O Crescer e o CRESCER

Quer um aumento? Mude de emprego. Essa é uma expressão que tenho visto ser utilizada de forma frequente por alguns consultores de gestão de pessoas.

Internacional

Minha geração é a mais Colorada de todas. E sempre será!

É Hora de Abandonar o "Complexo de Vira-Lata" e Arregaçar as Mangas

Certos acontecimentos são cíclicos. Não importa a época, de tempos em tempos eles se repetem. Mudam um pouquinho aqui ou ali, mas preservam a mesma essência...

A Legião Urbana Vence Tudo. Até o Tempo.

A eternidade é o prêmio concedido àqueles que realizam feitos notáveis, únicos ou não, mas que são capazes de perdurar a ponto de serem lembrados por diversas gerações subsequentes...

"Cer" ou "Não Cer"

- Como esse pessoal da TI gosta de falar em certificações - disse um amigo que é consultor de RH. Tem lógica..

sábado, 29 de março de 2014

Se Meu Fusca Falasse - Capítulo 10: Agora Vai Começar a Brincadeira!

25/01/2014

Finalmente chegou o dia de começar a restauração do Fuscão. Depois de quase um ano comprando peças e procurando por um bom restaurador, finalmente o processo vai começar. Serão meses de trabalho (e um considerável rombo no orçamento) até que o carro esteja finalizado. Como comentei anteriormente, o carro será restaurado pela Cia do Fusca (www.ciadofusca.com.br), aqui de Porto Alegre - RS. Depois de algumas conversas com o pessoal da oficina, anotamos os detalhes, todas as peças que faltam, as que serão recuperadas, e fizemos o orçamento final. Como disse, o carro está com a estrutura bem íntegra e ainda conserva um ótimo índice de originalidade. Isso, somado ao fato de a funilaria estar em dia (nada de podres), deve facilitar um pouco o trabalho. Mas os detalhes é que devem tomar mais tempo.

Ao longo dos próximos posts, vocês poderão acompanhar toda a evolução do trabalho. A minha meta é deixar o carro em um nível de originalidade que o habilite a obter a placa preta, destinada a veículos de coleção. Aliás, muita gente pergunta o porquê dessa minha obsessão pela placa preta. Se eu quero aparecer ou fazer o carro valer mais para obter um possível lucro maior em uma venda futura. Nada disso! Muita gente usa a placa preta para esses fins, o que eu considero algo completamente errado. Para mim, a placa preta não é um troféu. Ela representa um atestado de trabalho bem feito, um resgate de um item da história automobilística do Brasil, por mais pequeno que esse gesto possa representar pra todo o contexto histórico. Mas, quando cada um faz uma pequena parte, ganha-se no todo. Eu realmente sinto que estou trazendo um item histórico de volta à vida. Talvez se eu não o tivesse encontrado pela Internet, no interior de Taubaté-SP e estivesse restaurando ele agora, provavelmente o carro se perderia e iria acabar no ferro-velho. É como se ele estivesse recebendo uma segunda chance. É isso que me motiva, como amante de carros antigos e de história.

Carros como este VW ainda são comuns do Brasil, mas a maioria está descaracterizada. Mesmo assim, é mérito do Fusca ser um carro que, mesmo depois de 40 ou 50 anos de tantos mal tratos, ainda consegue resistir. Você acha que os carros de hoje estarão sequer inteiros daqui a 50 anos? É pouco provável. O caso é que esses modelos correm o risco de desaparecer por conta da tal renovação da frota no Brasil. Da forma como é feita, os Detrans estarão condenando esse tipo de carro à reciclagem num futuro bem próximo, pegando no pé dos proprietários e aprendendo os veículos ao menor sinal de irregularidade. A placa preta, de certa forma, evita um pouco esse processo, uma vez que os carros que as possuem estão, teoricamente, dispensados de obedecer todas as exigências de segurança, emissões e construção dos carros atuais. A desculpa do governo é a poluição que os carros antigos produzem. Oras, a idade média da frota no Brasil é de cerca de 8 anos apenas. E, dos 80 milhões de veículos que temos, apenas cerca de 2% são considerados antigos. Ou seja, encher o mercado com um monte de carros novos vai poluir até mais do que manter os antigos rodando. É mais ou menos o que aconteceu na Europa. Só que agora, os europeus querem ter Fuscas e Kombis e não conseguem encontrar, porque os governos já reciclaram todos. E isso faz com que mesmo os alemães, criadores dos VW, venham ao Brasil buscar esses carros para restaurar por lá. O valor histórico não foi respeitado nesses países e corremos o risco de ter o mesmo sendo feito aqui. Mais um motivo para valorizarmos nossos antigos e tentarmos recuperar todos quantos pudermos. 

