O Crescer e o CRESCER

Quer um aumento? Mude de emprego. Essa é uma expressão que tenho visto ser utilizada de forma frequente por alguns consultores de gestão de pessoas.

Internacional

Minha geração é a mais Colorada de todas. E sempre será!

É Hora de Abandonar o "Complexo de Vira-Lata" e Arregaçar as Mangas

Certos acontecimentos são cíclicos. Não importa a época, de tempos em tempos eles se repetem. Mudam um pouquinho aqui ou ali, mas preservam a mesma essência...

A Legião Urbana Vence Tudo. Até o Tempo.

A eternidade é o prêmio concedido àqueles que realizam feitos notáveis, únicos ou não, mas que são capazes de perdurar a ponto de serem lembrados por diversas gerações subsequentes...

"Cer" ou "Não Cer"

- Como esse pessoal da TI gosta de falar em certificações - disse um amigo que é consultor de RH. Tem lógica..

Mostrando postagens com marcador Inter. Mostrar todas as postagens
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sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Dica de Leitura: Livro "Colorados - Nada Vai nos Separar"



Não costumo fazer auto-promoção no blog, mas este é um caso especial. Depois de alguns meses entre planejamento e execução, está disponível a coletânea "Colorados - Nada Vai nos Separar". Trata-se de uma obra no formato pocket com histórias que tem como protagonista o glorioso Sport Club Internacional. Os textos são todos de autoria de torcedores apaixonados pelo clube. Eu falei de auto-promoção justamente porque um destes torcedores sou eu! Muito me orgulha ter um texto publicado nesta obra.

A coletânea foi organizada por Jana Lauxen, e o texto da release de divulgação, assim como os dados da obra seguem a seguir.



Espero que gostem!



A partir da segunda quinzena do mês de dezembro de 2012 estará disponível para venda a coletânea Colorados – Nada Vai Nos Separar, o mais recente lançamento da Editora Multifoco. O livro reúne 19 textos de torcedores do Sport Club Internacional, cada qual contando suas histórias de amor e fidelidade pelo colorado.
A ideia surgiu da cabeça – e, segundo a própria, principalmente do coração – de Jana Lauxen, escritora, editora e, sobretudo, colorada, que decidiu homenagear seu time fazendo aquilo que gosta de fazer: escrevendo.
- Não é de hoje que escrevo sobre o Inter e, na internet, tive a oportunidade de conhecer outros autores colorados e blogs, alguns inclusive especializados no Internacional, e achei que, assim como eu, haviam outros torcedores com muitas aventuras e desventuras para contar sobre o Inter.
Segundo a organizadora da obra, o livro relata um pouco sobre a história do clube, fundado em 1909, a partir da visão e da vivência de sua torcida:
- A história do Inter é incrível. Trata-se de um clube criado justamente por que o povo (negros, estrangeiros, pobres e renegados em geral) não encontrava espaço nem para torcer, nem para jogar no coirmão Grêmio, que era, na época, um clube de elite. Logo, a história do Inter é também a história de seus torcedores, pois os colorados sempre participaram como protagonistas na biografia de seu time. Não somente viram a história acontecer, mas fizeram esta história acontecer.
O título da obra reproduz um dos cânticos mais populares da torcida do Internacional, que diz ‘colorado, colorado, nada vai nos separar, somos todos teus seguidores, para sempre eu vou te amar’.
Mas por que colorados, no plural, e não colorado, no singular, como é no original da canção?
- É uma alusão, uma homenagem ao torcedor colorado. Costumo dizer que, por trás de um grande time, sempre há uma grande torcida. Se o torcedor é o décimo segundo jogador, é fundamental que ele honre esta condição, vista de fato a camiseta e colabore para levar seu time para frente, para cima; nunca para baixo.
Os textos reunidos na obra vão desde a gloriosa conquista do Campeonato Brasileiro em 1976, passando pelo Mundial de Clubes FIFA em 2006 e da Libertadores em 2010, até os tragicômicos anos 90, sempre sob a ótica do torcedor.
O que termina por aproximar o leitor dos autores, pois todas as histórias narradas no livro poderiam ter sido contadas em uma roda de amigos, em uma mesa de bar.
- O mais legal é esta justaposição, esta identificação. Enquanto recebia os textos, na fase seletiva da coletânea, ia lendo e me divertindo, pois também vivi aquelas emoções; logo, entendia as histórias de maneira muito peculiar. Você se identifica, se aproxima do autor, e é como se, enquanto colorados, tivéssemos vivido juntos aquelas histórias. E vivemos. Agora elas ficarão registradas em livro, para que colorados de gerações futuras possam ler e conhecer seu time sob a visão de sua torcida.
Jana Lauxen ainda sublinha o fato de o livro reunir textos de colorados de 60, e de 15 anos também, o que torna a obra ainda mais especial, já que tem histórias de todas as fases do clube.
Todas as estantes coloradas deste Brasil merecem guardar este registro extraoficial e cheio de dedicação, feito pelos grandes torcedores, deste grande time que é o Sport Club Internacional.

Participam da coletânea Colorados – Nada Vai nos Separar os seguintes autores:
Beto Canales * Caroline de Souza Matos * Cícero Pereira da Silva * Clayton Reis Rodrigues * Eduardo Sauner * Eliane Becker * Fábio Araujo * Jana Lauxen * Jeremias Soares * Jorge Dimas Carlet * José Paulo Pinto * Luciana Lima da Silva * Lulu Penteado * Márcio Mór Giongo * Max Peixoto * Natalia Hoffmann * Poliana Patricia Glienke * Rosália Speck * Sinara Foss


Quem quiser adquirir um exemplar, basta acessar o link abaixo:
http://www.editoramultifoco.com.br/literatura-loja-detalhe.php?idLivro=1052&idProduto=1084


Dados do Livro:
Título: Colorados - Nada Vai nos Separar (coletânea)
Autor: Diversos
Editora: Multifoco
Páginas: 130

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

O Post Que Foi Parar Num Livro

Bem, ainda não é dessa vez que eu vou me atrever a escrever um livro inteiro, mas já é um começo...

