quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Os 5 Álbuns de Rock que Todo Mundo Devia Ouvir Antes de Morrer

O mundo mudou e, com ele, muitas outras coisas. Uma delas, devemos concordar, foi a indústria da música. Já se vai o tempo onde vender disco era a principal fonte de receita dos artistas. Desde que a música se digitalizou, popularizando o mp3 e, com ele, a pirataria, as coisas não são mais as mesmas. Pirataria sempre existiu, mas a internet tornou ela mais fácil e acessível. Mesmo as formas legais de comércio digital, como o iTunes, não tiveram piedade do pobre do disco. Ainda há lançamentos em CD, claro. O velho vinil, por incrível que pareça, está ressurgindo em alguns mercados de nicho. Mas a forma mais popular hoje é, sem dúvida, a música digital.

E tem suas razões para sê-lo. Com um pequeno tocador de mp3 você já consegue armazenar e transportar milhares de músicas, coisa que nos tempos dos toca-discos, toca-fitas e até mesmo CDs era impossível. Ainda tem gente que prefere as mídias antigas. Embora os ouvidos de 90% da população não percebam a diferença, há aqueles que defendem a tese de que nada se compara em qualidade ao som do vinil. Pode até ser, mas é preciso um aparelho muito bom para não ouvir os tradicionais chiados dos discos antigos. Disso eu não sinto falta, embora concorde em parte quanto à questão técnica da coisa.

Inegavelmente, é muito mais prático hoje em dia. Se não fosse o mp3, o cartão de memória, o meu smartphone e os fones bluetooth, eu jamais conseguiria levar para qualquer lugar as milhares de músicas que tenho armazenadas. É uma beleza mesmo. 

Só que tem um ponto que a tecnologia não conseguiu substituir: a identidade visual dos discos. Essa era a parte mais legal de você comprar um. Você chegava da loja, desembrulhava o vinil e tinha uma capa, simples ou dupla, que identificava unicamente aquela obra. Era parte da concepção artística. Dava alma ao álbum. Fazia com que fosse possível "ver" as idéias ali expressadas. Ainda tinha o encarte interno, com as letras das músicas, fotos, etc. Comprar um disco era uma experiência. Admira-me como a Apple, que sabe como ninguém sobre experiência do consumidor, ainda não tenha desenvolvido um jeito pra isso. Ou outra empresa, que seja. O fato é que isso se perdeu com o tempo. Ainda lembro-me das discussões ferrenhas com amigos, onde filosofávamos acerca de algumas capas de discos. Dessa parte eu sinto falta, com certeza.

Os discos ainda tinham um algo mais que se perdeu: o fato de terem dois lados. Normalmente, o lado A de um disco continha as músicas de trabalho e/ou as mais comerciais, aquelas enviadas para as rádios para a divulgação inicial. O lado B era mais experimental, onde os artistas tentavam criar as obras mais de acordo com gostos pessoais, tentar novos conceitos, instrumentos, arranjos, etc. Muitos álbuns eram concebidos tendo essa diferença sendo o seu direcionador. A escolha da ordem das músicas levava isso em conta também. O Vinil e o K7 ainda tinham essa separação. O CD acabou com a brincadeira. E o mp3 acabou com o CD e com o conceito de álbum. Essa é a parte chata.

Todo esse baita falatório aí em cima foi só pra contextualizar o propósito deste post. Como muitos devem saber, eu sou um amante do bom e velho Rock and Roll, e acho que a geração atual está perdendo muito em termos de conteúdo nas músicas, não só no Rock, mas em geral. Assim como a música ficou mais acessível, também os músicos ficaram mais acomodados. Parece que os roqueiros estão com preguiça de pensar. Ou então não têm mais no que se inspirar. Nem as letras nem os arranjos parecem dizer algo de útil. Pode ser nostalgia da minha parte, mas não vejo exemplos que demonstrem o contrário.

Mas enfim, o ponto principal é que o disco tinha o poder de perpetuar as obras dos músicos. E, dentre tantos discos clássicos do Rock, eu listaria cinco deles que todo ser humano deveria ouvir ao menos uma vez na vida. São consideradas as obras-primas de seus autores e estão na minha lista de preferidos. Escolhi cinco porque acho um número suficiente para coisas preferidas em cada área. Mais do que isso não é preferência, e sim uma mera listagem de coisas das quais se gosta. Curiosamente e por acaso, depois de um tempo eu descobri que meus cinco discos de rock favoritos estão entre os dez melhores da história, de acordo com o Rock AndRoll Hall of Fame, da Revista Rolling Stone, que lista um total de duzentos. Ou seja, minhas dicas não são nada furadas, elas têm um bom embasamento e contam com o suporte relevante da opinião pública (risos).

