucas vezes se viu tamanho chocolate. Mas o Inter foi lá e provou que a história não está reservada apenas aos que podem, mas aos que, acima de tudo, querem. O resultado, todos nós sabemos. Não é preciso repetir aqui, a história já se encarregará disso por muitos e muitos anos.
O bom de tudo isso é
que pude comemorar todas essas conquistas com meu pai! Eu que, naquele mesmo
ano de 2006, depois de perder o Gauchão, reclamava para ele, louco de bravo,
dizendo que eu achava que iria morrer sem ver meu time ganhar um título de
relevância mundial. Logo naquele ano, que marcaria uma virada histórica poucas
vezes vista. E meu pai lá, me dizendo que um dia chegaria a nossa vez. E chegou!
Eu sempre tive para mim que um filho tem a obrigação de torcer pelo
mesmo time que o pai. Hoje isso faz mais sentido do que nunca. Como foi bom
esperar! Valeu cada ano, cada derrota, cada angústia. Espero que ainda possamos
comemorar muitos outros títulos juntos.
Da esquerda para a direita: Ribas, Desconhecido, Bianquine, Santino (meu pai) e Eu - 17/12/2006
Se você leu até aqui
e, ou não é Colorado, ou nem gaúcho, ou nem gosta de futebol, espero que tenha
compreendido o porquê do título do post. Provavelmente ele ficou mais claro
agora, não é? Obrigado por acompanhar o texto até aqui.
Se você, mesmo tendo
entendido o primeiro parágrafo e não tendo a necessidade de ler o resto, o fez,
parabéns! Você o fez porque se interessou, porque se identificou, porque sente
o mesmo que eu. Você o fez porque certamente é COLORADO!