quarta-feira, 19 de março de 2014

Se Meu Fusca Falasse - Capítulo 8: Visitando o Escritório e o Mecânico no Mesmo Dia...


07/11/2013




Sempre fui do princípio de que carro antigo tem que rodar. Ficar parado é coisa de museu. Faz bem para a saúde do carro. Num dia desses, estava parado no sinal vermelho quando, um rapaz, num JAC J3, acertou a traseira do meu Honda Fit, que é o carro que uso no dia-a-dia. Até nessas horas é importante termos sorte. A minha foi que o cara que bateu no meu carro era uma pessoa honesta, reconheceu o erro e acionou o seguro dele imediatamente.  Porém, eu ficaria uma semana sem carro.

Logicamente, pensei em usar o Fuscão para ir ao trabalho, ao menos em um desses dias. Sim, porque às vésperas do verão é meio complicado andar no trânsito aqui sem ar condicionado. Mas topei e resolvi ir com o besouro até o trabalho. O mais engraçado é a diferença que a gente sente no trânsito contemporâneo estando em um carro de quatro décadas atrás. Parece que tomo mundo vai passar por cima de você. A gente não tem noção disso estando em um carro moderno. Realmente, ou as pessoas estão com muito mais pressa, ou isso é efeito da tecnologia. Particularmente, acho que é um pouco das duas coisas. E também tem a questão da segurança. Na hora do rush, você se sente bem menos seguro num carro antigo.

Bem, o carro estava meio empoeirado, mas fui com ele mesmo assim. Chegando ao trabalho, deixei-o no estacionamento do prédio, no meio de todos aqueles carros novos. O interessante é que, naquele andar do prédio, existem dois Fuscas “Itamar” e um Puma GTS estacionados, pegando poeira. Provavelmente são de algum colecionador que os mantém ali. Ele bem que podia lavar de vez em quando. Muita gente, mais tarde, veio até minha mesa me perguntar se o Fusca que estava na minha vaga era meu mesmo...

A volta foi um pouco difícil. Como ainda era horário de verão, saí do escritório com o sol ainda alto. Quando estava quase chegando em casa, faltando algumas quadras, o carro não engatou mais marcha nenhuma e tive de parar. Ainda bem que não tinha sido na rodovia. Dei sorte, novamente. Liguei para o mecânico que mora perto da minha casa e ele foi até lá, pra me ajudar. Como qualquer um conserta um Fusca com um arame e um alicate, demos um jeito de engatar a marcha à força, mexendo na junção que se acessa por baixo do banco traseiro. Era o suficiente para levar o carro até a oficina. No dia seguinte, pudemos ver que o estrago não era tão grande assim. A primeira indicação era de que a embreagem tinha ido “pras cucuias”. Olhamos o carro por baixo e vimos que a embreagem, incrivelmente, ainda era a original. Algo raro, para um carro daquela idade. Mas o problema foi mesmo no cabo. Substituímos e ficou funcionando normalmente. Talvez troque a embreagem mais adiante, mas só se precisar. A dele ainda estava em bom estado. 

No outro dia, foi a vez do pedal do acelerador quebrar. Era daqueles de plástico. Encontrei um original num ferro-velho perto da minha casa e eu mesmo substituí. Foi aí que eu vi que o carro podia andar muito mais do que eu pensava. O pedal anterior realmente era muito ruim perto deste novo, que fazia o sistema funcionar corretamente e sem nada para trancar. Depois disso, não tive mais nenhum problema mecânico.

Se meu Fusca falasse, ele diria: - Desculpa, isso nunca me aconteceu antes...

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