25/01/2014
Finalmente chegou o dia de começar a restauração do Fuscão. Depois de quase um ano comprando peças e procurando por um bom restaurador, finalmente o processo vai começar. Serão meses de trabalho (e um considerável rombo no orçamento) até que o carro esteja finalizado. Como comentei anteriormente, o carro será restaurado pela Cia do Fusca (www.ciadofusca.com.br), aqui de Porto Alegre - RS. Depois de algumas conversas com o pessoal da oficina, anotamos os detalhes, todas as peças que faltam, as que serão recuperadas, e fizemos o orçamento final. Como disse, o carro está com a estrutura bem íntegra e ainda conserva um ótimo índice de originalidade. Isso, somado ao fato de a funilaria estar em dia (nada de podres), deve facilitar um pouco o trabalho. Mas os detalhes é que devem tomar mais tempo.
Ao longo dos próximos posts, vocês poderão acompanhar toda a evolução do trabalho. A minha meta é deixar o carro em um nível de originalidade que o habilite a obter a placa preta, destinada a veículos de coleção. Aliás, muita gente pergunta o porquê dessa minha obsessão pela placa preta. Se eu quero aparecer ou fazer o carro valer mais para obter um possível lucro maior em uma venda futura. Nada disso! Muita gente usa a placa preta para esses fins, o que eu considero algo completamente errado. Para mim, a placa preta não é um troféu. Ela representa um atestado de trabalho bem feito, um resgate de um item da história automobilística do Brasil, por mais pequeno que esse gesto possa representar pra todo o contexto histórico. Mas, quando cada um faz uma pequena parte, ganha-se no todo. Eu realmente sinto que estou trazendo um item histórico de volta à vida. Talvez se eu não o tivesse encontrado pela Internet, no interior de Taubaté-SP e estivesse restaurando ele agora, provavelmente o carro se perderia e iria acabar no ferro-velho. É como se ele estivesse recebendo uma segunda chance. É isso que me motiva, como amante de carros antigos e de história.
Carros como este VW ainda são comuns do Brasil, mas a maioria está descaracterizada. Mesmo assim, é mérito do Fusca ser um carro que, mesmo depois de 40 ou 50 anos de tantos mal tratos, ainda consegue resistir. Você acha que os carros de hoje estarão sequer inteiros daqui a 50 anos? É pouco provável. O caso é que esses modelos correm o risco de desaparecer por conta da tal renovação da frota no Brasil. Da forma como é feita, os Detrans estarão condenando esse tipo de carro à reciclagem num futuro bem próximo, pegando no pé dos proprietários e aprendendo os veículos ao menor sinal de irregularidade. A placa preta, de certa forma, evita um pouco esse processo, uma vez que os carros que as possuem estão, teoricamente, dispensados de obedecer todas as exigências de segurança, emissões e construção dos carros atuais. A desculpa do governo é a poluição que os carros antigos produzem. Oras, a idade média da frota no Brasil é de cerca de 8 anos apenas. E, dos 80 milhões de veículos que temos, apenas cerca de 2% são considerados antigos. Ou seja, encher o mercado com um monte de carros novos vai poluir até mais do que manter os antigos rodando. É mais ou menos o que aconteceu na Europa. Só que agora, os europeus querem ter Fuscas e Kombis e não conseguem encontrar, porque os governos já reciclaram todos. E isso faz com que mesmo os alemães, criadores dos VW, venham ao Brasil buscar esses carros para restaurar por lá. O valor histórico não foi respeitado nesses países e corremos o risco de ter o mesmo sendo feito aqui. Mais um motivo para valorizarmos nossos antigos e tentarmos recuperar todos quantos pudermos.
Mas enfim, discussões políticas à parte, vamos ao que interessa. Depois de conhecer a oficina e fazer o orçamento, já deixei o carro lá no mesmo dia. Era um sábado e o carro ainda iria aguardar uns dias na "fila" até poder ser desmontado. Confesso que foi meio difícil deixá-lo lá, mas sabia que seria por um bom motivo.
01/02/2014
Depois de deixar o Fuscão na oficina, voltei uns dias depois para ver como seria o início dos trabalhos. Antes de fazer qualquer coisa, resolvemos dar um banho quente no carro para retirar toda a sujeira e a gordura que fica impregnada no chassi e na lataria. De certa forma, essa limpeza ajuda a expor defeitos mais gritantes que possam existir ou revelar boas notícias em relação à estrutura. No meu caso, o resultado foi positivo. Após o banho, pudemos confirmar como o carro estava bom em termos de suspensão e lataria, algo que já sabíamos. Agora temos uma ideia melhor em relação ao tamanho do esforço que será necessário na restauração.
04/02/2014
Antes de iniciar a desmontagem do carro, estive novamente na oficina para acertar os últimos detalhes e dar início ao trabalho. Tudo certo, era hora de realmente ver o Fuscão montado pela última vez, como mostra a foto abaixo, tirada na garagem do proprietário da oficina. A partir de agora, ele só vai estar inteiro de novo depois de alguns meses. O curioso é que o banho quente dá a impressão, pela foto, de que o carro não precisa de restauração. Muitos amigos me disseram o mesmo. Mas reparem na diferença de cor dos para-lamas e em itens como os estribos e faróis, que não são originais. Por isso eu sempre digo que foto engana e melhora a aparência de qualquer carro. Ao vivo, ele sempre está pior. Era o caso do meu.
Se meu Fusca falasse, ele diria que está com aquele frio na barriga agora...