Informo aos amigos leitores, especialmente os Colorados, que um dos textos deste humilde blog foi selecionado para fazer parte de um livro-coletânea com histórias sobre o Sport Club Internacional, contadas por torcedores.

Dentre os vários textos recebidos, em uma promoção que começou lá em maio, se não me engano, apenas alguns foram selecionados pelos editores para fazerem parte da obra. Para a minha alegria, um destes textos é uma versão adaptada do post "A Minha Geração é a Mais Colorada de Todas. E Sempre Será", que escrevi aqui há algum tempo.

O nome da coletânea é "Colorados - Nada Vai nos Separar" e deverá sair até o final de Novembro de 2012, pela Editora Multifoco, do Rio de Janeiro. Ainda não sei informar o valor e o tamanho exato do livro em páginas, mas tenho uma estimativa. Sei que são entre 15 e 20 histórias escolhidas e o preço deve ficar em torno de R$ 30,00 a R$ 35,00. É um livro pequeno, mas será uma leitura bem interessante, tenho certeza.

Ainda estou bem longe de ser um escritor com alguma relevância, mas acho que essas pequenas conquistas devem ser valorizadas e, porque não, compartilhadas. Espero poder ter mais textos desse tipo publicados um dia. De qualquer forma, fico feliz por ter essa oportunidade de expressar minhas ideias, ainda que em uma obra simples, porém importante. Mais que isso, saber que alguém lê e considera o que escrevo interessante para si e para outras pessoas é sempre um incentivo a mais.

Assim que eu tiver maiores informações a respeito do lançamento, eu publico aqui na seção de Dicas de Leitura. Para quem já leu o texto e, mesmo assim, quiser comprar o livro, agradeço. Também fica como dica para presentear quem não tem acesso ao blog. Além disso, servirá como um meio a mais de divulgar e perpetuar o nome do Inter. Vale lembrar que não receberei um centavo sequer por isso, apenas um desconto para a comprar alguns exemplares. É um trabalho sem remuneração, feito com o coração mesmo. Então, é só aguardar mais uns meses. Espero que gostem.

Obrigado aos que acompanham este blog!


sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Uma Homenagem ao "Boné"


Uma parte da história do Beira-Rio vai ser retirada no fim de semana entre os dias 17 e 19 de Agosto de 2012. O famoso "Boné", como ficou conhecida a cobertura parcial, ao lado da Av. Padre Cacique, deixará de existir. Será retirada pela contrutora Andrade Gutierrez para dar lugar à nova e moderna cobertura do estádio da Copa de 2014, que começará a ser construída ainda em 2012. Para quem não conhece ou não é torcedor do Inter, aquele pedaço de marquise isolado (do lado oposto, a arquibancada superior é toda coberta) pode não ter muito valor, mas, ao menos para mim, aquele setor do Gigante tem um significado todo especial.

Maquete do Projeto Original do Beira-Rio
A história do "boné" data da construção do estádio, que começou a ser erguido em meados dos anos de 1960. Muita gente nem desconfia, mas o plano original era que o Beira-Rio tivesse três anéis de arquibancadas no lado onde o "boné" foi construído, como mostra a maquete ao lado.
Este plano foi logo descartado por falta de recursos financeiros. Vale lembrar que o clube não tinha o patrimônio e o tamanho que tem hoje e que boa parte do estádio foi contruído com doações dos torcedores. Pois bem, havia outra questão: a chacota por parte da torcida adversária em relação ao fato de o Beira-Rio ser construído sobre um aterro. Onde antes só havia água, agora havia terra e o maior estádio de futebol particular do mundo até então seria erguido ali em cima. Obviamente, muitos duvidaram que isso fosse possível, ainda mais para os padrões e para a engenharia da época. Gremistas riam e diziam que os sócios do Inter teriam direito a uma "bóia cativa", em vez de uma cadeira cativa no novo estádio. Perto de sua inauguração, era possível descer de barco ao lado do estádio.

Muitos chegavam  de barco ao estádio, literalmente
Mas, contra tudo e contra todos, o Gigante começou a tomar forma. Para mostrar que não havia mais volta e que o estádio era uma realidade, o Inter decidiu dar uma "amostra" de como pretendia deixar a arquibancada superior no futuro. O "boné" foi uma das primeiras estruturas a ficarem prontas, antes mesmo da arquibancada inferior, contrariando a lógica. Era uma forma de dizer que, mesmo não tendo recursos no momento para cobrir todo o estádio, se pretendia fazê-lo no futuro, e aquele pedaço de cobertura seria o "modelo" a ser seguido. Digamos que foi uma espécie de "jogada de marketing" que não deu muito certo, mas que acabou ficando na história. Curiosamente, depois dele, todo o lado da social foi coberto, conforme planejado inicialmente, seguindo o mesmo padrão. Mas o "boné" permaneceu lá, solitário, ao lado da Av. Padre Cacique, servindo de abrigo para cadeiras centrais, pouco tempo depois.