Mas enfim, discussões políticas à parte, vamos ao que interessa. Depois de conhecer a oficina e fazer o orçamento, já deixei o carro lá no mesmo dia. Era um sábado e o carro ainda iria aguardar uns dias na "fila" até poder ser desmontado. Confesso que foi meio difícil deixá-lo lá, mas sabia que seria por um bom motivo. 


Fuscão em frente à oficina


01/02/2014

Depois de deixar o Fuscão na oficina, voltei uns dias depois para ver como seria o início dos trabalhos. Antes de fazer qualquer coisa, resolvemos dar um banho quente no carro para retirar toda a sujeira e a gordura que fica impregnada no chassi e na lataria. De certa forma, essa limpeza ajuda a expor defeitos mais gritantes que possam existir ou revelar boas notícias em relação à estrutura. No meu caso, o resultado foi positivo. Após o banho, pudemos confirmar como o carro estava bom em termos de suspensão e lataria, algo que já sabíamos. Agora temos uma ideia melhor em relação ao tamanho do esforço que será necessário na restauração.

Assoalhos e suspensão em muito bom estado após o banho quente



Traseira também está em ordem


Motor, agora limpo, revela todas as partes que precisarão de pintura
 
04/02/2014

Antes de iniciar a desmontagem do carro, estive novamente na oficina para acertar os últimos detalhes e dar início ao trabalho. Tudo certo, era hora de realmente ver o Fuscão montado pela última vez, como mostra a foto abaixo, tirada na garagem do proprietário da oficina. A partir de agora, ele só vai estar inteiro de novo depois de alguns meses. O curioso é que o banho quente dá a impressão, pela foto, de que o carro não precisa de restauração. Muitos amigos me disseram o mesmo. Mas reparem na diferença de cor dos para-lamas e em itens como os estribos e faróis, que não são originais. Por isso eu sempre digo que foto engana e melhora a aparência de qualquer carro. Ao vivo, ele sempre está pior. Era o caso do meu.


Última foto do Fuscão inteiro antes da desmontagem

Se meu Fusca falasse, ele diria que está com aquele frio na barriga agora...




sábado, 22 de março de 2014

Se Meu Fusca Falasse - Capítulo 9: Dia Nacional do Fusca

11/01/2014 e 19/01/2014

Todo mundo que realmente gosta de Fusca sabe que dia 20 de Janeiro é o dia nacional dedicado a ele. Nessa data, geralmente os encontros de clubes Brasil afora são mais especiais. É como se fosse a comemoração de um aniversário, daquele que é o carro mais popular de todos os tempos. Há ainda um dia mundial do Fusca, celebrado em 22 de junho.

Em Porto Alegre, o Fusca Clube não fica de fora. O clube existe desde 1996 e se reúne mensalmente. Resolvi então aproveitar a data e levar o Fuscão para o seu primeiro encontro. Mas, antes disso, ele precisava de um banho. Afinal, eu não queria que ele aparecesse sujo no meio de tanto carro legal. Foi a primeira vez que lavei o carro no posto desde que comprei. Só havia lavado em casa até então. Mas ele precisava de uma geral em partes que a gente não consegue lavar com balde e panos. Depois da lavagem, a chuva chegou. Felizmente, deu tempo de guardá-lo antes. O encontro era no outro final de semana, e não mexi nele até lá.

