Quando você
pensa em um grande zagueiro da história do Internacional, que nome lhe vem à
cabeça? O grande Dom Elias Ricardo Figueroa
Brander, campeão brasileiro de 1975, autor do "gol iluminado" na
final daquele ano contra o Cruzeiro e referência técnica para muitos até
hoje? Ou quem sabe Carlos Alberto Gamarra
Pavón, que já foi considerado o melhor zagueiro do mundo, dono de uma incrível
habilidade de roubar a bola sem fazer falta (chegou a jogar uma Copa do Mundo
inteira sem fazer uma falta sequer)?
Para mim,
nenhum dos dois. Que me perdoem os saudosistas, mas o maior zagueiro da
história do Sport Club Internacional não fala castelhano. Ele atende pelo nome
de Marcos Antônio de Lima, ou, simplesmente, Índio.
Não há como
questionar os seus números. Além se ser um dos zagueiros que mais vezes vestiu
a camisa Colorada, é o que mais gols marcou, inclusive em Grenais. Um
verdadeiro terror para os lados da Azenha/Humaitá. Mas é nos títulos
conquistados que Índio comprova, com sobras, a minha tese: desde que chegou ao
Inter, em 2005, foram 4 Campeonatos Gaúchos, 2 Libertadores, 1 Mundial FIFA, 1
Copa Sul-Aamericana, 2 Recopas e 1 Copa Suruga. Isso só para citar torneios
oficiais. Ainda teve a Dubai Cup, que era torneio amistoso, mas que tinha
participação de outros gigantes de futebol mundial. E poderia ter sido ainda
melhor, não fossem os diversos vice-campeonatos que ocorreram durante o
caminho.
Sozinho, ele tem mais títulos que a maioria dos clubes Sul-Americanos.
Isso não é pouca coisa. É provável que até a sua aposentadoria eu tenha de
atualizar os números deste post.
Atualizado em 14/05/2012: Agora são 5 Campeonatos Gaúchos
Atualizado em 05/05/2013: Agora são 6 Campeonatos Gaúchos
Atualizado em 13/04/2014: Agora são 7 Campeonatos Gaúchos
Com todo o respeito, Figueroa e Gamarra não ganharam nada, se comparados com Índio.
Atualizado em 14/05/2012: Agora são 5 Campeonatos Gaúchos
Atualizado em 05/05/2013: Agora são 6 Campeonatos Gaúchos
Atualizado em 13/04/2014: Agora são 7 Campeonatos Gaúchos
Com todo o respeito, Figueroa e Gamarra não ganharam nada, se comparados com Índio.
Todo
colorado se lembra da imagem emblemática de Índio sangrando em campo durante a
final do Mundial de 2006, contra o poderoso Barcelona, após ter sido atingido
pelo colega Fabiano Eller numa disputa de bola pelo alto. Jogou o resto da
partida com o nariz quebrado. Poucos minutos depois, iniciava a jogada que
terminaria com o gol do título.
Mas há ainda
algumas lições pessoais e profissionais que podemos aprender com Índio.
Analisando a sua carreira até aqui, eu percebi algumas características que poderiam
até servir de exemplo para executivos, gerentes, líderes ou demais cargos
estratégicos que compõem uma empresa. Figuras como a do executivo são frequentemente
associadas às tomadas de decisões. Por eles passa o futuro das organizações.
Essas decisões são embasadas por diversos fatores, mas nem sempre explicada
pelos mesmos. Em muitos casos, é possível perceber e entender claramente as
decisões apenas analisando o perfil daqueles que as tomaram.
Deixo claro
é que apenas um exercício de percepção, sem nenhum comprometimento direto com
teorias acadêmicas, mas que, nem por isso, as deixam totalmente de lado. Listo
algumas das características mencionadas a seguir:
Resiliência e Perseverança: Já perto dos
40 anos, mas ainda em atividade, não são poucas as críticas que recebeu. Todos
os anos ele é apontado como sendo velho para o futebol. E todos os anos ele
levanta uma taça, sempre jogando bem. Tem períodos de baixa, como todo atleta
profissional, mas sempre dá a volta por cima. Não desanima com as dificuldades
e com as pancadas que recebe. Se ele passa um tempo no banco de reservas,
trabalha para voltar ao time. E sempre volta, sempre consegue se superar.
É comum
encontrarmos dificuldades e tomarmos pancadas durante a vida profissional. O
que vai fazer você se diferenciar é justamente a capacidade de reação a essas
adversidades. Esse detalhe pode significar um sucesso futuro ou um fracasso
imediato, dependendo da sua escolha. Insistir naquilo que você acredita nem
sempre é sinal de teimosia. Pode fazer muitas pessoas se surpreenderem com seus
resultados, especialmente quando quase ninguém mais acreditava em você.
Capacidade de Adaptação: Depois de
certa idade, se um jogador pretende continuar apresentando um futebol de alto
nível, tem de aprender a mudar seus hábitos e, principalmente, redobrar os
cuidados com sua forma. Índio aprendeu. Não por acaso é um dos mais elogiados
pelos preparadores físicos a cada começo de temporada. Recebeu o apelido de
“interminável” porque, mesmo com a idade, parece continuar correndo como um
guri. Sabe que não pode ter mais o mesmo vigor de um jovem, então procura
compensar isso tendo mais disciplina e cuidados extracampo.