O "boné" foi uma das primeiras estruturas do Gigante a ficarem prontas

Antes das arquibancadas, lá estava o "boné"


Décadas se passaram, até, finalmente, o "boné" deixar de existir. Pode parecer estranho dar tanta importância a um pedaço tão pequeno do estádio, um atestado da falta de dinheiro para terminar o que se começou. Mas acreditem, esse pedaço, além de se confundir com a própria história do Beira-Rio, tem uma importância enorme e sempre terá um lugar guardado no coração dos Colorados. Muitos jogos assisti ali. O último foi Inter 2 x 1 Atlético-MG, pelo Campeonato Brasileiro de 2011 (meu pai disse que o gol do Bolatti valeu o ingresso). De lá para cá, só frequentei as sociais. Bem, ao menos enquanto as arquibancadas antigas ainda existiam. Particularmente, tenho muitas lembranças daquele lugar. Não era um dos que eu mais frequentava, mas gostava de lá. Vi muita coisa boa e outras nem tanto acontecerem dentro de campo estando sentado ali naquela região.

Em 2008, mudança na inscrição do topo
Hoje em dia, com a proporção e visibilidade mundial que o Inter alcançou, talvez o "boné" não tenha uma grande relevância para as novas gerações. Mas, na época das "vacas magras", nos anos 1980 e 1990, era o símbolo de uma das únicas coisas que ainda fazia a torcida creditar no Inter: a inscrição "A Maior Torcida do Rio Grande" (em 2008 trocaram para "A Maior e Melhor"). Mais do que a polêmica e ira que despertava nos tricolores, o "boné" era um símbolo. Além de proteger os torcedores das intempéries, dali se tinha uma visão privilegiada do campo e do pôr-do-sol do Guaiba.
Bela vista do pôr-do-sol do Guaíba

Jogo da Seleção Brasileira, em 2005
           
Mas o maior valor dele era para quem não ficava abrigado sob sua "aba". Tu entravas no estádio pelo outro lado e, das sociais, vias de frente aquela inscrição imponente. Aquilo te dava uma força inimaginável, não importava o resultado da partida ou contra quem o Inter estava jogando.

Das sociais, era essa a imagem que se via



Ao ler aquelas palavras, parece que elas te faziam acreditar que era sempre possível ganhar. Quando decidiu escrever aquilo, além de criar uma marca registrada que identificava o estádio, o clube dava a noção exata de quem eram os protagonistas do espetáculo: os Torcedores Colorados. Era a certeza de que sempre seríamos grandes, não importava o que acontecesse.


O velho "boné" com certeza vai deixar saudades, boas lembranças. Mas o novo sempre vem, precisa vir. Teremos um remodelado, confortável e moderno estádio, padrão FIFA, que, se não terá mais o "boné", ao menos conservará consigo todo o seu valor histórico. O único do RS que viu três Campeonatos Brasileiros, uma Copa do Brasil, duas Libertadores da América, duas Recopas e uma Copa Sulamericana serem erguidas. Pelo menos, até agora. Não é pouca coisa. E sei que iremos escrever novos capítulos de sucesso da centenária história do clube do povo. Que venha o futuro, e que a história seja tão gloriosa quanto foi até agora!

Novo Beira-Rio, Estádio Oficial da Copa do Mundo de 2014

sexta-feira, 4 de maio de 2012

O Índio e o Executivo


Quando você pensa em um grande zagueiro da história do Internacional, que nome lhe vem à cabeça? O grande Dom Elias Ricardo Figueroa Brander, campeão brasileiro de 1975, autor do "gol iluminado" na final daquele ano contra o Cruzeiro e referência técnica para muitos até hoje?  Ou quem sabe Carlos Alberto Gamarra Pavón, que já foi considerado o melhor zagueiro do mundo, dono de uma incrível habilidade de roubar a bola sem fazer falta (chegou a jogar uma Copa do Mundo inteira sem fazer uma falta sequer)?

Para mim, nenhum dos dois. Que me perdoem os saudosistas, mas o maior zagueiro da história do Sport Club Internacional não fala castelhano. Ele atende pelo nome de Marcos Antônio de Lima, ou, simplesmente, Índio.

Não há como questionar os seus números. Além se ser um dos zagueiros que mais vezes vestiu a camisa Colorada, é o que mais gols marcou, inclusive em Grenais. Um verdadeiro terror para os lados da Azenha/Humaitá. Mas é nos títulos conquistados que Índio comprova, com sobras, a minha tese: desde que chegou ao Inter, em 2005, foram 4 Campeonatos Gaúchos, 2 Libertadores, 1 Mundial FIFA, 1 Copa Sul-Aamericana, 2 Recopas e 1 Copa Suruga. Isso só para citar torneios oficiais. Ainda teve a Dubai Cup, que era torneio amistoso, mas que tinha participação de outros gigantes de futebol mundial. E poderia ter sido ainda melhor, não fossem os diversos vice-campeonatos que ocorreram durante o caminho. 

Sozinho, ele tem mais títulos que a maioria dos clubes Sul-Americanos. Isso não é pouca coisa. É provável que até a sua aposentadoria eu tenha de atualizar os números deste post.  

Atualizado em 14/05/2012: Agora são 5 Campeonatos Gaúchos

Atualizado em 05/05/2013: Agora são 6 Campeonatos Gaúchos

Atualizado em 13/04/2014: Agora são 7 Campeonatos Gaúchos

Com todo o respeito, Figueroa e Gamarra não ganharam nada, se comparados com Índio.

Todo colorado se lembra da imagem emblemática de Índio sangrando em campo durante a final do Mundial de 2006, contra o poderoso Barcelona, após ter sido atingido pelo colega Fabiano Eller numa disputa de bola pelo alto. Jogou o resto da partida com o nariz quebrado. Poucos minutos depois, iniciava a jogada que terminaria com o gol do título.