Já no posto, com o tempo fechando...
 
Muita poeira
 
Agora sim, água e sabão

Já pronto, secando à sombra. Novamente, dá pra notar a diferença de cor nos para-lamas


Na garagem, com o "irmão", 40 anos mais novo
  
O encontro, no fim de semana seguinte, estava bem legal e tinha carros de todos os níveis, originais ou não. Sendo assim, o meu não estava tão ruim, especialmente perto de alguns que adota o estilo "hood ride", que, diga-se, eu não gosto muito. Recebi elogios pela originalidade do carro e até proposta de compra, acreditem. Mas não penso em vender. Ainda quero ter muita história pra rolar com esse carro.


Fuscão no encontro


Bons tempos onde as cores de carros não se resumiam ao preto e ao prata...

Pegando um solzinho


De longe, dá pra ver que o carrinho tem muito potencial


Aproveitei e já fiz uns contatos de oficinas de restauração e peças. Foi aí que cheguei até a Cia do Fusca, que irá realizar o serviço. A partir de agora, todos os posts seguintes serão dedicados à restauração em si, parte por parte. Serão longos meses de trabalho, até que ele esteja pronto para, quem sabe, receber a placa preta ao final do processo.

Se meu Fusca falasse, ele diria que agora tudo é expectativa!

quarta-feira, 19 de março de 2014

Se Meu Fusca Falasse - Capítulo 8: Visitando o Escritório e o Mecânico no Mesmo Dia...


07/11/2013



Sempre fui do princípio de que carro antigo tem que rodar. Ficar parado é coisa de museu. Faz bem para a saúde do carro. Num dia desses, estava parado no sinal vermelho quando, um rapaz, num JAC J3, acertou a traseira do meu Honda Fit, que é o carro que uso no dia-a-dia. Até nessas horas é importante termos sorte. A minha foi que o cara que bateu no meu carro era uma pessoa honesta, reconheceu o erro e acionou o seguro dele imediatamente.  Porém, eu ficaria uma semana sem carro.

Logicamente, pensei em usar o Fuscão para ir ao trabalho, ao menos em um desses dias. Sim, porque às vésperas do verão é meio complicado andar no trânsito aqui sem ar condicionado. Mas topei e resolvi ir com o besouro até o trabalho. O mais engraçado é a diferença que a gente sente no trânsito contemporâneo estando em um carro de quatro décadas atrás. Parece que tomo mundo vai passar por cima de você. A gente não tem noção disso estando em um carro moderno. Realmente, ou as pessoas estão com muito mais pressa, ou isso é efeito da tecnologia. Particularmente, acho que é um pouco das duas coisas. E também tem a questão da segurança. Na hora do rush, você se sente bem menos seguro num carro antigo.

Bem, o carro estava meio empoeirado, mas fui com ele mesmo assim. Chegando ao trabalho, deixei-o no estacionamento do prédio, no meio de todos aqueles carros novos. O interessante é que, naquele andar do prédio, existem dois Fuscas “Itamar” e um Puma GTS estacionados, pegando poeira. Provavelmente são de algum colecionador que os mantém ali. Ele bem que podia lavar de vez em quando. Muita gente, mais tarde, veio até minha mesa me perguntar se o Fusca que estava na minha vaga era meu mesmo...

A volta foi um pouco difícil. Como ainda era horário de verão, saí do escritório com o sol ainda alto. Quando estava quase chegando em casa, faltando algumas quadras, o carro não engatou mais marcha nenhuma e tive de parar. Ainda bem que não tinha sido na rodovia. Dei sorte, novamente. Liguei para o mecânico que mora perto da minha casa e ele foi até lá, pra me ajudar. Como qualquer um conserta um Fusca com um arame e um alicate, demos um jeito de engatar a marcha à força, mexendo na junção que se acessa por baixo do banco traseiro. Era o suficiente para levar o carro até a oficina. No dia seguinte, pudemos ver que o estrago não era tão grande assim. A primeira indicação era de que a embreagem tinha ido “pras cucuias”. Olhamos o carro por baixo e vimos que a embreagem, incrivelmente, ainda era a original. Algo raro, para um carro daquela idade. Mas o problema foi mesmo no cabo. Substituímos e ficou funcionando normalmente. Talvez troque a embreagem mais adiante, mas só se precisar. A dele ainda estava em bom estado. 