Talvez a
questão de manter-se atualizado sempre seja um dos maiores clichês do mercado
de trabalho moderno. Porém, para uma posição de liderança, especialmente
aquelas que lidam com grandes responsabilidades, isso se faz necessário. Saber
“ler” o mercado, estar atento ao que acontece à concorrência e mudar os planos
ou definir novos projetos é parte do jogo. Aprender um novo idioma para
negociar com outros países ou lidar com uma nova tecnologia são fundamentais
para manter você, ao menos, competitivo, mesmo depois de uma carreira já
consolidada. Se a idade chegou, não deixe que ela limite sua capacidade ou
reduza sua vontade de aprender. Deve-se utilizar a experiência adquirida para
encontrar os “atalhos do campo”.
Foco: Não existe jogador de futebol santo.
Todos aprontam alguma coisa na sua vida pessoal. Índio nunca foi conhecido como
boêmio (baladeiro, pra usar uma expressão mais atual), mas já protagonizou
episódios polêmicos fora das quatro linhas. Certa vez, foi muito criticado por
chegar a um treino com um corte na mão, fato que o deixou alguns dias sem poder
jogar. Se o corte foi feito durante os excessos de uma festa ou se foi um
acidente doméstico, não importa. Ao contrário de tantos outros jogadores que
vemos por aí, cuja vida pessoal aparece mais do que o futebol mostrado em campo,
ele evitou polêmicas, seguiu calado, baixou a cabeça e continuou trabalhando
duro, intensamente. O assunto se encerrou em poucos dias. E os bons resultados
continuaram a vir mais tarde.
Saber
realmente o que se quer, onde se pretende chegar e o que é preciso fazer para
conseguir isso é o que diferencia as pessoas de sucesso das demais. Não dá pra
ignorar os erros e fatores externos que se apresentam no caminho, há de se
saber conviver com eles. Mais do que isso: deve-se aprender a minimizar
possíveis impactos negativos trazidos por eles e que tendam a desviar você dos
seus objetivos. Estratégias de Marketing tem mais sucesso quando estão
segmentadas corretamente; objetivos empresariais são mais facilmente atingidos
quando se tem um rumo a seguir. Defina o seu foco e trabalhe duro nele.
Dificuldades fazem parte do caminho, mas não podem ser o fator determinante.
Humildade: Antes de ser
jogador de futebol, Índio era cortador de cana, homem humilde. Não passou por
categorias de base. Foi direto da várzea ao profissional. Mas sua humildade não
ficou restrita às suas origens. Quando marcou seu 27º gol pelo Inter (hoje já
são mais de 30), ultrapassando a marca do lendário Figueroa, Índio, sem querer,
acabou fornecendo uma das explicações do seu sucesso no clube. Ao final do
jogo, um repórter veio ao seu encontro e lhe perguntou como era a sensação de
entrar para a história, ultrapassando justamente um ídolo da torcida. Ele respondeu
dizendo: "Eu sou um mero coadjuvante, um simples trabalhador. Ultrapassar
em gols o Figueroa me enche de alegria". Ainda viria mais. Como já disse,
Índio tornou-se o zagueiro que mais marcou gols na história do Inter. Mesmo com
toda a carga histórica do feito, com todas as conquistas que teve, ele ainda se
considerava coadjuvante. Sempre foi jogador de exaltar o grupo. Sabe que nada
se consegue sozinho. Mesmo estando no topo, ainda quer mais. Acha que pode
mais. Quer aprender mais.
Muita gente
confunde humildade com “se fazer de coitado”. Isso é um erro. Ser humilde
consiste, acima de tudo, em saber de suas limitações e ter certeza de que não
se sabe de tudo; de que sempre há o que aprender e que se deve estar disposto a
isso. É também saber respeitar outras pessoas que estão ao seu redor, afinal,
você nunca está sozinho, seja em família, seja no trabalho. Assim como comentei
sobre estar sempre atualizado e preparado, é igualmente importante ter em mente
que você não é perfeito e nem soberano. Trabalhar em equipe requer lidar com
pessoas diferentes, com anseios diferentes e com habilidades diferentes, não
inferiores.
Todas essas
pequenas lições acima são apenas uma forma de demonstrar como sempre é possível
obter bons e úteis exemplos das coisas mais simples e distintas. Quando você
imaginaria que a história de um ídolo do futebol poderia fornecer contribuições
para o uso no dia-a-dia do seu trabalho? Talvez se você olhar apenas com os
olhos de torcedor rival, isso não lhe acrescente muito. Mas olhando com os
olhos de profissional e de ser humano, tenho certeza de que há muita coisa a
ser aproveitada, ou, ao menos, que possa servir como reflexão para a forma como
você está agindo no seu trabalho. Talvez o ponto principal aqui seja: não
importam as dificuldades que possam aparecer, você sempre pode ser um vencedor.
Basta querer e trabalhar muito para isso.
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