Mas há ainda algumas lições pessoais e profissionais que podemos aprender com Índio. Analisando a sua carreira até aqui, eu percebi algumas características que poderiam até servir de exemplo para executivos, gerentes, líderes ou demais cargos estratégicos que compõem uma empresa. Figuras como a do executivo são frequentemente associadas às tomadas de decisões. Por eles passa o futuro das organizações. Essas decisões são embasadas por diversos fatores, mas nem sempre explicada pelos mesmos. Em muitos casos, é possível perceber e entender claramente as decisões apenas analisando o perfil daqueles que as tomaram.

Deixo claro é que apenas um exercício de percepção, sem nenhum comprometimento direto com teorias acadêmicas, mas que, nem por isso, as deixam totalmente de lado. Listo algumas das características mencionadas a seguir: 

Resiliência e Perseverança: Já perto dos 40 anos, mas ainda em atividade, não são poucas as críticas que recebeu. Todos os anos ele é apontado como sendo velho para o futebol. E todos os anos ele levanta uma taça, sempre jogando bem. Tem períodos de baixa, como todo atleta profissional, mas sempre dá a volta por cima. Não desanima com as dificuldades e com as pancadas que recebe. Se ele passa um tempo no banco de reservas, trabalha para voltar ao time. E sempre volta, sempre consegue se superar.

É comum encontrarmos dificuldades e tomarmos pancadas durante a vida profissional. O que vai fazer você se diferenciar é justamente a capacidade de reação a essas adversidades. Esse detalhe pode significar um sucesso futuro ou um fracasso imediato, dependendo da sua escolha. Insistir naquilo que você acredita nem sempre é sinal de teimosia. Pode fazer muitas pessoas se surpreenderem com seus resultados, especialmente quando quase ninguém mais acreditava em você.



Capacidade de Adaptação: Depois de certa idade, se um jogador pretende continuar apresentando um futebol de alto nível, tem de aprender a mudar seus hábitos e, principalmente, redobrar os cuidados com sua forma. Índio aprendeu. Não por acaso é um dos mais elogiados pelos preparadores físicos a cada começo de temporada. Recebeu o apelido de “interminável” porque, mesmo com a idade, parece continuar correndo como um guri. Sabe que não pode ter mais o mesmo vigor de um jovem, então procura compensar isso tendo mais disciplina e cuidados extracampo.

Talvez a questão de manter-se atualizado sempre seja um dos maiores clichês do mercado de trabalho moderno. Porém, para uma posição de liderança, especialmente aquelas que lidam com grandes responsabilidades, isso se faz necessário. Saber “ler” o mercado, estar atento ao que acontece à concorrência e mudar os planos ou definir novos projetos é parte do jogo. Aprender um novo idioma para negociar com outros países ou lidar com uma nova tecnologia são fundamentais para manter você, ao menos, competitivo, mesmo depois de uma carreira já consolidada. Se a idade chegou, não deixe que ela limite sua capacidade ou reduza sua vontade de aprender. Deve-se utilizar a experiência adquirida para encontrar os “atalhos do campo”.



Foco: Não existe jogador de futebol santo. Todos aprontam alguma coisa na sua vida pessoal. Índio nunca foi conhecido como boêmio (baladeiro, pra usar uma expressão mais atual), mas já protagonizou episódios polêmicos fora das quatro linhas. Certa vez, foi muito criticado por chegar a um treino com um corte na mão, fato que o deixou alguns dias sem poder jogar. Se o corte foi feito durante os excessos de uma festa ou se foi um acidente doméstico, não importa. Ao contrário de tantos outros jogadores que vemos por aí, cuja vida pessoal aparece mais do que o futebol mostrado em campo, ele evitou polêmicas, seguiu calado, baixou a cabeça e continuou trabalhando duro, intensamente. O assunto se encerrou em poucos dias. E os bons resultados continuaram a vir mais tarde.

Saber realmente o que se quer, onde se pretende chegar e o que é preciso fazer para conseguir isso é o que diferencia as pessoas de sucesso das demais. Não dá pra ignorar os erros e fatores externos que se apresentam no caminho, há de se saber conviver com eles. Mais do que isso: deve-se aprender a minimizar possíveis impactos negativos trazidos por eles e que tendam a desviar você dos seus objetivos. Estratégias de Marketing tem mais sucesso quando estão segmentadas corretamente; objetivos empresariais são mais facilmente atingidos quando se tem um rumo a seguir. Defina o seu foco e trabalhe duro nele. Dificuldades fazem parte do caminho, mas não podem ser o fator determinante.



Humildade: Antes de ser jogador de futebol, Índio era cortador de cana, homem humilde. Não passou por categorias de base. Foi direto da várzea ao profissional. Mas sua humildade não ficou restrita às suas origens. Quando marcou seu 27º gol pelo Inter (hoje já são mais de 30), ultrapassando a marca do lendário Figueroa, Índio, sem querer, acabou fornecendo uma das explicações do seu sucesso no clube. Ao final do jogo, um repórter veio ao seu encontro e lhe perguntou como era a sensação de entrar para a história, ultrapassando justamente um ídolo da torcida. Ele respondeu dizendo: "Eu sou um mero coadjuvante, um simples trabalhador. Ultrapassar em gols o Figueroa me enche de alegria". Ainda viria mais. Como já disse, Índio tornou-se o zagueiro que mais marcou gols na história do Inter. Mesmo com toda a carga histórica do feito, com todas as conquistas que teve, ele ainda se considerava coadjuvante. Sempre foi jogador de exaltar o grupo. Sabe que nada se consegue sozinho. Mesmo estando no topo, ainda quer mais. Acha que pode mais. Quer aprender mais. 