No outro dia, foi a vez do pedal do acelerador quebrar. Era daqueles de plástico. Encontrei um original num ferro-velho perto da minha casa e eu mesmo substituí. Foi aí que eu vi que o carro podia andar muito mais do que eu pensava. O pedal anterior realmente era muito ruim perto deste novo, que fazia o sistema funcionar corretamente e sem nada para trancar. Depois disso, não tive mais nenhum problema mecânico.

Se meu Fusca falasse, ele diria: - Desculpa, isso nunca me aconteceu antes...

domingo, 16 de março de 2014

Se Meu Fusca Falasse - Capítulo 7: Rádio Finalmente Instalado


29/09/2013:


Aqueles que estão acompanhando as etapas da restauração do Fuscão devem lembrar que, no Capítulo  4, eu adquiri um rádio Bosch Blaupunkt de época. Até então eu não havia instalado o equipamento, pois a falta de tempo não havia deixado. Mas eis que chegou o dia. Fui até uma loja dessas que trabalham com som automotivo e instalei o rádio. O pessoal da loja até estranhou, pois o normal para eles era chegar um carro bem mais novo e com um aparelho de som mais novo ainda. E eu cheguei com um Fuscão 1973 e um rádio AM pra instalar. Coisas da vida...


Rádio Bosch Blaupunkt deu novo ar ao painel de Jacarandá
Retirar o rádio anterior foi mais difícil que instalar o Blaupunkt.  Como já mencionei, o carro veio com um rádio Bosch San Francisco II, da década de 1980. Até era legal, mas não batia com a idade do besouro, já que, no começo dos anos 1970, os rádios tinham apenas AM.  O grande desafio era retirar o San Franciso, pois ele era grande e ficava apertado no buraco do painel reservado para ele. E como a retirada se dava para o lado de dentro do carro, tivemos de tomar todo o cuidado do mundo para não danificar o jacarandá do painel.  Esse cuidado fez o processo demorar um pouco, mas conseguimos retirar a peça sem danificar nada.



A colocação do Blaupunkt foi simples, mas, como o aparelho era menor, ele ficou meio solto no compartimento. Tivemos de dar um jeitinho para ele ficar firme. Provavelmente no futuro, terei de colocar uma chapa de metal entre os comandos do rádio e a parede do compartimento do rádio que fica para dentro do porta-malas, para deixar ele mais firme. Mas o resultado, mesmo assim, ficou muito bom. Reparem nas fotos como o novo rádio deu um ar mais “chique” ao painel.


Minha ideia original era comprar todas as peças e instalá-las apenas quando fosse começar a restauração. Mas abri uma exceção para o rádio. Como eu tinha um interessado no San Francisco II, resolvi instalar o "novo", para poder vender o "velho". Foi o que fiz. Assim, para não deixar um buraco no painel, resolvi instalar o Blaupunkt, mesmo sabendo que ele terá de sair quando a restauração começar.
 
Obviamente, aproveitei o dia bonito e tirei mais umas fotinhos do Fuscão. Meu filho, que também virou fã do carrinho, também fez questão de sair nas fotos. Assim, limpo, o besouro até que é bem fotogênico, não acham?
 








O herdeiro do Fuscão...

Minha esposa não gosta muito de carros, mas vai se acostumar com o Fuscão


Se meu Fusca falasse... Opa, agora ele tem um rádio novo, já pode falar. Ao menos, indiretamente.