Finalmente chegou o dia de começar a restauração do Fuscão. Depois de quase um ano comprando peças e procurando por um bom restaurador, finalmente o processo vai começar. Serão meses de trabalho (e um considerável rombo no orçamento) até que o carro esteja finalizado. Como comentei anteriormente, o carro será restaurado pela Cia do Fusca (www.ciadofusca.com.br), aqui de Porto Alegre - RS. Depois de algumas conversas com o pessoal da oficina, anotamos os detalhes, todas as peças que faltam, as que serão recuperadas, e fizemos o orçamento final. Como disse, o carro está com a estrutura bem íntegra e ainda conserva um ótimo índice de originalidade. Isso, somado ao fato de a funilaria estar em dia (nada de podres), deve facilitar um pouco o trabalho. Mas os detalhes é que devem tomar mais tempo.
Ao longo dos próximos posts, vocês poderão acompanhar toda a evolução do trabalho. A minha meta é deixar o carro em um nível de originalidade que o habilite a obter a placa preta, destinada a veículos de coleção. Aliás, muita gente pergunta o porquê dessa minha obsessão pela placa preta. Se eu quero aparecer ou fazer o carro valer mais para obter um possível lucro maior em uma venda futura. Nada disso! Muita gente usa a placa preta para esses fins, o que eu considero algo completamente errado. Para mim, a placa preta não é um troféu. Ela representa um atestado de trabalho bem feito, um resgate de um item da história automobilística do Brasil, por mais pequeno que esse gesto possa representar pra todo o contexto histórico. Mas, quando cada um faz uma pequena parte, ganha-se no todo. Eu realmente sinto que estou trazendo um item histórico de volta à vida. Talvez se eu não o tivesse encontrado pela Internet, no interior de Taubaté-SP e estivesse restaurando ele agora, provavelmente o carro se perderia e iria acabar no ferro-velho. É como se ele estivesse recebendo uma segunda chance. É isso que me motiva, como amante de carros antigos e de história.
Carros como este VW ainda são comuns do Brasil, mas a maioria está descaracterizada. Mesmo assim, é mérito do Fusca ser um carro que, mesmo depois de 40 ou 50 anos de tantos mal tratos, ainda consegue resistir. Você acha que os carros de hoje estarão sequer inteiros daqui a 50 anos? É pouco provável. O caso é que esses modelos correm o risco de desaparecer por conta da tal renovação da frota no Brasil. Da forma como é feita, os Detrans estarão condenando esse tipo de carro à reciclagem num futuro bem próximo, pegando no pé dos proprietários e aprendendo os veículos ao menor sinal de irregularidade. A placa preta, de certa forma, evita um pouco esse processo, uma vez que os carros que as possuem estão, teoricamente, dispensados de obedecer todas as exigências de segurança, emissões e construção dos carros atuais. A desculpa do governo é a poluição que os carros antigos produzem. Oras, a idade média da frota no Brasil é de cerca de 8 anos apenas. E, dos 80 milhões de veículos que temos, apenas cerca de 2% são considerados antigos. Ou seja, encher o mercado com um monte de carros novos vai poluir até mais do que manter os antigos rodando. É mais ou menos o que aconteceu na Europa. Só que agora, os europeus querem ter Fuscas e Kombis e não conseguem encontrar, porque os governos já reciclaram todos. E isso faz com que mesmo os alemães, criadores dos VW, venham ao Brasil buscar esses carros para restaurar por lá. O valor histórico não foi respeitado nesses países e corremos o risco de ter o mesmo sendo feito aqui. Mais um motivo para valorizarmos nossos antigos e tentarmos recuperar todos quantos pudermos.
Mas enfim, discussões políticas à parte, vamos ao que interessa. Depois de conhecer a oficina e fazer o orçamento, já deixei o carro lá no mesmo dia. Era um sábado e o carro ainda iria aguardar uns dias na "fila" até poder ser desmontado. Confesso que foi meio difícil deixá-lo lá, mas sabia que seria por um bom motivo.
Fuscão em frente à oficina |
01/02/2014
Depois de deixar o Fuscão na oficina, voltei uns dias depois para ver como seria o início dos trabalhos. Antes de fazer qualquer coisa, resolvemos dar um banho quente no carro para retirar toda a sujeira e a gordura que fica impregnada no chassi e na lataria. De certa forma, essa limpeza ajuda a expor defeitos mais gritantes que possam existir ou revelar boas notícias em relação à estrutura. No meu caso, o resultado foi positivo. Após o banho, pudemos confirmar como o carro estava bom em termos de suspensão e lataria, algo que já sabíamos. Agora temos uma ideia melhor em relação ao tamanho do esforço que será necessário na restauração.
Assoalhos e suspensão em muito bom estado após o banho quente |
Traseira também está em ordem |
Motor, agora limpo, revela todas as partes que precisarão de pintura |
04/02/2014
Antes de iniciar a desmontagem do carro, estive novamente na oficina para acertar os últimos detalhes e dar início ao trabalho. Tudo certo, era hora de realmente ver o Fuscão montado pela última vez, como mostra a foto abaixo, tirada na garagem do proprietário da oficina. A partir de agora, ele só vai estar inteiro de novo depois de alguns meses. O curioso é que o banho quente dá a impressão, pela foto, de que o carro não precisa de restauração. Muitos amigos me disseram o mesmo. Mas reparem na diferença de cor dos para-lamas e em itens como os estribos e faróis, que não são originais. Por isso eu sempre digo que foto engana e melhora a aparência de qualquer carro. Ao vivo, ele sempre está pior. Era o caso do meu.
Última foto do Fuscão inteiro antes da desmontagem |
Se meu Fusca falasse, ele diria que está com aquele frio na barriga agora...