Muita gente confunde humildade com “se fazer de coitado”. Isso é um erro. Ser humilde consiste, acima de tudo, em saber de suas limitações e ter certeza de que não se sabe de tudo; de que sempre há o que aprender e que se deve estar disposto a isso. É também saber respeitar outras pessoas que estão ao seu redor, afinal, você nunca está sozinho, seja em família, seja no trabalho. Assim como comentei sobre estar sempre atualizado e preparado, é igualmente importante ter em mente que você não é perfeito e nem soberano. Trabalhar em equipe requer lidar com pessoas diferentes, com anseios diferentes e com habilidades diferentes, não inferiores.



Todas essas pequenas lições acima são apenas uma forma de demonstrar como sempre é possível obter bons e úteis exemplos das coisas mais simples e distintas. Quando você imaginaria que a história de um ídolo do futebol poderia fornecer contribuições para o uso no dia-a-dia do seu trabalho? Talvez se você olhar apenas com os olhos de torcedor rival, isso não lhe acrescente muito. Mas olhando com os olhos de profissional e de ser humano, tenho certeza de que há muita coisa a ser aproveitada, ou, ao menos, que possa servir como reflexão para a forma como você está agindo no seu trabalho. Talvez o ponto principal aqui seja: não importam as dificuldades que possam aparecer, você sempre pode ser um vencedor. Basta querer e trabalhar muito para isso.


segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

D'Alessandro Fica. O Futebol Agradece.

A situação é a seguinte: você trabalha em um lugar. Gosta desse lugar. Ali você realizou suas maiores conquistas profissionais. E este lugar ainda lhe oferece ótimas condições de trabalho, um salário bem acima da média e muitas possibilidades de crescimento e conquistas futuras. Mais importante: você foi uma peça chave nas últimas conquistas e as pessoas gostam de você. Até os concorrentes te admiram.
Mas aí surge uma proposta irrecusável de uma multinacional chinesa, que oferece o dobro do que você ganha. Você naturalmente fica balançado. Vê ali uma oportunidade de garantir financeiramente o seu futuro e o da sua família. Não que isso já não seja possível hoje, mas ver a possibilidade de dobrar um salário que já é altíssimo certamente põe qualquer um a pensar.
Parecia inevitável a sua saída. Os concorrentes também estavam angustiados. Afinal, por muitas vezes você teve ajudou a obter êxitos sobre eles. Tornou-se um verdadeiro algoz, um carrasco. Não seria de se admirar estes concorrentes respirarem aliviados e até darem pulos de alegria com a sua saída. Afinal, não aguentavam mais perder pra você.
Mas eis que, surpreendentemente, você resolve ficar. Óbvio, pede uma compensação salarial para tanto, mas que ainda não chega aos valores oferecidos pelos chineses. Mas fica.
Por quê?
O episódio recente da possível ida de Andrés D'Alessandro do Internacional para o futebol chinês teve grande repercussão no futebol gaúcho e, por que não dizer, no futebol brasileiro. Sua saída era dada como certa, os 40% azul do RS estavam felizes com  o seu adeus. Mas ele disse ao povo Colorado que fica.  Fazendo isso, ele não somente deixa feliz uma nação inteira, mas faz um grande bem ao futebol.
Digo isso porque não há hoje, no RS, um jogador que jogue como ele. E, na sua função, talvez não haja nem no Brasil. Uns vão dizer que isso é exagero, etc. Mas eu me arrisco a manter minha posição, baseado não apenas na visível qualidade técnica de D'Ale, mas também por tudo o que ele já conquistou aqui. Desde 2008, quando desembarcou no Beira-Rio, D'Alessandro ganhou uma Copa Sul-Americana, uma Libertadores, uma Copa Suruga, uma Recopa e dois Campeonatos Gaúchos. Isso sem falar em outras campanhas boas, que terminaram com o segundo ou terceiro lugar. Aí eu pergunto: tem algum jogador na sua posição em atividade no Brasil hoje que, ao mesmo tempo, seja querido pela torcida e identificado com o clube, esteja jogando em alto nível e que tenha tantas conquistas? Por essas e outras, eu digo que não há.
D'Alessandro criou raízes profundas no Beira-Rio. Virou ídolo da torcida. E isso não é algo que acontece todos os dias. Alguém lembra qual o último ídolo que veio lá dos lados do coirmão da Azenha/Humaitá? Faz tempo que não aparece um. É bem verdade que o bom momento do clube e os títulos ajudam a formarem novos ídolos. Mas isso é natural. Se do outro lado nada aparece, nem títulos nem ídolos, não é problema dos Colorados. O fato é que tivemos vários ídolos nos últimos anos, muito por causa dos títulos, é verdade. Mas D’Alessandro é um dos maiores desses ídolos recentes porque, além de vencedor, joga muita bola. É o maestro do time. Tem momentos ruins, mas sempre está lá nas decisões, seja pra pressionar o juiz, seja pra fazer um gol em grenal, ou para dar um passe milimétrico que termine em  gol.
A decisão de ficar no Inter passa muito por isso. Aqui ele ganhou tudo o que nunca havia ganhado em qualquer outro clube. Aqui ele está há mais tempo do que já ficou em qualquer outro clube. Aqui ele é decisivo e importante como jamais foi em qualquer outro clube. Estar perto da Argentina, sua terra natal, certamente contribui. Mas ser ídolo é mais importante do que apenas o retorno financeiro. Mesmo que não vá ganhar o mesmo que na China, não dá pra dizer que ele já não tenha a vida ganha, financeiramente. É um absurdo o que se paga para um jogador de futebol, mas, no caso de D'Ale, ao menos o aumento está sendo feito para alguém que já deu e ainda pode dar retorno ao clube. Ou será que os títulos acima mencionados não valem o esforço? Mesmo que ele não ganhe mais nenhum, já terá dado ao clube muito mais do que o investido nele.
Essa é a diferença. Muitos tricolores reclamam que a imprensa falava mal em pagar tanto para as novas contratações azuis e pouco sobre o aumento que D’Alessandro receberá. Mas nem teria por que falar. Simplesmente não dá pra comparar. Uma coisa é pagar “X” para quem já deu tantas glórias ao clube e ainda tem potencial para dar mais. Outra é pagar esse mesmo “X” para quem ainda é uma aposta, que poder dar certo, mas que também pode fracassar. D'Alessandro deu muito certo!
Não é só a identificação com o clube, o folclore do "La Boba", as jogadas decisivas, a raça em campo. A questão é que os Colorados olham para D'ale e veem ali outro Colorado, seja em momentos bons, seja em ruins. Esse talvez seja o maior motivo do clamor pela sua permanência. Sabem que ele ainda irá decidir muitos grenais, disputar muitos títulos e talvez ganhar alguns.
É também importante sua permanência para que tenhamos uma redução na exportação de bons jogadores para os grandes centros de maior poderio financeiro. Ganham o clube, a torcida e o futebol em si. Sonho um dia ainda ver os clubes brasileiros serem tão grandes quanto os Europeus, que o Brasil seja o lugar onde todo mundo quer jogar. Já fomos referência, hoje estamos muito atrás. Recuperar isso é fundamental e podemos começar mantendo os bons jogadores em nossos clubes, mesmo os estrangeiros, como D'Alessandro.
Tenho para mim que, mais que simplesmente dinheiro, ser ídolo é para sempre. Perguntem a Larry, Falcão, Valdomiro, Figueroa, Fernandão e Cia. o que eles sentem até hoje em serem lembrados por seus feitos e como eles ainda são ovacionados pelos torcedores nas ruas. Se os citei aqui, é justamente porque seus nomes tem peso na história do Internacional, oras. E perguntem se eles acham que isso tem preço, que dinheiro algum no mundo é capaz de comprar esse tipo de coisa. Amigos gremistas, perguntem o mesmo a seus ídolos do passado. É nisso que D'Alessandro provavelmente pensou e colocou do lado Colorado da balança, juntamente com tantos outros fatores, claro.
Afinal, vale mais encher os bolsos, ir para a China e ser esquecido, ou encher um pouco menos os bolsos, ficar onde terás outras tantas oportunidades e consolidar seu nome na história? Andrés D’Alessandro, com certeza, será lembrado daqui a muitos anos, como foram seus antecessores, igualmente ídolos, hoje lembrados com carinho pela torcida do futebol bem jogado, não somente a do Internacional.
Obrigado por ficar, D'Ale. O futebol agradece!



quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

A Minha Geração é a Mais Colorada de Todas. E Sempre Será.

Nasci em 1979. Entrei na pré-escola em 1985. Formei-me na faculdade de Administração em 2005.

Se você, caro leitor, é um Colorado de verdade e pertence à minha geração, o parágrafo acima é autoexplicativo. Por si só ele já justifica o título deste post.  Se você preferir, nem precisa continuar lendo, uma vez que nada do que vier na sequência lhe representa algo que já não seja sabido.

Mas, no caso de você ou não ser Colorado, ou nem gaúcho, ou nem gostar de futebol, tenho certeza de que, ao final deste artigo, entenderá o que quero dizer.  O mesmo pode ser dito aos Colorados de gerações anteriores ou posteriores à minha. Para estes, o texto que, devido ao título, pode inicialmente parecer ter ares pretenciosos ou até mesmo de arrogância, ficará claro e plenamente compreensível ao seu final. Não se trata de uma afronta, mas de licença poética.

Antes de tudo, é bom esclarecer que sou um cara que gosta muito de futebol. Não acompanho apenas jogos do Inter, vejo praticamente tudo o que passa na TV a respeito. Quanto ao meu time do coração, me considero exatamente isso: um Colorado de coração, mas sem ser fanático ao extremo.  Sempre torço até um limite que eu considere saudável, afinal, a vida tem outras coisas a serem priorizadas. Sou sócio em dia, só compro produtos licenciados, compro o uniforme oficial todo ano, vou ao estádio de vez em quando e tenho as minhas “mandingas” e superstições, como todo torcedor. Jamais briguei por causa de futebol. Guardo as frustrações para mim e sempre respeito os outros. Até acho que sou comedido demais em flautear os adversários (em especial, o coirmão tricolor) justamente por ter amigos gremistas que prezo muito mais do que a rivalidade, esta muitas vezes desvirtuada por pessoas (ou seriam bárbaros?) que não conseguem desassociar a palavra “adversário” da palavra “inimigo”.

Dito isso, vamos analisar a argumentação em favor da minha geração.

Meu pai é Colorado. Veio do interior de Santo Antônio da Patrulha (parte onde hoje é o município de Caraá) e chegou a Porto Alegre em 1972. Viveu todo aquele período de conquistas do Inter da década de 1970, com seus grandes times. Esteve no Beira-Rio nas finais daqueles campeonatos. Viu de perto jogadores como Falcão, Manga, Carpegiani, Valdomiro e Cia passearem soberanos pelos gramados daquela época.  Eu nasci em 1979, ano do tri nacional, conquistado de forma invicta, feito até hoje inigualado no campeonato brasileiro. Fato de tamanha relevância que acabou por criar uma das expressões pela qual nós gaúchos somos conhecidos mundo afora: o “tri legal”. Não é todo dia que se vê um título passar a fazer parte de toda uma cultura, mesmo que involuntariamente.