Se Meu Fusca Falasse - Capítulo 6: Pegando a Estrada para Exercitar



31/08/2013:


Nem tudo no processo de restauração é compra de peças e espera por uma oficina competente para realizar o trabalho. É sempre bom colocar o carro pra rodar. Carro antigo, pra mim, tem que ser assim. Não é pra ficar parado ou sobre cavaletes. Tem de ir pra estrada.


Depois de uma temporada nos EUA a trabalho, era hora de tirar o Fuscão da masmorra (como eu chamo a garagem onde ele fica, que é no subsolo) e botar ele para rodar, fazer uns exercícios.  Desde a compra, ele ainda não tinha rodado muito comigo, e ainda não tinha sido apresentado às estradas aqui do RS. Bem, num desses dias eu resolvi que seria a hora para ele conhecer. Peguei o carro num fim de semana, depois de algum tempo parado, devido à minha viagem e aos seguidos dias chuvosos do nosso inverno gaúcho, e fui dar uma volta pela BR-290 (conhecida aqui como Free-way). Consegui atingir 90 km/h no curto trajeto que fiz com ele, mas deu pra ver que ele estava com o motor bom.


No caminho, parei para tirar umas fotos próximas ao acesso à cidade de Cachoeirinha, onde moro. Dá pra ver claramente, à luz do sol, todos os defeitinhos de pintura que o carro carrega consigo. Mas, mesmo assim, teve gente que parou para perguntar sobre ele e elogiar o alinhamento da carroceria. É por essas e outras que eu tenho muita esperança de que, após a restauração, esse Fuscão vai voltar aos seus melhores dias.


Se meu Fusca falasse, ele iria reclamar que está velho e não tem mais idade para exercícios forçados. Mas é para o bem dele. 

Dono do Corolla parou pra perguntar sobre o Fuscão




Marcas bem visíveis no capô.




Eu e meus Fuscão, contemplando a paisagem.




Dias chuvosos


Se Meu Fusca Falasse - Capítulo 5: A Transferência


22/05/2013:

Fazer a transferência de um carro pode ser algo bastante simples ou não, vai depender do quanto você quer gastar em termos de tempo e dinheiro. Muita gente recorre a serviços de despachantes, que cuidam de toda a papelada em troca de uma comissão, enquanto você economiza o seu tempo.  Mas o papai aqui sempre tenta dar uma de Charlie (o “Ursolão” do desenho “A família Urso”), que sempre tentava economizar fazendo as coisas ele mesmo. Só que, no caso do meu Fuscão, as coisas foram um pouco mais complicadas do que deveriam.

Não tenho prática com esses serviços, então era certo que me esqueceria de alguma coisa. Fui ao CRLV e, na primeira tentativa, me disseram que precisaria ter firma reconhecida em cartório. Fui ao cartório, reconheci a firma e fui ao CRLV de novo, no dia seguinte, pela manhã. Aí eu vi que o antigo dono não tinha pagado o licenciamento do carro naquele ano. Descobri isso quando fui tentar efetivar a transferência e o pessoal me disse que tinha um débito e que não podiam ver o que era, porque não tinham acesso ao sistema do DETRAN de São Paulo. O problema é que faltavam apenas algumas semanas para expirar o prazo de 30 dias que eu tinha para transferir o carro. Pra quem não sabe, se você compra um carro e não transfere ele pra você em 30 dias, você toma uma multa e cinco pontos na CNH. 

E lá fui eu atrás do tal débito, no site do DETRAN de SP. Aqui vai uma dica: nunca confie na palavra de alguém que está te vendendo um carro, ainda mais pela Internet. Anote a placa e RENAVAM e consulte o DETRAN para saber se o carro tem algum débito antes de comprá-lo. Eu não fiz e quase perdi o prazo. O pior é que, mesmo depois de pagar, demora pra aparecer o pagamento no sistema do CRLV. Levou cinco dias úteis, no meu caso. Mas consegui. Fui novamente ao CRLV, com a taxa paga e os débitos quitados para poder transferir o carro.

