sábado, 8 de março de 2014

Se Meu Fusca Falasse - Capítulo 4: A Arte de Garimpar Peças Raras

Como eu havia dito, após comprar o Fusca, a intenção era ir comprando peças ao longo de 2013 para, quando tiver uma boa “coleção”, poder começar a restauração. E foi o que eu acabei fazendo. Ao longo dos meses comprei as principais peças originais que eu julgava necessárias ou, ao menos, as mais difíceis (e caras) de se conseguir. Assim, eu poderia deixar as “miudezas” para depois, ou para o momento da restauração. É um trabalho de paciência, garimpo e de sorte, pois algumas peças você encontra e, se não comprar, em minutos elas podem não estar mais disponíveis.


Não vou criar um tópico para cada uma das peças que comprei. Preferi listar todas elas num único tópico. Até porque não eram tantas assim. O carro estava bastante original e minha intenção é aproveitar ou recuperar o máximo de peças possível, para manter as características do carro. As compras foram pontuais, de peças realmente importantes e que o carro não tinha (ou tinha de marcas paralelas).

Eu tinha uma lista do que eu precisava, mas a compra não seguiu uma ordem específica. Na verdade, eu procurava por todas e comprava as que eu ia encontrando. Algumas delas têm fotos, mas não todas. 

A primeira coisa que fiz foi comprar um estepe novo. Como já falei antes, na loja tinha uma roda original VW. A roda do estepe que estava no Fuscão era original também, mas era mais nova, da década de 80. Ela é praticamente igual, mas não tem as bordas abauladas para a fixação das calotas de metal. Então eu comprei o estepe e a roda junto. Mas a roda estava pintada de uma cor errada e será refeita na hora da restauração.

Também comprei uma bateria nova, mas essa não conta como peça, pois era uma necessidade mesmo.

Numa das buscas, encontrei um par de faróis originais Cibié, ainda novos na caixa, inclusive com os selos de fábrica. Uma raridade mesmo. Já é difícil encontrar usado em bom estado. Esses, novos, então, nem se fala. Vejam:





Um tempo depois, encontrei para vender um rádio de época. O que estava no carro era da década de 80. Na época do Fuscão, em 1973, os rádios eram acessórios, tanto que muitos Fuscas nem sequer tinha a abertura no painel. Outra diferença é que, na época, os rádios dos carros (ou autorrádios) tinham apenas AM, nada de FM. Então eu precisava encontrar algo compatível com isso e com a linha VW. Desde o começo eu gostei muito do Bosh Blaupunkt, mas não encontrava um em bom estado. E os que estavam bons, eram caros, como tudo no mundo dos antigos. Depois de tanto procurar, encontrei esse das fotos. Estava excelente e acabei comprando, mesmo pagando um precinho nada camarada. Mas valeu a pena:




Outra coisa que precisava ser comprada eram as lanternas traseiras. No Fuscão, os modelos que saíram de série eram das marcas Polimatic ou Arteb-Hella. Ambas não são mais fabricadas e, encontrar um par delas novo, como os faróis que eu comprei, é praticamente impossível. Sendo assim, tive de comprar um par usado mesmo. Encontrei umas Polimatic que estavam em bom estado, apenas com algumas trincas. Apesar de caras, por se tratarem de um item usado, o preço estava razoável, se considerar o que o mercado anda praticando. Comprei e guardei para instalar mais tarde:





Os faróis e lanternas eram as partes mais caras e difíceis de encontrar. Mas ainda restavam outras que eu queria. Uma delas é o tapete inteiriço que cobre o túnel central interno. Até 1972, o Fuscão tinha o túnel revestido com o mesmo carrapatinho do assoalho. A partir de 1973, o túnel era coberto por esse tapete de borracha em duas partes. No meu carro, o dono anterior retirou o carrapatinho da parte de trás do encosto do banco traseiro e do chiqueirinho para revestir o túnel central. 




Ou seja, além do tapete de borracha, eu tive de procurar as forrações originais. E acabei encontrando. Um colega do FFB as conseguiu pra mim e eu comprei dele. Essa parte foi fundamental ter contado com a ajuda do fórum, pois o carrapatinho original do Fusca é muito superior em qualidade se comparado às reproduções modernas. Mas o meu ainda tinha mais um complicador: era marrom. O mais comum era o modelo cinza. E, mesmo assim, consegui.

Os estribos do meu Fusca eram relativamente novos, mas nem perto dos originais. Os meus eram inteiriços de metal, com as ranhuras moldadas na própria chapa. No original para o meu carro, o estribo era composto de uma chapa grossa de aço, capas de borracha e friso metálico estriado. Encontrar um par de estribos completo é algo impossível. Resta encontrar as peças separadas para montá-los depois. O mesmo colega do fórum conseguiu pra mim as chapas originais de um Fusca “Itamar”. Elas tinham ainda as borrachas originais e um deles tinha friso. Mas as borrachas e o friso provavelmente eu não vou conseguir aproveitar. As chapas precisam de um pequeno conserto, pintura nova, etc. Mas são de boa qualidade, melhor do que os materiais paralelos que se vendem por aí. Vão entrar na restauração também. As capas e frisos são caros, mas a Cia do Fusca tem eles em estoque.

Além dessas peças, comprei também um triângulo original Polimatic. O do carro estava completamente estragado. Encontrei um usado, mas em ótimo estado. Estava com capa e tudo:



Outro item que comprei, mas que não sei se vou utilizar são os poleiros do para-choque. Não encontrei os dianteiros, apenas os traseiros. São acessórios extremamente raros e caros. Na década de 70, eles eram bem menores a mais discretos que os dos Fuscas da década de 60. Havia dois tipos: o inteiriço, onde uma peças percorria toda a extensão do para-choque, e os divididos, que eram duas peças separadas, vindas das extremidades, mas que não se encontravam no centro do para-choque. O que eu comprei é desse segundo modelo. Mas precisaria furar os para-choques pra instalá-los. Esse nem é o problema. O caso é que, em termos de design, creio que eles combinem melhor com o Fuscão até 1972, com os faróis “olho de boi”. No caso do meu, eu considero ele mais “esportivo” e talvez opte por instalar batentes simples nos para-choques ao invés dos poleiros.  Até porque precisaria encontrar os dianteiros primeiro. Talvez os venda depois, assim como vendi o rádio dos anos 80 para um colega que queria restaurar um Gol daquela década.

Ainda há muitas peças “menores” para comprar, mas todas elas são mais fáceis de achar e posso fazer durante a restauração. As mais importantes, caras e raras eu creio que já tenho. Só preciso instalar quando a restauração estiver concluída. 


Se meu Fusca falasse, ele diria que se sente como uma mulher que vai passar por uma plástica: vai se sentir novo e com tudo em cima!

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