Não lembro de quando nem por que me tornei Colorado. Quando vi, já tinha escolhido torcer pelo Inter.  Talvez por ver meu pai torcendo. Mas, parafraseando um dos filmes-documentários do Inter, acho que é por causa do vermelho. Como é bonito o vermelho!

Ter nascido num ano tão especial certamente seria o prenúncio de que mais feitos relevantes viriam em seguida. Mas não foi bem assim que aconteceu. E o que aconteceu não poderia ter sido pior. Pensem numa criança de 4 anos, recém começando a entender como funcionam as coisas da vida,  iniciando sua “formação futebolística”, amparada por campeonatos nacionais jamais sonhados pelos rivais até então. De repente, ela vê esses rivais ganharem o Brasil, a América e, segundo eles, o Mundo, tudo em poucos meses.  Sem nem sequer saber direito o que é torcer, ela já tem que se esforçar para aguentar as piadas dos tios gremistas (e não eram poucos) e encontrar alguma razão para não torcer pelo tal “Campeão do Mundo”. O que essa criança podia fazer era esperar para que o seu time fizesse o mesmo.  Será que faria?

Veio 1985 e, juntamente com a vida escolar que se iniciava, eu descobria aquela que seria a pior de todas as mazelas em termos de flautas: a que vinha dos colegas de aula. Era a pior porque nunca vinha de apenas uma pessoa. E, muitas vezes, vinha de várias ao mesmo tempo. Era quase insuportável. E ficou ainda mais angustiante. Em 1995 ainda viria outra conquista da América pelo rival, sem falar de outro brasileiro em 1996 e das Copas do Brasil nos anos que se seguiram.

Terminei o segundo grau (hoje ensino médio) técnico em 1997. Dá pra imaginar o que é passar 13 anos da sua vida até então, 13 anos inteiros tendo de conviver sempre com as mesmas flautas e sempre tentando se justificar tendo apenas alguns grenais e uma Copa do Brasil como paliativo, em doses homeopáticas, para comemorar perante os amigos torcedores do rival? Talvez para um adulto, com maturidade suficiente, isso nem seria assim tão complicado, embora não menos doloroso. Mas passar toda a infância e adolescência convivendo com isso era dose. Quase um castigo. Era de chorar em certas ocasiões. Perdi as contas das vezes em que ouvi chamarem meu Inter de “Inter-Regional” ou de entrar em estabelecimentos comerciais que tinham aquela famigerada plaquinha escrito “Fiado só quando o Inter for campeão do mundo”.

Era demais para aguentar. Não tinha como você tentar comparar a grandeza do seu clube apenas baseado no tamanho e amor da torcida perante todas as conquistas internacionais do tradicional adversário, mesmo tendo ciência absoluta e nunca duvidando da tal grandeza. A soberba tomou conta dos tricolores dessa época. Ficaram ainda mais insuportáveis em suas flautas. E com razão, pois nós, Colorados, haja vista o que nossas direções apresentavam em termos de times e gestões, não conseguíamos vislumbrar o dia em que chegaríamos a tais conquistas. Na década de 1970, os gremistas mal sonhavam em ganhar dos times paulistas e cariocas e nós Colorados já éramos campeões brasileiros. Mas o sofrimento dos Colorados das décadas de 80 e 90 era pior, pois as conquistas do arquirrival davam-se em âmbito internacional.

O bom disso tudo era que, mesmo vivendo in loco a época mais difícil para um torcedor do Inter em toda a história, eu jamais, em momento algum, sequer titubeei ou pensei em desistir de ser Colorado. Ao contrário, parecia que a cada título do coirmão eu via aumentar a minha convicção. Eu sabia, tinha certeza de que um dia as coisas iriam mudar. Mas ainda levaria um tempo...

Entrei na faculdade em 1998. Aí eu já era adulto, mas mesmo assim, continuava na mesma situação. E, na faculdade, as flautas vinham mais sofisticadas, em nível universitário, se é que me entende. A era da internet estava recém começando, então a informação era disseminada mais facilmente.  Minha formatura foi em 2005. Isso mesmo, caro leitor. Não bastasse passar os 9 anos do primeiro grau (hoje ensino fundamental) vendo os colegas e amigos gremistas me flautearem dizendo que eram campeões da América e do Mundo (enquanto nós conseguíamos apenas uma Copa do Brasil), não bastasse passar mais 4 anos do segundo grau vendo eles serem campeões brasileiros, da Copa d Brasil e da América mais uma vez, ainda passei mais 7 anos da faculdade ouvindo as mesmas flautas e ainda vendo eles ganharem mais uma Copa do Brasil, em 2001. Resumindo, passei todos os meus 20 anos escolares sem poder comemorar um título relevante e sem poder flautear meus colegas, a não ser por dois rebaixamentos à segunda divisão. E esse tempo não tem mais volta, não terei essa oportunidade novamente.

O ponto chave aqui é: Qualquer outra geração de Colorados anterior à minha não teve de passar por isso.  E as posteriores jamais passarão.