Vou listar apenas discos internacionais, mas prometo fazer uma lista nacional um dia desses para postar aqui. Não vou me alongar muito nas descrições de cada um. Para isso, há links nos respectivos títulos, que apontam para a Wikipedia. E também, se eu falar tudo, vai tirar a vontade de muitos em procurar saber mais a respeito de cada obra. E a idéia é justamente instigar você, querido leitor, a ter a curiosidade de buscar mais informações. Os discos estão organizados por ordem de lançamento, não de preferência. Então, você que ainda não ouviu nenhum deles, ouça e aprenda como é que se faz rock de verdade. Se possível, consiga o disco ou CD, para entender como uma capa pode expandir a compreensão da percepção dos artistas ali registrados e fazê-lo visualizar a obra como um todo.


Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (1967): Sem dúvida, o melhor disco dos Beatles. Para muitos (muitos mesmo) é considerado o melhor disco da história. Não por acaso, está em primeiro lugar na lista do Hall of Fame. É um divisor de águas na carreira da banda de Liverpool. A Beatlemania  estava enfraquecida, eles não queriam mais fazer discos ao estilo iê-iê-iê. Deram uma pausa nas turnês e puderam, pela primeira vez, ter tempo suficiente para se dedicar a um novo álbum. Ao ser lançado, inovou tanto em técnicas de gravação quanto em sonoridade, usando instrumentos poucos comuns para a época. Para se ter uma idéia da dimensão dessa obra, praticamente todos os discos aí abaixo tiveram ou usaram conceitos deste aqui. Por isso ele está no topo. Ele também ficou famoso por ter as músicas todas como sendo sequências umas das outras e pela própria capa, repleta de fotos de celebridades, e que gerou diversas teorias de mensagens subliminares, incluindo a de que Paul McCartney havia morrido. Curiosamente, dois grandes sucessos da banda ficaram de fora do disco. Strawberry Fields Forever e Penny Lane originalmente fariam parte dele, mas acabaram entrando apenas no álbum seguinte. Porém, até hoje parecem nunca ter saído de lá, tamanha sua integração com as demais canções.

Músicas:

Lado A
1. "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band"  
2. "With a Little Help from My Friends"      
3. "Lucy in the Sky with Diamonds"      
4. "Getting Better"      
5. "Fixing a Hole"      
6. "She's Leaving Home"      
7. "Being for the Benefit of Mr. Kite!"      

Lado B
1. "Within You Without You"      
2. "When I'm Sixty-Four"      
3. "Lovely Rita"  
4. "Good Morning Good Morning"  
5. "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (Reprise)"  
6.
"A Day in the Life"      



Led Zeppelin IV (1971): Esse álbum tem uma importância muito grande para o rock porque deu a ele clássicos que até hoje tocam nas rádios. Ok, isso todos os discos dessa lista fazem. Só que esse aqui tem algumas particularidades. Se o Sgt Peppers foi o melhor disco da história, o quarto álbum do Led Zeppelin tem aquela que é considerada a melhor canção de rock da história: Stairway to Heaven. Todo mundo que toca violão aprende o solo dessa música desde as primeiras aulas. O disco está no quarto lugar do Hall of Fame. O lançamento também teve seus fatos inusitados. Imagine que você seja uma banda famosa e lance um álbum sem título, cuja capa tem apenas fotos e quatro símbolos, um representando cada integrante. Nem o nome da banda aparece. Pois é, esse é o caso. E isso deve ter sido um dos fatores que criaram toda a mística do disco e o fizeram ser um recordista de vendas, elevando o Led Zeppelin ao status de superbanda, com todos os excessos a que isso tem direito. Ele sequer tem um nome oficial até hoje, sendo conhecido por pseudônimos como "Zoso" (que parece ser a palavra escrita no primeiro símbolo), "Four Symbols" ou simplesmente "Led Zeppelin IV". Até os catálogos têm dificuldades de listá-lo por conta disso. Eu prefiro a última denominação. O disco é repleto de clássicos, tem o melhor do Hard Rock, com uma qualidade musical incrível, de uma das bandas mais incríveis.

Músicas:

Lado A

1. "Black Dog"
2. "Rock and Roll"
3. "The Battle of Evermore"
4. "Stairway to Heaven"

Lado B
1. "Misty Mountain Hop"
2. "Four Sticks"
3. "Going to California"
4. "When the Levee Breaks"




Dark Side of the Moon (1973): O que dizer de um álbum que contém canções que exploram malesas humanas como dinheiro, tempo, loucura, morte, etc. se tornar um dos mais vendidos da história? Mais do que isso, este disco tem uma sonoridade inigualável, experimentações inéditas até então, com direito até a pitadas de música eletrônica. Em 1973! É a masterpiece do rock progressivo, sem questionamentos. Também mudou tudo o que se ouvia falar do Pink Floyd. Os caras viraram gênios da noite para o dia, plenamente justificado, diga-se. É um disco onde o instrumental é o protagonista, até as vozes parecem melodia. Ocupa a segunda posição do Hall of Fame. Depois dele, muita gente passou a mudar os parâmetros de audição musical, inclusive para as passagens de som de shows. Quer testar a fidelidade de qualquer aparelho de áudio? Coloque este disco para tocar! É daqueles álbuns que eu chamo de "chapantes". Você ouve e fica meio aéreo. Experimente ouvi-lo sozinho, num lugar silencioso e com bons fones de ouvido. Vai entender o que eu digo... Embora a capa seja das mais famosas, talvez o fato mais interessante seja a suposta sincronia do disco com o filme "O Mágico de Oz", de 1939. A banda sempre negou essa relação, mas é notório que tem caroço nesse angu. Ou melhor, tem coincidências demais. Na internet é possível encontrar a versão do filme sincronizada com o disco. Você certamente vai se surpreender. Com o disco.