Mandei fazer as tarjetas das placas, pois o carro veio de outra cidade e estado. Pelo menos  ele já tinha as placas refletivas, então só precisei fazer as tarjetas. Marquei a vistoria e, após receber os novos documentos, fui outra vez ao CRLV para finalizar o processo.  O curioso foi ver que só tinha gente transferindo carros novos no dia. Todo mundo ficou curioso com o Fuscão. Só pra variar, na hora da vistoria, uma das luzes de freio não funcionou. Eu tinha testado todas na noite anterior e, mesmo assim, uma falhou. Mas eu sabia que era um mau contato. Retirei a lanterna, dei uma leve mexida na lâmpada e tudo funcionou direitinho. Saí dali com o carro emplacado e no meu nome. Finalmente era meu, agora de forma oficial.

Deu um pouco de trabalho. foram idas e vindas até resolver tudo. Sem falar no tempo dedicado. Mas foi bom para efeitos de aprendizado. Agora já sei todos os passos corretos para fazer o processo caso compre outro Fusca no futuro... A foto deste post eu tirei no momento da retirada das placas para a colocação das tarjetas. Com um filtro vintage aplicado, até parece uma foto de época, como se o carro fosse zero km. 

Se meu Fusca falasse, ele certamente diria que agora tem oficialmente um dono que vai cuidar dele.

sábado, 8 de março de 2014

Se Meu Fusca Falasse - Capítulo 4: A Arte de Garimpar Peças Raras

Como eu havia dito, após comprar o Fusca, a intenção era ir comprando peças ao longo de 2013 para, quando tiver uma boa “coleção”, poder começar a restauração. E foi o que eu acabei fazendo. Ao longo dos meses comprei as principais peças originais que eu julgava necessárias ou, ao menos, as mais difíceis (e caras) de se conseguir. Assim, eu poderia deixar as “miudezas” para depois, ou para o momento da restauração. É um trabalho de paciência, garimpo e de sorte, pois algumas peças você encontra e, se não comprar, em minutos elas podem não estar mais disponíveis.

Não vou criar um tópico para cada uma das peças que comprei. Preferi listar todas elas num único tópico. Até porque não eram tantas assim. O carro estava bastante original e minha intenção é aproveitar ou recuperar o máximo de peças possível, para manter as características do carro. As compras foram pontuais, de peças realmente importantes e que o carro não tinha (ou tinha de marcas paralelas).

Eu tinha uma lista do que eu precisava, mas a compra não seguiu uma ordem específica. Na verdade, eu procurava por todas e comprava as que eu ia encontrando. Algumas delas têm fotos, mas não todas. 

A primeira coisa que fiz foi comprar um estepe novo. Como já falei antes, na loja tinha uma roda original VW. A roda do estepe que estava no Fuscão era original também, mas era mais nova, da década de 80. Ela é praticamente igual, mas não tem as bordas abauladas para a fixação das calotas de metal. Então eu comprei o estepe e a roda junto. Mas a roda estava pintada de uma cor errada e será refeita na hora da restauração.

Também comprei uma bateria nova, mas essa não conta como peça, pois era uma necessidade mesmo.

Numa das buscas, encontrei um par de faróis originais Cibié, ainda novos na caixa, inclusive com os selos de fábrica. Uma raridade mesmo. Já é difícil encontrar usado em bom estado. Esses, novos, então, nem se fala. Vejam:





Um tempo depois, encontrei para vender um rádio de época. O que estava no carro era da década de 80. Na época do Fuscão, em 1973, os rádios eram acessórios, tanto que muitos Fuscas nem sequer tinha a abertura no painel. Outra diferença é que, na época, os rádios dos carros (ou autorrádios) tinham apenas AM, nada de FM. Então eu precisava encontrar algo compatível com isso e com a linha VW. Desde o começo eu gostei muito do Bosh Blaupunkt, mas não encontrava um em bom estado. E os que estavam bons, eram caros, como tudo no mundo dos antigos. Depois de tanto procurar, encontrei esse das fotos. Estava excelente e acabei comprando, mesmo pagando um precinho nada camarada. Mas valeu a pena:




Outra coisa que precisava ser comprada eram as lanternas traseiras. No Fuscão, os modelos que saíram de série eram das marcas Polimatic ou Arteb-Hella. Ambas não são mais fabricadas e, encontrar um par delas novo, como os faróis que eu comprei, é praticamente impossível. Sendo assim, tive de comprar um par usado mesmo. Encontrei umas Polimatic que estavam em bom estado, apenas com algumas trincas. Apesar de caras, por se tratarem de um item usado, o preço estava razoável, se considerar o que o mercado anda praticando. Comprei e guardei para instalar mais tarde:





Os faróis e lanternas eram as partes mais caras e difíceis de encontrar. Mas ainda restavam outras que eu queria. Uma delas é o tapete inteiriço que cobre o túnel central interno. Até 1972, o Fuscão tinha o túnel revestido com o mesmo carrapatinho do assoalho. A partir de 1973, o túnel era coberto por esse tapete de borracha em duas partes. No meu carro, o dono anterior retirou o carrapatinho da parte de trás do encosto do banco traseiro e do chiqueirinho para revestir o túnel central. 




Ou seja, além do tapete de borracha, eu tive de procurar as forrações originais. E acabei encontrando. Um colega do FFB as conseguiu pra mim e eu comprei dele. Essa parte foi fundamental ter contado com a ajuda do fórum, pois o carrapatinho original do Fusca é muito superior em qualidade se comparado às reproduções modernas. Mas o meu ainda tinha mais um complicador: era marrom. O mais comum era o modelo cinza. E, mesmo assim, consegui.

Os estribos do meu Fusca eram relativamente novos, mas nem perto dos originais. Os meus eram inteiriços de metal, com as ranhuras moldadas na própria chapa. No original para o meu carro, o estribo era composto de uma chapa grossa de aço, capas de borracha e friso metálico estriado. Encontrar um par de estribos completo é algo impossível. Resta encontrar as peças separadas para montá-los depois. O mesmo colega do fórum conseguiu pra mim as chapas originais de um Fusca “Itamar”. Elas tinham ainda as borrachas originais e um deles tinha friso. Mas as borrachas e o friso provavelmente eu não vou conseguir aproveitar. As chapas precisam de um pequeno conserto, pintura nova, etc. Mas são de boa qualidade, melhor do que os materiais paralelos que se vendem por aí. Vão entrar na restauração também. As capas e frisos são caros, mas a Cia do Fusca tem eles em estoque.

Além dessas peças, comprei também um triângulo original Polimatic. O do carro estava completamente estragado. Encontrei um usado, mas em ótimo estado. Estava com capa e tudo:



Outro item que comprei, mas que não sei se vou utilizar são os poleiros do para-choque. Não encontrei os dianteiros, apenas os traseiros. São acessórios extremamente raros e caros. Na década de 70, eles eram bem menores a mais discretos que os dos Fuscas da década de 60. Havia dois tipos: o inteiriço, onde uma peças percorria toda a extensão do para-choque, e os divididos, que eram duas peças separadas, vindas das extremidades, mas que não se encontravam no centro do para-choque. O que eu comprei é desse segundo modelo. Mas precisaria furar os para-choques pra instalá-los. Esse nem é o problema. O caso é que, em termos de design, creio que eles combinem melhor com o Fuscão até 1972, com os faróis “olho de boi”. No caso do meu, eu considero ele mais “esportivo” e talvez opte por instalar batentes simples nos para-choques ao invés dos poleiros.  Até porque precisaria encontrar os dianteiros primeiro. Talvez os venda depois, assim como vendi o rádio dos anos 80 para um colega que queria restaurar um Gol daquela década.

Ainda há muitas peças “menores” para comprar, mas todas elas são mais fáceis de achar e posso fazer durante a restauração. As mais importantes, caras e raras eu creio que já tenho. Só preciso instalar quando a restauração estiver concluída. 


Se meu Fusca falasse, ele diria que se sente como uma mulher que vai passar por uma plástica: vai se sentir novo e com tudo em cima!