Toda aquela minha “Coloradice” começaria a regozijar-se a partir de 2002. Mesmo sendo um ano difícil, onde o Inter escapara pela segunda vez de um rebaixamento na última rodada do campeonato, este ano marcou o início de uma revolução no clube. Revolução essa que, de lá para cá, fez com que o Inter tenha conquistado uma quantidade de títulos em tão pouco tempo raramente vista no futebol brasileiro. Enquanto os 40% azul do RS levaram 12 anos para ganharem duas Libertadores e um Mundial, o Inter o fez em incríveis 4 anos. E, em 5, já havia acumulado mais duas Recopas, 1 Sulamericana, vários títulos gaúchos e de outros torneios internacionais, ultrapassando o arquirrival neste quesito. Aquilo que era sonho de repente passou a ser realidade. O Inter conseguiu, de 2002 até hoje, janeiro de 2012, ganhar pelo menos um título todo ano. E, desde 2006, pelo menos um título internacional por ano.

Não sei se esse ritmo irá manter-se. É muito difícil. Mas tomara que sim. Também não acredito que o coirmão irá amargar tanto tempo mais sem ganhar nada. Mas tomara que sim. Se bem que 10 anos são nada perto do que nós Colorados passamos. Eles nem têm direito de reclamar. Óbvio que uma criança gremista que hoje tem 10 ou 11 anos não viu seu time ganhar nada de importante, mas tem ao menos o respaldo do que aconteceu no passado. Eu não tinha. Os Colorados das novas gerações terão.

Mas também uma coisa é certa: essa época de vacas magras não mais se repetirá para os lados do Beira-Rio. Primeiro porque agora a conversa é outra. Somos Campeões de Tudo! O único clube do Brasil que detém todos os títulos vigentes possíveis. Segundo porque, com o atual nível de gestão atingido, dificilmente entraremos em uma competição sem termos condições de ganhá-la. O Inter é hoje um clube reconhecido mundialmente, seja pelas conquistas, seja pela referência em gestão. Estamos definitivamente em  um outro patamar. Um que finalmente justifica o nome do clube. Percalços ocorrerão, o que é natural, mas nunca mais seremos os mesmos. Nunca mais Colorado nenhum sofrerá da chaga de não ser campeão do mundo!

Não estou aqui querendo comparar os dois clubes. Trata-se de comparar o Inter com ele mesmo. As menções ao tradicional adversário dão-se porque é preciso, para fins de relatar a história toda e porque a existência e sucesso dos dois estão diretamente interligados, por isso são chamados por muitos de coirmãos.

Quando me refiro à minha geração como sendo a mais Colorada de todas, não pretendo desrespeitar as que passaram ou as que se seguirão. Essa afirmação vem justamente de todas as dificuldades pelas quais ela passou, coisa que nenhuma geração teve de passar. Era preciso ser muito perseverante e corajoso para ser Colorado naquela época e ter orgulho disso. Hoje é muito mais fácil. E continuará sendo mais fácil daqui para adiante, não importa o que aconteça, pois já chegamos lá. Hoje uma criança Colorada pode bater no peito e dizer aos amigos e colegas que seu time já ganhou tudo.

A emoção de poder presenciar tanto aquela época quanto esta que agora passamos também é algo único, um verdadeiro divisor de águas. E isso é que faz a coisa toda ter um sabor ainda mais especial.  Não sei em que época você pode estar lendo esse artigo. Muita coisa pode ter acontecido desde que ele foi escrito, em janeiro de 2012: conquistas, derrotas, ou o que quer que seja. Mas uma coisa é certa: O Inter mudou muito desde a minha época. E para melhor. E assim permanecerá.

Digo que tudo começou a mudar daquele dia 17 de Dezembro de 2006, cuja sensação foi brilhantemente relatada pelo grande Colorado Luis Fernando Veríssimo no vídeo intitulado “Não me Acorde”, narrado por Adroaldo Guerra Filho, outro ilustre Colorado. É um relato que jamais sairá da minha memória. É um daqueles momentos únicos!


Desnecessário mencionar todos os protagonistas daquela conquista, seja o "Capitão Planeta" Fernandão, seja o "Gigante" Iarley ou o predestinado e contestado Adriano Gabiru. Uma vitória maiúscula sobre um supertime de futebol, que possuía o melhor jogador do mundo, que, às vésperas da partida final havia aplicado um estrondoso show de bola sobre um adversário mexicano. Poucas vezes se viu tamanho chocolate. Mas o Inter foi lá e provou que a história não está reservada apenas aos que podem, mas aos que, acima de tudo, querem. O resultado, todos nós sabemos. Não é preciso repetir aqui, a história já se encarregará disso por muitos e muitos anos.

O bom de tudo isso é que pude comemorar todas essas conquistas com meu pai! Eu que, naquele mesmo ano de 2006, depois de perder o Gauchão, reclamava para ele, louco de bravo, dizendo que eu achava que iria morrer sem ver meu time ganhar um título de relevância mundial. Logo naquele ano, que marcaria uma virada histórica poucas vezes vista. E meu pai lá, me dizendo que um dia chegaria a nossa vez.  E chegou!  Eu sempre tive para mim que um filho tem a obrigação de torcer pelo mesmo time que o pai. Hoje isso faz mais sentido do que nunca. Como foi bom esperar! Valeu cada ano, cada derrota, cada angústia. Espero que ainda possamos comemorar muitos outros títulos juntos.

Da esquerda para a direita: Ribas, Desconhecido, Bianquine, Santino (meu pai) e Eu - 17/12/2006

 Se você leu até aqui e, ou não é Colorado, ou nem gaúcho, ou nem gosta de futebol, espero que tenha compreendido o porquê do título do post. Provavelmente ele ficou mais claro agora, não é? Obrigado por acompanhar o texto até aqui.

Se você, mesmo tendo entendido o primeiro parágrafo e não tendo a necessidade de ler o resto, o fez, parabéns! Você o fez porque se interessou, porque se identificou, porque sente o mesmo que eu. Você o fez porque certamente é COLORADO!


Saudações Coloradas!