Músicas:

Lado A
1.
"Speak to Me/Breathe"
2. "On the Run"
3. "Time/Breathe (Reprise)"
4. "The Great Gig in the Sky"

Lado B
1. "Money"
2. "Us and Them"
3. "Any Colour You Like"
4. "Brain Damage"
5.
"Eclipse"



The Joshua Tree (1987): Se o U2 é uma das bandas mais ricas do planeta, muito ela deve a este disco. Diferente de outros álbuns clássicos, não há nenhuma mística envolvendo este. A árvore que dá título à obra é uma planta que nasce no deserto, resistente ao calor e ao frio que faz à noite. Também tem simbolismos bíblicos, mas o nome foi usado apenas artisticamente, não tem um significado específico. O disco é famoso e vendeu muito porque tem ótimas músicas. Antes dele, o U2 era uma banda que fazia músicas com alguns temas políticos e sociais. Continuou sendo, mas, depois dele, virou o que vemos hoje: uma superbanda moderna. O disco é uma espécie de crítica aos EUA do período Ronald Reagan. Fala das duas Américas que eram visualizadas: a América mítica, da liberdade, e a real, das restrições políticas e da ganância dos políticos. Até hoje é considerado o melhor álbum do U2, estando também na quinta posição do Hall of Fame dos discos definitivos do rock. Foi justamente por causa deste disco que eu comecei a acompanhar a obra deles mais de perto. A curiosidade é que um dos maiores hits, "With or Without You" quase foi descartada por ser considerada simples demais. Imagina só se isso tivesse realmente acontecido. É daquelas coisas pequenas que podem mudar toda uma história apenas por um detalhe. Que bom que não mudou.


Músicas:
Lado A
1. "Where the Streets Have No Name"  
2.
"I Still Haven't Found What I'm Looking For" 
3. "With or Without You"      
4. "Bullet the Blue Sky"  
5. "Running to Stand Still"
 
Lado B
1. "Red Hill Mining Town"  
2. "In God's Country"   
3. "Trip Through Your Wires"
4. "One Tree Hill"       
5. "Exit"   
6. "Mothers of the Disappeared"




Nevermind (1991): Este é apenas o segundo álbum de estúdio do Nirvana, mas teve o efeito de um tsunami no mundo do rock no início dos anos de 1990. Ele foi responsável por trazer o movimento grunge aos holofotes definitivamente. O disco tem aquela que é considerada a melhor capa de todos os tempos, mas bom mesmo é o som variado e agressivo que ele tem. Eu gosto de outras bandas do mesmo estilo, como o Pearl Jam, mas este disco é de uma grandiosidade que não chegou a nenhuma outra banda de Seatle. Estourou nas paradas rapidamente e seu sucesso meteórico acabou por causar toda uma pressão em quem ainda não estava acostumado a lidar com ela. A pressão da fama obtida por esse trabalho é considerada uma das causas do suicídio de Kurt Cobain. Mas essa é outra história. Esse disco é épico porque acabou com a mesmice que estava se tornando o rock na época. Quebrou paradigmas. Instrumentalmente muito bem concebido, é possível sentir toda a sua energia meio depressiva ao ouvi-lo. É o único disco dos anos 1990 que está entre os dez mais do Hall of Fame (é o décimo, exatamente). Kurt achava que podia mudar o mundo. Ao menos, conseguiu mudar o rock. Pena que hoje as coisas parecem estar se acomodando de novo. Estamos precisando de um novo Nirvana.


Músicas:
Lado A
1. "Smells Like Teen Spirit"
2.
"In Bloom"
3. "Come as You Are"
4. "Breed"
5. "Lithium"
6. "Polly"
 
Lado B
1. "Territorial Pissings"
2. "Drain You"     
3. "Lounge Act" 
4. "Stay Away" 
5. "On a Plain" 
6. "Something in the Way"




Bem, espero que tenham gostado da lista. Obviamente tem muitos outros discos legais, mas eu listei aqueles dos quais eu mais gosto. Fiquem à vontade para comentar e dar suas opiniões. Essa é a minha lista. Faça você a sua também! Ah, e lembram-se do que eu falei no início do post, de que as músicas de antes tinham mais conteúdo e melhor arranjo? Eu dei uma outra olhada na lista do Hall of Fame e percebi que não há, nem entre os dez, nem entre os vinte primeiros, um disco sequer que tenha sido lançado de 2000 para cá. Por que será, hein?





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